Prefeitura se defende de erro no BRT atribuindo falha a ‘governo anterior’
Problema fará com que a rota dos veículos do BRT seja alterada para a rua Professor Toledo. Crédito da foto: Vinícius Fonseca (21/7/2020)
A Prefeitura de Sorocaba decidiu se manifestar após o jornal Cruzeiro do Sul divulgar que o trajeto do BRT Sorocaba precisou ser alterado na região da avenida General Osório por erros de planejamento. Os veículos articulados de 3,5m são mais altos que o pontilhão da Ferrovia Paulista S.A. (Fepasa), ao lado da Praça da Bandeira, entre as avenidas General Osório e Afonso Vergueiro. Por isso, a rota do ônibus rápido precisou ser alterada para a rua Professor Toledo, no Trujillo.
Em nota, a atual gestão do Poder Executivo atribuiu a falha ao governo anterior, do ex-prefeito José Crespo (DEM), cassado pela Câmara em 2 de agosto de 2019 por irregularidades político-administrativas e sucedido por sua então vice-prefeita, Jaqueline Coutinho (PSL).
Confira a nota da Prefeitura de Sorocaba:
“Quanto à mudança no trajeto do BRT Sorocaba, que previa a passagem sob pontilhões da cidade, é importante esclarecer que o projeto inicial foi concebido e autorizado pela gestão do ex-prefeito José Crespo. No final de 2019 a atual gestão municipal negou ao Consórcio BRT o início das obras naqueles locais, justamente, por ter sido constatada a inviabilidade do trajeto por conta de suas concepções viárias e operacional errôneas; já que a altura dos ônibus do novo modal é incompatível com a dos pontilhões.
A alteração do itinerário, bem como as consequentes intervenções viárias, são necessárias para corrigir aquilo de errado que foi acatado pela administração anterior, agente de autorização de início das obras do BRT. Importante ressaltar que ali passa o canal do córrego Supiriri, que no caso de rebaixamento da pista sob o pontilhão, para que fosse possível a passagem dos ônibus do BRT, esse canal seria afetado e o sistema de drenagem de águas pluviais no local sofreria prejuízos, refletindo em grandes alagamentos e transtornos em períodos de fortes chuvas.”
Crespo se defende
José Crespo durante visita à Câmara de Sorocaba. Crédito da foto: Fábio Rogério (10/10/2017)
O contrato do projeto de implementação do Bus Rapid Transit (BRT) foi assinado em 2018. Diante das acusações de erros da sua gestão no Palácio dos Tropeiros, José Crespo se defendeu dizendo que o BRT Sorocaba teria sido feito no final do governo do ex-prefeito Vitor Lippi (PSDB) e, por conta de “dúvidas de viabilidade”, o prefeito seguinte, Antonio Carlos Pannunzio (PSDB), não teria assinado o contrato, mesmo depois da licitação. “O meu governo restringiu o projeto, cancelando o eixo leste-oeste, tornando-o viável. Eu assinei o contrato e dei início à implantação”, garantiu Crespo.
O democrata esclareceu que problema da altura do viaduto na Praça da Bandeira poderia ser resolvido com o rebaixamento do solo e bocas de lobo, pagas com o próprio orçamento do contrato. “Essa crítica do atual governo não passa de subterfúgio. Se alguém contestar o acima, desafio essa pessoa para debate público”, disparou. Questionado sobre sua sucessora, José Crespo se limitou a dizer: “sem comentários sobre Jaqueline”.
Luiz Alberto Fioravante foi presidente da Urbes - Trânsito e Transportes e titular da Secretaria de Mobilidade e Acessibilidade (Semob). Crédito da foto: Vinícius Fonseca (6/3/2020)
Um dos responsáveis pela implementação do modal na cidade, o ex-presidente da Urbes -- Trânsito e Transportes e ex-titular da Secretaria de Mobilidade e Acessibilidade (Semob), Luiz Alberto Fioravante, criticou a tentativa de Jaqueline Coutinho de se distanciar da gestão anterior. “Ela tem de lembrar que ela também é do governo José Crespo, ela era vice-prefeita. Quantas vezes ela foi ver os canteiros do BRT, é uma obra que foi muito fiscalizada. Agora querer jogar em cima de nós dizendo que nós fizemos besteira é ruim”, disse o gestor.
Planejamento
Conforme defendeu Fioravante, quando o projeto do BRT Sorocaba foi aprovado no município, o Poder Executivo tinha o aval técnico de suas secretarias responsáveis que demonstrariam que a redução da malha asfáltica não impactaria no pontilhão da Fepasa e nem na drenagem do córrego do Supiriri.
À época da assinatura do convênio, o responsável da Secretaria de Conservação, Serviços e Obras (Serpo) era Fábio Pilão. Ele explicou que a solução encontrada foi do rebaixamento da via sob o pontilhão, aumentando a altura útil para os veículos. “Houve uma reunião entre Urbes e Serpo onde definiu-se que seria feito o rebaixamento da pista para permitir a passagem dos carros”, relembrou.
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Para o ex-chefe da pasta, a mudança no projeto estaria relacionada a questões políticas. “A grande questão é que é uma obra cara, de grande impacto no trânsito e na vida da cidade. A atual administração não quer arcar com o prejuízo político, haja vista à época que estamos”, avaliou Pilão.
Sobre a solução encontrada por seu antecessor, a atual gestão da Prefeitura de Sorocaba argumentou que a passagem do córrego do Supiriri impossibilitaria qualquer obra de rebaixamento da pista, uma vez que ela afetaria o sistema de drenagem de águas pluviais, causando alagamentos na área durante o período de fortes chuvas. (Wesley Gonsalves)