Preços dos combustíveis sobem pela 5ª vez este ano
O botijão de gás de cozinha terá hoje reajuste de 5,2% e acumula 17% este ano. Crédito da foto: Fábio Rogério / Arquivo JCS (19/2/2021)
Após dez dias da demissão do seu principal executivo, a Petrobras reajustou ontem os preços dos seus combustíveis nas refinarias. A gasolina fica 4,8% mais cara para as distribuidoras a partir de hoje; o óleo diesel, 5%; e o gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha, 5,2%.
Com esse reajuste, o quinto do ano, o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, reafirma a independência da sua gestão, que deve acabar no próximo dia 20. Sua demissão foi comunicada pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, pelas redes sociais, após o anúncio de reajuste, no dia 19, considerado excessivo pelo governo.
No centro das divergências entre o presidente da República e o executivo está, sobretudo, o preço do diesel, que, desde janeiro, acumula alta de 33,9% (a gasolina, 41,6% e o GLP, 17,1%). O combustível pesa no bolso de grandes consumidores, entre eles os caminhoneiros, uma das mais importantes bases eleitorais de Bolsonaro. Por causa do diesel, a categoria chegou a ameaçar repetir a greve histórica de maio de 2018, que parou o País.
O argumento de Castello Branco e sua diretoria, no entanto, é que, se não reajustar os preços, a empresa vai perder dinheiro, como aconteceu no passado. A estatal revê os seus valores nas refinarias à medida que a cotação do petróleo sobe no mercado internacional e também quando o real perde valor em comparação ao dólar. Essa é a Política de Paridade Internacional (PPI), adotada em 2016. A empresa não divulga, porém, as variáveis que utiliza para calcular o PPI e os seus prazos de revisão dos preços para se alinharem aos de paridade. Na verdade, nenhuma petrolífera no mundo divulga essa informação, porque isso anteciparia à concorrência dados estratégicos.
Pelos dados divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço do diesel da Petrobras ainda está abaixo do praticado no mercado internacional, o que justificaria o aumento de hoje. Já os da gasolina e do GLP estão acima.
O governo deve aumentar a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos bancos para compensar a desoneração do diesel e do gás de cozinha. De acordo com uma fonte da equipe econômica, essa é uma possibilidade que está na mesa.
A CSLL deve subir para ajudar a compor o mix de compensação de tributos para zerar a tributação dos combustíveis, promessa do presidente Jair Bolsonaro, com custo total em torno de R$ 3,6 bilhões.
Sorocaba
A ANP voltou a divulgar pesquisa de preços de combustíveis praticados em Sorocaba, o que não ocorria desde agosto de 2020. Os valores médios praticados na semana passada, entre os dias 21 e 27 de fevereiro, eram de R$ 4,45 o litro para a gasolina, R$ 4,074 para o diesel e R$ 88,85 para o botijão de gás (GLP). Os preços máximos eram R$ 5 (gasolina), R$ 4,29 (diesel) e R$ 100 (GLP). (Estadão Conteúdo e Redação)