Volatividade
Pesquisa mostra variação de até 205% no preço de comida
Levantamento ocorreu em supermercados da cidade nos dias 22 e 23 de abril

Os consumidores de Sorocaba que buscam economia têm um motivo a mais para pesquisar antes de ir às compras. Um levantamento realizado pelo Laboratório de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade de Sorocaba (Uniso) apontou variações de preços que chegam a 205% entre os supermercados da cidade, considerando itens básicos da alimentação e de higiene pessoal.
A pesquisa, realizada nos dias 22 e 23 de abril, destacou diferenças significativas. O maior exemplo foi o vinagre de álcool de 750 ml, que variou de R$ 2,59 a R$ 7,89, um aumento de 205% entre o menor e o maior preço encontrado. A salsicha de 1kg também apresentou alta discrepância, sendo vendida entre R$ 9,90 e R$ 29,58, o que representa uma diferença de 199%.
Entre os alimentos frescos, destaque para o filé de merluza, cujo preço variou 119%, encontrado entre R$ 26,05 e R$ 57,00. A carne suína tipo paleta teve oscilação de 86%, com preços de R$ 13,98 a R$ 25,99. Já o quilo do tomate registrou variação de 61%, oscilando entre R$ 9,95 e R$ 15,99.
Outros produtos com grande diferença de preços são: Cará (1kg): variação de 164% (de R$ 7,49 a R$ 19,80); cebola (1kg): 90% (de R$ 4,19 a R$ 7,98); alho (200g): 62% (de R$ 7,40 a R$ 11,98). batata (1kg): 57% (de R$ 6,35 a R$ 9,99); e a carne de segunda — tipo costela (1kg): 55% (de R$ 18,98 a R$ 29,49).
Para o economista Marcos Canhada, coordenador da pesquisa, essas diferenças são influenciadas, em muitos casos, por promoções pontuais e estratégias de estoque dos supermercados. “No caso da cebola e do alho, a variação se deve a ofertas específicas relacionadas à gestão comercial e à necessidade de escoamento de produtos estocados”, explica.
A análise do filé de merluza, segundo ele, é emblemática. “Estamos em período pós-Semana Santa, quando a demanda por pescados tradicionalmente cresce. Com o fim da data, supermercados buscam liquidar o estoque remanescente, gerando ofertas agressivas e, consequentemente, grandes variações de preço”, afirma Canhada.
Datas sazonais
O economista Marcos Canhada destaca que eventos sazonais, como Páscoa e Natal, são momentos em que as variações de preço se tornam mais evidentes. “Assim como ocorre com os ovos de Páscoa logo após a data comemorativa, produtos ligados ao consumo típico da época, como peixes e chocolates, tendem a ter queimas de estoque, o que explica parte da volatilidade observada”, explica.
Cenário incerto
Apesar de algumas boas perspectivas para a economia agrícola, como uma safra de grãos mais favorável em 2025 em comparação ao ano anterior, como prevê o governo, Marcos Canhada alerta que o comportamento futuro dos preços ainda depende de diversos fatores, muitos deles imprevisíveis.
“A diminuição no preço internacional do petróleo é um alívio, pois reduz custos logísticos e pode conter parte da pressão inflacionária. No entanto, a influência do clima, como estiagens ou excesso de chuvas, e o cenário global de instabilidade geopolítica e comercial continuam sendo ameaças que podem afetar o preço dos alimentos no Brasil”, acredita.
Com isso, o economista reforça a necessidade de cautela: “As previsões ficam mais difíceis em um contexto de volatilidade tão acentuada. O consumidor precisa manter o hábito da pesquisa de preços para proteger o orçamento familiar”, conclui. (João Frizo - programa de estágio)