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‘Encontros Culturais’ mostra obra e vida de Monteiro Lobato

16 de Abril de 2025 às 23:04
"O Sítio do Picapau Amarelo" é sua obra mais icônica (Crédito: DIMAS OLIVEIRA JÚNIOR)

A vida e a obra do escritor paulista Monteiro Lobato, pioneiro da literatura infantil brasileira, que encantou gerações de leitores com o universo do Sítio do Picapau Amarelo, retratando a realidade e a fantasia por meio de aventuras e descobertas infinitas, serão enfocadas no “Encontros Culturais” desta quinta-feira (17), a partir das 14h, no Gabinete de Leitura Sorocabano, que promove o evento, sob a coordenação do historiador e pesquisador José Rubens Incao.

Nascido em Taubaté, interior de São Paulo, em 1882, Lobato perdeu os pais ainda menino, sendo criado pelo avô. Apaixonado pela pintura, o escritor queria ser artista, mas o avô o envia a São Paulo, onde cursa Direito na Faculdade do Largo de São Francisco.

Durante os estudos formou um grupo de amigos, apaixonados pela literatura, colaborando em jornais e causando polêmica na faculdade ao criticar o ensino da época.

Herda a fazenda do avô e inicia um trabalho de desenvolvimento de novas técnicas agrícolas, sem grande sucesso. É nesse período que se depara com as grandes queimadas para a derrubada das matas e uso primitivo da terra. Revoltado com essa prática, envia artigo ao jornal O Estado de S. Paulo, onde faz violenta crítica ao caipira da época, abandonado à miséria, alcançando repercussão nacional.

Vende a fazenda, compra a Revista do Brasil e inicia uma revolução editorial no Brasil, criando editoras e publicando novos autores em edições bem cuidadas. Frente às poucas livrarias da época, promove um arrojado sistema de distribuição de livros, oferecidos às farmácias, armazéns e qualquer tipo de comércio interessado em participar. Com isso, alcança a divulgação e venda de grandes tiragens de obras de qualidade e preço acessível.

Sucesso

Em 1920, publica a obra A Menina do Narizinho Arrebitado, destinada às crianças, em edição ilustrada. Foi um sucesso. Assim, dá início a uma série de obras onde Emília, Visconde, Pedrinho, Narizinho, Tia Nastácia, Dona Benta, o porquinho Rabicó e tantos outros personagens passam a encantar gerações de crianças que se viam nas histórias, em um universo próximo e rural, diferentes dos poucos livros oferecidos para crianças até então, com histórias e personagens fora do universo brasileiro e altamente moralizantes.

A cada nova edição de suas obras e atento às centenas de sugestões que recebia, através de cartas de seus pequenos leitores, Lobato revisava seus livros, cortando e atualizando os textos, inclusive com a inclusão de personagens que se destacavam, como o marinheiro Popeye, a atriz Shirley Temple, Chapeuzinho Vermelho, Cinderela, Peter Pan e até um rinoceronte que era apresentado em circo na época, que foge para o Sítio do Picapau e acaba participando, também, das aventuras.

Impulsivo e apaixonado em tudo que se interessava, Monteiro Lobato, além de pioneiro da Literatura Infantil, revolucionário no parque editorial, batalhou pelas causas da industrialização brasileira, da exploração do petróleo nacional, da nova educação centrada na formação das crianças, sendo, inclusive, preso pela ditadura da época, por sua postura libertária e crítica frente às mazelas do Brasil de então.

Excelente contista, deixou vasta obra marcadamente regional, onde retrata a decadência de regiões paulistas devastadas pelo café e mau uso da terra.

Em Sorocaba

Na década de 1920, esteve em Sorocaba, avaliando os estragos de uma grande geada que devastou o Estado de São Paulo. Visitou o Gabinete de Leitura Sorocabano e doou uma de suas primeiras obras, O Saci. Nesta obra, dois sorocabanos: o então professor Luiz Gonzaga de Camargo Fleury e o engenheiro agrônomo Manoel Lopes de Oliveira Filho, grande amigo de Lobato.

Monteiro Lobato faleceu em São Paulo, em 4 de julho de 1948. Segundo o escritor Rubem Braga, “Lobato estava sempre acreditando em alguma coisa, e com veemência. Ele acreditava em Dona Benta, no Marquês de Rabicó, na Narizinho, em todo o seu povo encantado. Foi por isso que essa gente viveu e vive, e não deixará Lobato morrer: ficará ali contando as suas histórias dele. As histórias de um homem aventuroso, destemido, engraçado e bom.

Os Encontros Culturais acontecem toda semana, das 14h às 16h, com participação aberta a todos os interessado.

O Gabinete de Leitura Sorocabano está localizado na praça Coronel Fernando Prestes, Centro de Sorocaba. (Da Redação)