OFEBAS
Max, o cão ‘aussessor’ da Ofebas, alcança nova etapa do treinamento e começa a interagir no salão de velar
A presença do cão no salão de velar é feita gradativamente, respeitando o bem-estar dele; Max tem o objetivo de auxiliar no acolhimento das famílias enlutadas

Há um ano, a Organização Funerária das Entidades Beneficentes e Assistenciais de Sorocaba (Ofebas) recebeu um novo membro em sua equipe: o Max. O cão foi integrado com o objetivo de oferecer uma nova forma de acolhimento aos enlutados e, desde então, iniciou uma importante etapa de treinamento. Aos poucos, a organização está promovendo a convivência do animal com as famílias que passam pelo salão de velar das unidades da funerária em Sorocaba. Em breve, Max também estará visitando a unidade de Votorantim.
Segundo Bruno Valle, adestrador e responsável pelo treinamento do Max, o foco agora está na modelagem comportamental e na obediência do cão para a função que ele irá desempenhar. “O treinamento inclui a apresentação gradual a estímulos em locais públicos e eventos, permitindo que o Max se acostume com diferentes situações e pessoas, visando, principalmente, seu bem-estar e conforto”, explica.
Para que o adestramento seja contínuo e o cachorro compreenda de maneira integral o funcionamento da entidade e as movimentações no salão de velar, o cão será acompanhado no dia a dia pelas anfitriãs. Uma delas é Elaine Salinas. A profissional conta que, quando soube que iria desempenhar a função, achou que seria complicado, mas tem sido uma atividade prazerosa. No dia a dia, ela é uma das responsáveis por conduzir os comandos direcionados ao Max, um processo conhecido como ambientação.
“A ambientação é crucial para o treinamento de cães em locais diferentes, pois permite que o animal se familiarize com novas situações e estímulos. Durante o processo de ambientação, é importante dar tempo ao cão para que ele reconheça o local, identifique os odores e se acostume com a atmosfera ao seu redor. Isso ajuda a transformar um ambiente desconhecido em algo comum e confortável para ele, evitando reações de medo ou confusão quando se depara com novas experiências”, complementa Bruno Valle.
Em um dos atendimentos de Elaine na unidade da zona norte, Max acabou sendo observado por uma família que estava velando um ente querido. “Ele foi muito bem acolhido pela família. Eu percebi que o ‘clima’ do ambiente mudou imediatamente, e isso só prova o quanto a vinda do Max traz bons sentimentos ao ambiente”, reflete a anfitriã do “aussessor”.
‘Simplesmente incrível’
Quem também teve a experiência de receber o acolhimento canino pela primeira vez foi a fonoaudióloga Karen Souza. Para ela, a experiência foi incrível, principalmente por ter sido algo inesperado. “Era um momento de muitas emoções. A tristeza de perder a presença física do meu avô, a espera pelo sepultamento -- que parece se arrastar muito mais do que o tempo real -- e a necessidade de tentar me manter forte para acolher minha mãe. Quando vi o Max, meu coração acelerou. Uma emoção tão gostosa e, ao mesmo tempo, um alívio por sentir a leveza da presença dele e finalmente conseguir chorar. Ele demonstrou tanta doçura conosco e com as crianças. Sem dúvida, foi um momento muito marcante para mim e para toda a minha família”, descreve.
A sensação vivenciada pela profissional está diretamente ligada ao propósito da Ofebas quando surgiu a ideia do “aussessor de acolhimento”. “Acreditamos que trazer o Max para o salão de velório transcende a simples companhia; ele se torna um canal de afeto puro e incondicional, capaz de despertar emoções positivas e promover uma troca terapêutica entre o ser humano e o pet”, explica a gerente geral, Patrícia Peixoto.
“A interação com um animal, seja por meio de um carinho, pelo olhar ou até mesmo pela simples presença dele, pode reduzir a ansiedade, diminuir a sensação de solidão e trazer um senso de paz em meio ao turbilhão de sentimentos. E isso é muito positivo quando estamos falando de um ‘velório’, onde predomina o sentimento de tristeza. Não se trata de minimizar a dor da perda, mas sim de oferecer um apoio emocional diferenciado”, complementa.
O que fazer quando encontrá-lo
Apesar de já se ter conhecimento dos benefícios que há entre a relação animal versus ser humano, as pessoas que encontrarem o Max no salão de velar precisam seguir algumas orientações, sobretudo por ele ainda estar em fase de treinamento, em um ambiente delicado, repleto de emoções diversas.
Conforme Bruno Valle, é importante respeitar o espaço do cão para que ele se ambiente ao local e também por se tratar de um espaço com muitas emoções. “As pessoas devem evitar interações excessivas logo de início. O cão deve ser deixado para explorar e se acostumar com o ambiente antes de receber carinho ou atenção. O objetivo é que ele se sinta confortável e seguro”, explica Bruno.
Além do papel que desempenha como “aussessor”, Max participa de daycare três vezes na semana para que possa gastar energia, brincar e interagir com outros animais.
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