União e criatividade
‘Latinha Animal’: projeto uniu comunidade e sustentabilidade
Escola arrecadou 45 mil latinhas em seis meses
Na Escola Municipal Edward Frufru, situada no Jardim Botucatu, na zona norte de Sorocaba, o entusiasmo das crianças, o esforço de suas famílias e o comprometimento da equipe escolar provaram que, com união e criatividade, é possível superar barreiras. Foi assim que o projeto “Latinha Animal” nasceu e culminou em um dia inesquecível no Zoológico Quinzinho de Barros, marcado pela alegria e pela conquista de um objetivo coletivo.
A ideia que mudou tudo
No início do ano, durante uma reunião da Associação de Pais e Mestres (APM), surgiu o desejo de proporcionar aos alunos uma experiência fora da escola. Contudo, o desafio financeiro parecia insuperável. A comunidade atendida pela escola é humilde, mas a ideia veio à tona e foi abraçada rapidamente.
A solução veio de uma ideia simples, mas brilhante. Uma mãe, que já incentivava a filha a arrecadar latinhas para realizar pequenos desejos, sugeriu estender a prática para custear o passeio escolar. “Eu amei a ideia. Pedi um container para armazenar as latinhas e comecei a visitar sala por sala, incentivando os alunos a trazerem o que pudessem. Disse que valia latinha do churrasco, da feira, do condomínio, da calçada... E eles abraçaram o desafio com muita energia”, relembra a diretora da escola, Cintia Reis.
Com o nome “Latinha Animal”, o projeto foi oficialmente lançado em abril. A proposta logo ultrapassou as barreiras da escola e mobilizou toda a comunidade.
Empenho coletivo: de casa a rua, todos ajudaram
O esforço foi coletivo e, muitas vezes, divertido. Enrique, de 8 anos, contou com a ajuda da avó, que guardou as latinhas de um restaurante onde trabalhava. “Ela fechou o antigo restaurante e me deu todas as latinhas que tinha guardado, foram cinco sacos cheios!”, contou animado.
Já o pequeno Kayo, de 6 anos, virou um verdadeiro explorador de latinhas. “Eu peguei na rua, na minha casa, no mercado e até com alunos da minha mãe”, disse. Ele não escondia a empolgação de contribuir para o passeio.
Com o Pedro, 8, não foi muito diferente. A família dele tem uma chácara e lá foi o ponto principal de coleta. “Eu achava as latinhas na minha chácara depois das festas. Minha avó e meus primos me ajudaram bastante, mas eu consegui a maioria delas sozinho”, conta Pedro.
O projeto também transformou rotinas familiares. Camila Franciscon, mãe de uma aluna da EM Edward Frufru, destacou a animação da filha Lorena. “Onde ela via uma latinha, já queria pegar. No mercado, na rua, até nas festinhas ela dizia: “Não joga fora, vou levar para a escola! Foi lindo ver esse engajamento. Ela ficou muito feliz em saber que estava ajudando”.
Com o passar dos meses, a arrecadação ganhou proporções maiores. Os pais começaram a colaborar de forma mais ativa. Alguns buscavam latinhas em outros locais, enquanto outros ofereciam transporte para levar o material até o ferro-velho, onde o valor pago era maior. “Houve até pais que brincavam: ‘Agora tenho que parar o carro na rua toda vez que meu filho vê uma latinha na rua!”, recorda Cintia.
Em seis meses, a escola arrecadou impressionantes 750 quilos de alumínio, cerca de 45 mil latinhas.
Do esforço à conquista
No início, o plano era premiar apenas as turmas que arrecadassem mais latinhas com o passeio. No entanto, o engajamento foi tão grande que a arrecadação superou as expectativas, permitindo que a escola inteira fosse ao zoológico. “Eles conseguiram cobrir 80% do custo do passeio. Foi emocionante mostrar para eles que o esforço de cada um fez isso acontecer”, explicou a diretora.
Para muitas crianças, o passeio não foi apenas uma visita ao zoológico, mas uma oportunidade de sair do bairro. “Muitos alunos não tinham andado de ônibus, nunca tinham ido a outro lugar. Só o trajeto já foi uma aventura”, destacou Cintia.
Ao chegarem ao Quinzinho de Barros, a empolgação era contagiante. Entre aves, lontras e hipopótamos, os olhares brilhavam de curiosidade e fascínio. Monitores do zoológico alimentaram alguns animais e as crianças ficaram ainda mais encantadas. Ao final do passeio, um lanche - oferecido pela Secretaria de Educação - completou o dia perfeito.
Um aprendizado para a vida
Além de proporcionar uma experiência inesquecível, o projeto “Latinha Animal” deixou lições valiosas para os alunos. Eles aprendem sobre educação financeira, sustentabilidade e o impacto positivo do trabalho coletivo. “Mostramos que eles têm protagonismo, que podem conquistar grandes coisas com esforço e união”, afirmou a diretora.
O projeto também gerou reflexões ambientais. “Agora eles olham para as latinhas com outros olhos. Muitos falam que não vão deixar lixo na rua. É uma mudança de mentalidade”, completou.
Para os pais foi uma oportunidade de se conectar ainda mais com os filhos. “Foi emocionante ver minha filha tão envolvida, querendo fazer algo pela escola e pelos colegas. É um orgulho enorme”, disse Camila.
Um futuro promissor para o “Latinha Animal”
Com o sucesso do projeto, a escola já planeja continuar arrecadando latinhas no próximo ano, mas com novos objetivos. “Queremos criar novas metas, talvez comprar materiais ou organizar outros passeios. O importante é manter esse espírito de união e protagonismo”, explicou a diretora.
A EM Edward Frufru provou que ideias simples podem gerar resultados extraordinários. O projeto “Latinha Animal” não foi apenas uma forma de arrecadar recursos, mas também um movimento que transformou a escola, a comunidade e, sobretudo, a visão das crianças sobre suas capacidades e o mundo ao seu redor. (João Frizo - programa de estágio)
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