Cruzeirinho
Lauren Leal: orgulho e inspiração para a garotada
Zagueira da seleção brasileira feminina visitou alunos de escola em Votorantim
A Copa do Mundo Feminina acabou e, infelizmente, as meninas da nossa seleção não ergueram o trófeu na Austrália. Mas a edição deste ano foi muito especial para o interior de São Paulo e, mais precisamente, para a nossa região. Pela primeira vez pudemos torcer por uma jogadora que nasceu e cresceu em Votorantim. Lauren Leal é o nome dela!
Com o retorno para o Brasil, ela aproveitou alguns dias para ficar com a família e dar uns “rolês” por sua cidade antes de seguir com seus compromissos no futebol norte-americano. Em uma dessas “andanças”, uma surpresa para a garotada da EMEF Prof. Oscar Bento Mariano, no Jardim Tatiana. A zagueira da seleção brasileira conversou, deu conselhos para os alunos e tirou muitas fotos (isso não poderia faltar, até porque não é sempre que uma celebridade vai na nossa escola, né?).
Porém, antes da roda de perguntas e respostas começar, a turma teve uma aulinha sobre a Copa do Mundo Feminina e quem era a Lauren, entre outros pontos para terem conhecimento suficiente para escreverem cartinhas e perguntas certeiras. Tudo pronto, é hora de receber a “celebridade”. Muita gritaria e animação quando a galerinha viu a atleta de 21 anos descer as escadas da escola.
Depois da euforia passar um pouco, a Lauren começou a responder as perguntas. Alguns dos assuntos foram: como começou a jogar futebol, como era a infância dela em Votorantim, a proibição por muito tempo das meninas jogarem futebol (sim, isso aconteceu mesmo e ainda bem que acabou né?), quais países já foi como jogadora de futebol, como aprender outro idioma, entre outros.
“Adorei as perguntas, fiquei até surpresa com a qualidade delas por que eles ainda são crianças. Vou levar todas as cartinhas e cartazes que recebi e ler com calma. Foi muito especial receber esse carinho. Não esperava que teria tanta criança e tanta animação. É muito legal olhar e ver nos olhos delas brilho e carinho por mim. A minha vinda aqui também é muito importante para que elas possam ver que também conseguem, que eles podem ser o que quiserem, sejam atletas ou não”, disse Lauren Leal.
Uma das meninas que ficou atenta a tudo que era falado foi a Isabelly de Oliveira dos Santos, de sete anos. Ela contou que viu alguns jogos da seleção, mesmo sendo de manhãzinha; adorou o encontro e tirar foto com a zagueira. “Gostei bastante da Lauren aqui, ela até assinou a camiseta do Brasil que estou vestindo. Vou falar sim pros meus amiguinhos que conheci uma jogadora da seleção que nasceu na minha cidade que a minha”, disse a estudante do 2º ano A. Ela foi acompanhada de sua mamãe Damares.
Além de responder as dúvidas da criançada, óbvio que a jogadora não poderia deixar de propor um desafio. Alguns estudantes foram escolhidos para uma disputa de embaixadinhas e teve gente que mandou bem, viu! A defensora até ensinou algumas técnicas. O pessoal amou!
Voltando para as perguntas. Uma delas não poderia deixar de ser sobre o esporte feminino que, por um tempo, chegou a ser proibido no Brasil. O veto começou em 1941, quando o presidente da época, Getúlio Vargas assinou um decreto tirando as mulheres o direito de praticar esportes “incompatíveis com as condições de sua natureza”. A proibição foi retirada 42 anos depois e, apesar de ser liberado, tem muita gente que acha que futebol ainda não é coisa de menina.
“Eu fico chocada, ainda, como a sociedade pensa que futebol não é para menina, mesmo com todo acesso à informação que se tem. Quando uma das meninas estava tirando foto comigo me falou que ‘o amigo dela tinha falado que ela não podia jogar por que era menina’, aí falei para ela que não, que ‘você pode jogar e vai ser melhor que seu amigo ainda’. E é muito importante para essas meninas escutarem isso e assistirem à Copa do Mundo ou qualquer campeonato feminino, porque deve ter algumas que param de jogar porque acham que não podem ou param de fazer algo que gostam por achar que não pode. Mas é justamente o contrário, as meninas e mulheres podem ser o que quiserem ser, com determinação e foco pode-se ser tudo que sonhar e quiser”, aconselhou a zagueira.
Assim como a Marta -- jogadora reconhecida como melhor do mundo -- foi uma inspiração e referência para Lauren, a votorantinense se sente honrada em pensar que também pode se tornar inspiração para a criançada da cidade. “Às vezes eu não tenho dimensão o quanto uma palavra dita pra uma criança pode significar. Acho que na região foi muito legal o envolvimento do pessoal com a Copa. Mas é muito legal saber que com uma palavra ou gesto eu posso incentivar uma criança pra ela veja que é possível. E sim, espero sim ser uma referencia boa para elas”, conclui a atleta.
Mesmo não tendo o sonho de se tornar jogadora de futebol, a Gabriele Fernanda da Silva, de 11 anos, tem Lauren como sua inspiração. “Ela me inspirou a seguir meus sonhos, a não desistir mesmo com as dificuldades”, comentou a estudante do 5ºB, que levou sua irmã Sabrina Vitória da Silva, de 13, para também conhecer a jogadora. “Adorei conhecê-la”, disse.
Por fim, a Lauren pôde rever, nesse encontro, dois de seus professores na época em que dava os primeiras jogadas nos campinhos da cidade: a Renata Merighi e Maicon Martinez. É muito orgulho, hein!
Incentivo dos pais mudou a vida da zagueira
Para que a Lauren chegasse aonde chegou, a base foi muito forte. Se não fosse o apoio de seus pais e família, a jogadora, talvez, não tivesse nem passado nas peneiras do São Paulo, onde iniciou sua carreira. Por isso, ela também falou sobre isso com a gente. “A família é muito importante. Se meus pais e minha família não tivessem acreditado e apoiado eu não estaria aqui, não teria disputado uma Copa do Mundo. O apoio dos pais é fundamental. Incentivar seu filho a praticar um esporte ou deixar que ele faça o que gosta é muito importante.”
Aos papais: viram só que dica legal? Agora o papo é com vocês. Claro que a nossa atleta ia abordar o lado esportivo, mas o conselho dela é válido para qualquer habilidade e desejo da criança. A “brincadeira” de hoje pode ser a profissão do futuro. E para não esquecermos: brincar é legal, mas manter o foco nos estudos é essencial, viu? As duas coisas precisam se complementar. (Thaís Marcolino)
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