Primeira picape média da marca Fiat, a Titano chegou em março deste ano, mas ainda não conseguiu muito destaque por aqui. Entre os motivos, é importante esclarecer, teve a dificuldade enfrentada pela Fiat para importar a picape, pois a empresa sofreu com a “operação tartaruga” implantada por funcionários do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão que emite o licenciamento ambiental para os carros importados. Mas não foi só por isso e explico mais à frente.

A Titano nasceu de um projeto pronto, a Peugeot Landtrek, que seria lançada no Brasil, o que não aconteceu, principalmente depois que a marca francesa passou a fazer parte do grupo Stellantis, que é dona da Fiat também. Assim, a Fiat fez pequenos ajustes no projeto, mudou o logo e criou a Titano. Ela tem uma linha bem enxuta, formada por apenas três versões: Endurance, a de entrada e bem simples, a Volcano, que ilustra esta matéria, e a Ranch.

O desenho não surpreende, mas é bonito e robusto. Na frente, traz a grade que antecipa a nova linguagem visual da marca, tem faróis e assinatura DRL com iluminação de led na versão Ranch. Na Volcano, os faróis são halógenos - mas tem luz de neblina - as rodas são de liga aro 17, os retrovisores têm a mesma cor da carroceria, mas essa versão não traz o estribo lateral - acessório estratégico em uma picape desse porte que precisa ser comprado à parte.

A Titano tem medidas próximas das picapes deste segmento, mas é um pouco menor em comprimento. O entre-eixos é bom, com 3,18 metros, a caçamba comporta 1.314 litros e a capacidade de carga está no padrão, com 1.020 kg. Tem boa oferta de segurança, com seis airbags, alerta de saída de faixa - na Ranch -, e assistentes de descida e de partida em rampa, sistema de câmera de 180º (Volcano) e 360º (Ranch). Até aqui tudo certo com a proposta da Titano, concorda? Pois então, vamos falar do interior da cabine, que tem espaço traseiro bom e com saídas de ar-condicionado, e um ponto positivo: a versatilidade com seus encostos traseiros rebatíveis, o que permite criar um espaço para carregar volumes sobre o assento que suporta até 100 kg.

Já na frente, entrega conforto, o volante tem ajuste de altura e profundidade, o banco do motorista traz regulagem de altura (que na Volcano é manual), fechando uma condição positiva para o motorista. Mas é na frente que encontramos uma falta de brilho que pode ter prejudicado um pouco o seu desempenho de vendas. A direção tem assistência hidráulica, o painel de instrumentos é analógico, tem desenho que remete a modelos mais antigos e conta apenas com uma tela TFT de 4,2 polegadas no meio para as informações de computador de bordo.

A tela do multimídia é de 10 polegadas, a resolução é boa, mas também utiliza um grafismo simples e distante dos arrojados multimídias de outros modelos, inclusive da própria Fiat. Diferente ainda é a quantidade de comandos por botão, o que pode ser considerado interessante pela praticidade, mas é outro detalhe que vai contra o que se vê nas picapes desse porte agora. Sem contar que os botões são herança direta de carros da Peugeot lançados anos atrás.

Então, só falta falar de outro item fundamental para esse tipo de picape, a força do motor. A Titano utiliza o 2.2 turbodiesel de 180 cavalos e 40,8 kgfm de torque - já conhecido da Ducato, que, nas versões Volcano e Ranch, trabalha com o câmbio automático de seis velocidades. Na Endurance, o câmbio é manual de seis marchas e, por isso, o torque é menor, com 37,7 Kgfm.

As três versões contam com tração 4x4 com reduzida e bloqueio de diferencial traseiro. Ou seja, a Titano tem robustez para encarar um chão de terra difícil e com peso na caçamba. E, para andar bem no Brasil, recebeu ajuste específico no conjunto de suspensão, mas, na prática, andando com ela em diferentes situações, o que se nota é um comportamento que, outra vez, lembra as picapes de tempos atrás, com bastante trepidação em pisos irregulares e aquele tradicional pula-pula mais acentuado.

Um cenário diferente vemos nas atuais Hilux, S10 e, principalmente, na Ford Ranger. Mas, para ser justo, essa característica vai incomodar mesmo quem encarar a Titano como um carro de passeio, condição muito comum, atualmente. Para o trabalho de verdade, a história é diferente e pode ser considerado um ponto forte dela, ainda mais se a análise for feita com base na versão Volcano.

Posicionada como intermediária e bem equipada e robusta, a Volcano tem preço mais baixo do que o pedido pelas versões intermediárias das concorrentes diretas. E como agora a Fiat parece ter resolvido a questão das importações, a partir deste mês, será possível saber se a receita desenhada para a Titano vai funcionar bem por aqui.

Preço Fiat Titano

Endurance: R$ 219.990,00
Volcano: R$ 239.990,00
Ranch: R$ 259.990,00