Cuidar de um cachorro ou gato é uma atividade que exige paciência e organização. Em cada fase de desenvolvimento, os animais precisam de cuidados diferentes. Com a idade, esses processos são ainda mais necessários. O ideal é que animais, considerados idosos a partir de 7 anos de vida, realizem exames de acompanhamento semestralmente.

A busca por cuidados geriátricos deve ocorrer antes mesmo do animal desenvolver algum problema, como forma de garantir a qualidade de vida. Estudos da Universidade Federal de Goiás apontam a anemia como uma condição comum em cães nessa faixa etária, reforçando a importância do acompanhamento veterinário e da realização de exames de sangue. Outras condições como o aumento do baço e a falta de regulação da produção de hemoglobinas também aparecem bastante em animais com idade avançada.

Segundo o veterinário geriátrico Celso Soares, uma das maiores preocupações com os animais idosos é a saúde bucal. É necessário oferecer ração própria para a idade, quando os grãos da ração são mais macios. Também é possível oferecer alimentação natural composta de legumes e carnes cozidas em água e sem temperos. A quantia varia de acordo com o tamanho do animal, um médico veterinário pode ser consultado para a indicação de uma dieta correta.

Ainda na saúde bucal, é comum que animais idosos sofram com o acúmulo de tártaro e com a queda dos dentes. A escovação é um hábito que pode ser praticado em qualquer idade, quanto antes for inserido, maior será a aceitação. A escovação é recomendada tanto para cães quanto para gatos.

Outra preocupação é com a atividade física do animal. Cachorros devem ser levados para passeios frequentes, porém a velocidade do caminhar pode ter de ser reduzida. Já no caso dos gatos, o ideal é incentivar o animal a brincar e oferecer estímulos diferentes, o que é uma boa opção.

De acordo com a médica veterinária Carolina Mendonça, diretora de comunicação da Sociedade Brasileira de Geriatria Veterinária (SBGV), os cuidados com cães idosos devem acontecer antes de possíveis doenças, de forma a aumentar a qualidade de vida dos animais.

Além disso, uma das principais preocupações da SBGV é divulgar a especialização em veterinária geriátrica, já que atualmente há poucos profissionais atuando nessa área. A procura por esses especialistas vem crescendo, à medida que os tutores passam a reconhecer a importância de garantir qualidade de vida aos animais na fase final da vida.

Adoção

Ainda que o mercado pet esteja aquecido, enfrentamos antigos problemas, como o abandono e a presença de animais em situação de rua. Quando se trata de animais idosos, o cenário é ainda mais alarmante, já que dificilmente um pet mais velho é adotado. Segundo Vanderlei Martinez, presidente da Organização Não Governamental Spaso, em seus 39 anos de atuação na instituição, nunca um animal idoso foi adotado.

“A cada um real investido em saúde animal, 42 seriam economizados em saúde humana. Uma vez que os animais podem adquirir diversas zoonoses. Os cuidados com os animais, além de assistencialismo, se trata de saúde pública”, acrescenta Vanderlei.

Na instituição, atualmente, estão diversos animais idosos, como Negão, que foi abandonado. Ele tem, aproximadamente, 20 anos e está há cinco na instituição. Outro caso notável é o de Bochecha, um gato que morou por diversos anos no local e nunca foi adotado.

O médico veterinário Jorge Alberto, que atua na instituição, falou sobre a importância da adaptação da casa para receber animais mais velhos, como por exemplo a colocação de tapetes e passadeiras antiderrapantes para evitar que os animais escorreguem em sua área de maior circulação e próximo a sua cama. Meias antiderrapantes também podem ser utilizadas.

Feiras de Adoção

A Associação Abrigo Temporário de Animais Necessitados (AATAN) realizará uma feira de adoção de cães e gatos no Paço Municipal, no dia 27 de abril, das 9h às 13h. (Vernihu Pereira)