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Zoológico no escuro: uma experiência inesquecível para a criançada

Com coragem e muita curiosidade, o passeio noturno no "Quinzinho" é uma verdadeira aventura

13 de Março de 2022 às 00:01
Jéssica Nascimento [email protected]
Garotada participou do curso de férias Animazoo em janeiro deste ano.
Garotada participou do curso de férias Animazoo em janeiro deste ano. (Crédito: JÉSSICA NASCIMENTO)

Observar os animais, conhecer novas espécies, manter contato com a natureza. Tudo isso é possível durante um passeio pelo Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros. Aventura e diversão são garantidas em uma visita ao zoo. Mas já imaginou como seria dar uma volta pelo espaço durante à noite, no escuro? Quando o sol vai embora, o silêncio e a escuridão tomam conta do parque, o que garante uma experiência bem diferente das visitas diurnas. Com um pouquinho de coragem e muita curiosidade, o passeio noturno pode se tornar uma verdadeira aventura.

O Cruzeirinho acompanhou um grupo de crianças e adolescentes que embarcaram nessa jornada de diversão e aprendizagem durante o curso de férias Animazoo, que ocorreu em janeiro deste ano. Em uma noite de quarta-feira, o grupo se encontrava, por volta das 19h, no portão de acesso exclusivo aos colaboradores do zoo. Ali começava a aventura noturna pelo zoo. Depois de receber algumas orientações sobre os cuidados que devem ser tomadas durante a visita, os participantes iniciaram um tour pelos recintos dos animais com hábitos noturnos -- aqueles bichos que se apresentam ativos durante a noite e que repousam durante o dia.

Mas você sabe quais são esses animais? Algumas espécies de aves, mamíferos, felinos, anfíbios e até de insetos se enquadram nessa categoria. No zoo, o grupo avistou cerca de 15 espécies diferentes com hábitos noturnos, como anta, ouriço, hipopótamo, macaco-da-noite, jacaré-do-papo-amarelo, veado-catingueiro, tamanduá-bandeira, gato-do-mato, onça-parda, onça-pintada, tigre, raposinha e lobo-guará. E o que todos eles têm em comum? Os sentidos mais aguçados. A maioria dos animais que se apresentam ativos durante a noite possuem sentidos de audição, visão e olfato altamente desenvolvidos e adaptados para tirar o máximo da baixa iluminação noturna. Legal, né?

Hipopótamos dormem com olhos, narinas e orelhas fora da água. - JÉSSICA NASCIMENTO
Hipopótamos dormem com olhos, narinas e orelhas fora da água. (crédito: JÉSSICA NASCIMENTO)

E tem mais. Os animais com hábitos noturnos fazem parte da cadeia alimentar, já que os principais fatores que influenciam os hábitos de vida dos animais são a competição e a predação. Isso quer dizer que ser ativo a noite é uma forma de evitar a competição por recursos, como abrigo e alimento, por exemplo. Quem explicou essas características foi a técnica ambiental Peônia Brito de Moraes Pereira, responsável pela Educação Ambiental no Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros. “É como se a gente dividisse a floresta em dois turnos: dia e noite. Os animais noturnos saem da toca, caçam e se alimentam a noite”, completa.

Durante a visita, que durou cerca de três horas, Peônia apresentou várias curiosidades sobre os animais e seus hábitos noturnos. Um dos aprendizados da noite chamou a atenção da garotada. Você sabe porque os olhos de alguns animais, como os gatos, brilham durante a noite? Isso é porque algumas espécies de aves e pequenos mamíferos, como o lobo-guará, possuem uma membrana nos olhos chamada “tapetum lucidum”, que traduzindo do latim para português significa “tapete brilhante”. Essa camada de células reflete a luz que entra nos olhos dos animais e melhora a visão em condições de baixa luminosidade.

Lanternas foram cobertas com celofane vermelho para não estressar bichos. - JÉSSICA NASCIMENTO
Lanternas foram cobertas com celofane vermelho para não estressar bichos. (crédito: JÉSSICA NASCIMENTO)

Como os humanos não possuem essa membrana, nossa visão não é tão boa durante a noite. E para conseguir enxergar o caminho e os animais, o grupo usou lanternas. Mas para não estressar os bichos com hábitos noturnos e nem acordar os animais com hábitos diurnos, as lâmpadas foram cobertas com papel celofane vermelho. Isso porque, segundo Peônia, a luz vermelha incomoda menos os habitantes do zoo. Além disso, as lanternas não podiam ser apontadas diretamente para os bichos. As luzes eram sempre direcionadas ao chão.

A luz do luar e do céu estrelado também ajudou a garotada a enxergar os bichos. O casal de hipopótamos idosos, que já teve 10 filhotes no zoo, estava só com os olhinhos, narinas e orelhas para fora da água. Cheios de charme, os dois impressionaram os visitantes. A onça-parda aparentemente não gostou muito de receber visitas e soltou até alguns rugidos. A garotada levou um susto e caiu na risada, baixinho, claro, para não acordar os outros bichos. Arisca, a onça-pintada ficou em cima de um tronco observando o pessoal que visitava seu recinto. Já o tamanduá-bandeira não quis dar o ar da graça e nem apareceu no recinto nas duas vezes em que o grupo passou pelo local.

Os irmãos Kauã e Renan Negretti de Souza, de 11 e 12 anos, respectivamente, ficaram surpresos ao conhecer o zoológico durante a noite. Os meninos, que estavam ansiosos para a atividade, adoraram passear pelo zoo e conhecer os hábitos dos animais. “Eu achei um pouco assustador, mas foi bem legal. O que mais gostei foi a oncinha”, conta Kauã. Já Renan ficou impressionado ao ver os bichos acordados durante a noite, inclusive a onça. “Parecia que ela iria dar o bote, mas assim que viramos ela veio e ficou andando pelo recinto, pertinho da gente. Eu nunca tinha imaginado como seria o zoológico à noite. Foi uma surpresa inédita para mim”, afirma.

Visita de três horas ensinou sobre hábitos noturnos dos animais. - JÉSSICA NASCIMENTO
Visita de três horas ensinou sobre hábitos noturnos dos animais. (crédito: JÉSSICA NASCIMENTO)

Mesmo sabendo que alguns animais têm hábitos noturnos, a Camila Bonadia, de 14 anos, estava ansiosa para conhecer o zoológico à noite. “É diferente estar aqui e conseguir ver os bichos de perto. A gente se sente como um biólogo mesmo”, destaca ao dizer que gostou muito de ter participado do curso de férias do zoo. O Lucas de Souza Almeida, de 11 anos, também adorou a visita. “No início eu fiquei com um pouco de medo, mas depois foi muito legal. A parte mais divertida foi quando vimos as antas”, conta, destacando que o seu animal preferido foi o jacaré, que estava só com os olhos para fora da água.

Os irmãos Bernardo e Pedro Henrique Gomes Martins, de 11 e 12 anos, respectivamente, se divertiram muito em cada etapa do passeio. Para Bernardo, foi muito legal ver os animais e fazer a visita noturna. “Eu pensei que seria bem diferente, que todos os animais ficavam dormindo à noite. Não achei que alguns bichos ficavam acordados”. Já Pedro Henrique não imaginou que os animais ficavam totalmente no escuro. “Eu pensava que teriam algumas luzes, mas não tinha. A gente teve que usar lanternas. É muito legal ver os hábitos dos animais noturnos. Não sabia que eles ficavam perambulando. Eu me diverti muito, muito, muito mesmo”, finaliza. (Jéssica Nascimento)

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