Press Enter and then Control plus Dot for Audio
Sorocaba, Sábado, 3 de Maio de 2025

Buscar no Cruzeiro

Buscar

Prejudicial

Uso excessivo de celulares preocupa especialistas

Problema se concentra entre crianças e adolescentes: quase 90% deles com até 10 anos possui aparelho

26 de Abril de 2025 às 20:00
O uso exagerado de telas pode causar sintomas como cansaço, ansiedade e até dores físicas
O uso exagerado de telas pode causar sintomas como cansaço, ansiedade e até dores físicas (Crédito: DANIEL GOUVEIA)

Basta uma caminhada pela rua, uma ida ao médico ou um simples passeio pelo shopping para notar: os celulares estão cada vez mais presentes nas mãos de todos. Segundo dados do IBGE, cerca de 87,6% da população com 10 anos ou mais possui aparelho de celular. Especialistas alertam para os riscos do excesso, especialmente entre crianças.

O uso exagerado de telas pode causar, tanto em adultos como em crianças, sintomas como cansaço, ansiedade e até dores físicas. Pesquisas também associam o hábito ao envelhecimento precoce da pele e ao aumento de problemas oculares, como a miopia. A saúde mental também está na lista de preocupações.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que crianças de até dois anos não sejam expostas a nenhum conteúdo vindo de telas. Já dos dois aos quatro, a recomendação é que o uso não ultrapasse uma hora.

O governo brasileiro lançou, em 2025, o Guia sobre usos de dispositivos digitais. Neste documento, temos as instruções de manter a supervisão sobre os conteúdos consumidos pelas crianças e de limitar o uso a três horas diárias para adolescentes - evitar o uso durante as refeições e duas horas antes de dormir, para todas as idades.

No ambiente escolar, a preocupação ganhou força, e o governo brasileiro recentemente aprovou uma lei que restringe o uso de celulares nas escolas. A medida gerou debates entre educadores, pais e especialistas.

Celulares e educação: debate em sala de aula

Segundo o psicólogo professor mestre Ednilton Santa-Rosa, as telas podem ser utilizadas como recurso pedagógico, mas necessitam de mediação ativa dos professores para que uma cultura digital saudável possa ser implementada, e aponta que o uso descontrolado pode comprometer a atenção e a memória, aumentar níveis de ansiedade e irritabilidade. E até gerar problemas sociais, como o isolamento social e o aumento de bullying. Ainda de acordo com o profissional, “a redução do uso livre de telas é uma medida protetiva e formativa”.

Por outro lado, uma professora do ensino médio, que preferiu não se identificar, defende o uso dos celulares nas escolas, especialmente no ensino médio. Segundo ela, a proibição gera um “efeito rebote” no qual as crianças passam muito mais tempo nos aparelhos, quando são autorizados a utilizar, normalmente na volta para casa. Ela ainda aponta que os índices de leitura dos alunos diminuíram após a retirada do celular. Hoje em dia, os jovens consomem muitos conteúdos online - como jornais, livros, revistas - a retirada desta ferramenta gera uma desconexão com as notícias cotidianas e diminui o acesso a livros.

A professora aponta que é necessário o acompanhamento para que o celular não se torne uma dependência emocional, porém a retirada diminui a criatividade e as referências.

Diferença entre as telas

Quando usamos a palavra “telas”, o celular é o primeiro que vem à cabeça, mas não podemos esquecer dos demais aparelhos eletrônicos, como a televisão e o videogame.

A televisão tende a ser o mais previsível, uma vez que é possível ter maior controle da programação. Já o videogame, promove a hiperestimulação, mas tende a trazer benefícios como a concentração e a coordenação motora. Já os celulares e os tablets tendem a ser os mais problemáticos, uma vez que são utilizados muito perto do rosto, são portáteis, estimulam o uso solitário e permitem assistir a muitos conteúdos em pouco tempo, o que estimula a produção de dopamina, neurotransmissor responsável pela sensação de prazer, que pode levar ao vício. (Vernihu Oswaldo)