Guia Saúde
Fumar prejudica até o esqueleto
Fumaça inibe produção de células ósseas e acelera a osteoporose
A pessoa que fuma inibe a formação óssea, ao mesmo tempo em que aumenta a fragilidade do osso. O alerta é do ortopedista e pesquisador do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), Leonardo Rocha. Ele fez a declaração na segunda-feira (31), durante evento relativo ao Dia Mundial Sem Tabaco.
O médico informou que a questão principal do cigarro é referente aos efeitos que ele causa, principalmente no esqueleto. “A fumaça gera uma alteração nas principais células do esqueleto. A gente tem células que absorvem e outras que produzem o esqueleto. A nicotina tem ações diferentes. Nas células que produzem osso, ela diminui a formação de osso, e nas células que removem osso, ela estimula a ação. Daí o grande problema da alteração no esqueleto. A gente tem uma diminuição na formação e um aumento da remoção do osso”, explica Rocha. Por isso, se fala sobre fragilidade óssea em função do fumo.
“Nesses casos, ocorre uma alteração semelhante à osteoporose em pacientes adultos, mas também tem isso em jovens; isso independe da idade”, assegura Leonardo Rocha. Se o paciente é idoso, a osteoporose é agravada em função do tabaco. “Mas se a pessoa ainda é jovem, ainda não está na faixa etária da osteoporose, ela começa a ter uma fragilidade óssea, ou seja, uma osteoporose induzida pelo tabaco, uma fragilidade óssea induzida pela nicotina”, detalha o especialista.
Cicatrização
O ortopedista acrescenta que o tabagismo provoca um agravo muito importante em relação à cicatrização das feridas. “O tabaco influencia na cicatrização, ou seja, no fechamento da ferida, diminuindo a capacidade de cicatrizar o tecido quando é operado”, detalha. “Da mesma forma, nos pacientes fumantes, o tabaco tem tendência maior de levar a infecções da ferida e dos ossos.”
Além do efeito inicial sobre as células ósseas, Leonardo Rocha explica que em qualquer manipulação óssea, em função das células alteradas, o tabaco aumenta em 60% o tempo de consolidação de fraturas. “Elas demoram muito mais tempo para cicatrizar do que em uma pessoa não fumante”. O alerta também serve para os fumantes que estão à espera de próteses ou implantes. Segundo o ortopedista, esses pacientes ficam mais sujeitos a solturas e falhas e, em muitos casos, acabam necessitando de outras cirurgias.
Fumante passivo
Para o fumante passivo, o efeito da nicotina é o mesmo, assegura o médico do Into. Ele salienta que o que gera problema é a fumaça. “Quem estiver inalando essa fumaça, seja fumante ativo ou passivo, vai ter o mesmo problema. É preciso entender que isso independe de quantidade. Se uma pessoa fuma 20 cigarros por dia e uma pessoa não fumante está no mesmo ambiente fechado, essa pessoa está tendo absorção do mesmo quantitativo. Mesmo no caso de uma quantidade mais baixa de cigarros fumados, o efeito será igual sobre o não fumante, que está absorvendo a mesma substância pela fumaça.” O problema, destaca Leonardo Rocha, não é o tragar, mas a fumaça expelida.
Ao absorver a fumaça, 15% das células responsáveis pela condução do oxigênio são modificadas e deixam de funcionar adequadamente. Portanto, o prejuízo não será somente para a saúde de quem fuma, mas também para aqueles que convivem, os chamados fumantes passivos.
Cigarro eletrônico
O médico destacou também um fato novo ao qual não se dá o valor devido. Trata-se do cigarro eletrônico. “Por incrível que pareça, ele pode ter até 60 vezes mais nicotina do que o cigarro normal. Então, você potencializa esse efeito da nicotina no cigarro eletrônico”, diz o médico, lembrando que o produto não tem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. (Da Redação, com informações do Ito)