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Jovens sonham ser o 'Neymar dos games'

20 de Março de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Brasil está entre os três principais países com mais downloads do Free Fire.
Brasil está entre os três principais países com mais downloads do Free Fire. (Crédito: REPRODUÇÃO)

Poderia dizer Neymar ou Vinícius Junior, mas quando o adolescente Yan Araújo é perguntado sobre seus ídolos, ele responde sem hesitar: “Nobru e Cerol”, dois jogadores de Free Fire, um videogame que está na moda nas favelas brasileiras. Longe da bola, no País onde o futebol é rei, cada vez mais jovens como Yan sonham em se tornar profissionais dos games, ou E-Sports.

Com a destreza de um guitarrista virtuoso, ele desliza os dedos pela tela do celular. Não é apenas um jogo, mas um treinamento para construir o seu sonho. “Tenho um sonho que é esse... jogar Free Fire, ser conhecido e poder ajudar outras pessoas”. Junto com outros cinco jovens de uma favela a meia hora do centro de Brasília, ele foi campeão do Distrito Federal em 2021, na Taça das Favelas, torneio organizado pela ONG Central Única de Favelas (Cufa).

No Free Fire, até 50 jogadores saltam de paraquedas em uma ilha em busca de armas e artefatos e devem, em equipe, eliminar os demais jogadores. Os requisitos são simples: basta um celular com conexão à internet. O jogo foi desenvolvido em 2017 por uma empresa vietnamita, e o Brasil está entre os três principais países com mais downloads. E transformou os melhores em profissionais e influenciadores. Alguns como Bruno “Nobru” Goes, que tem 13 milhões de seguidores no Instagram, transmitem seus jogos online, atraindo o interesse de marcas e gerando dinheiro com visualizações e patrocínios.

Aos 21 anos, “Nobru”, nascido em uma favela de São Paulo, ganhou tanta notoriedade que ficou conhecido como o “Neymar do Free Fire”. Sendo o mais popular do Brasil, fatura dois milhões de reais por mês. “(Nobru) é praticamente um Neymar do jogo. Ele veio de uma favela pequena, trabalhou muito e isso deu resultado. Há muito trabalho e esforço, de madrugada jogando, e hoje ele está aí”, explica Yan Araújo, sem esconder a admiração.

Nas favelas, onde surgiram jogadores talentosos como Vinícius Junior, do Real Madrid, ou Gabriel Jesus, atacante do Manchester City, os treinadores percebem um maior desinteresse pela bola. “É cedo para dizer que a maioria está ficando com o videogame, mas a cada dia ele ganha mais espaço”, diz João de Oliveira, técnico de uma escolinha de futebol em um bairro nos arredores de Brasília.

Matheus da Silva, parceiro de Yan Araújo, garante que treina para um dia ser como “Bak”, apelido do brasileiro Gabriel Lessa no Free Fire. “(Bak) ganhou sete campeonatos nacionais. Ele é como (Lionel) Messi, que tem sete Bolas de Ouro”. (Da Redação, com AFP)