A alta do preço do chocolate impactou na produção e venda dos pequenos empresários e das pessoas que aproveitam essa época do ano para fazer uma renda extra. Não subiu só o custo do chocolate, que é a matéria-prima principal, mas também os insumos muito utilizados nas receitas de Páscoa, como o leite condensado, o creme de leite, o pistache e os ovos.

A gerente da Moranguinho Bolos e Doces, Bruna Teuber, de 31 anos, trabalha com encomendas de sobremesas há 12 anos. Com o aumento do chocolate, o cardápio precisou ser adaptado para oferecer opções de todos os valores para os clientes nesta Páscoa. “Este ano nós fizemos várias opções de lembrancinhas, como os ovos tablete (que são ovos bem finos, com nozes, frutas e decorações diversas), os mesmos ovos que fazíamos nos anos anteriores, mas com tamanhos menores, e os ovos recheados (de colher)”, conta Bruna.

A confeiteira e proprietária da Que Amor! Doces Artesanais, Juliana Biasi, de 37 anos, trabalha com chocolateria para festas (doces finos) e na época da Páscoa tem um cardápio especial. A alteração e inovação para opções que levam menos chocolate também foram uma saída. “Eu ofereço as taças recheadas, que têm uma quantidade de chocolate um pouco menor do que as cascas normais. Eu faço casca de brownie, que vai uma quantidade bem menor de chocolate, e já é um produto muito aceito pelos clientes. E também os ovos de colher, que são só uma metade, o restante do ovo é o recheio e a decoração”, explica Juliana.

Com a situação atual do mercado, para continuar com preços competitivos, Juliana precisou não repassar o valor total da alta dos insumos para os clientes a fim de manter as vendas. “A ideia é que os preços sejam mais atraentes do que os preços do mercado, que as pessoas optem pelo caseiro, artesanal. Mesmo assim, o número de vendas caiu e eu precisei reduzir a margem de lucro para ter um preço mais competitivo, então consequentemente, no final, o faturamento também é menor”, observa.

Buscar outras formas de economizar também é uma opção. O autônomo Anderson Damião Souza, de 30 anos, vende ovos de Páscoa há sete anos. Neste ano, precisou se esforçar mais para encontrar chocolates com preços razoáveis.“Eu comecei a procurar mais promoções para conseguir um preço bacana para os meus clientes”, conta. Apesar do esforço, houve um aumento nos produtos. “Eu expliquei o motivo do aumento do chocolate, alguns clientes aceitaram e quiseram, outros não”, descreve Souza.

A alta do produto gera um grande impacto. “Para se ter uma noção, o chocolate genuíno, branco, nobre, que ano passado eu paguei se não me engano R$ 90 em dois quilos, este ano está R$ 200”, observa Souza. “O pistache teve um aumento absurdo, custava em torno de R$ 90 a R$ 120, e hoje você acha por R$ 400 o quilo”, diz Juliana.