Press Enter and then Control plus Dot for Audio
Sorocaba, Segunda-feira, 5 de Maio de 2025

Buscar no Cruzeiro

Buscar

Investigação

Presidente do INSS e diretores são afastados de seus cargos

Operação Sem Desconto, da PF, apura desvios que seriam de R$ 6,3 bilhões

23 de Abril de 2025 às 22:16
Alessandro Stefanutto é suspeito de participar de fraudes
Alessandro Stefanutto é suspeito de participar de fraudes (Crédito: RAFAEL NEDDERMEYER / ARQUIVO AGÊNCIA BRASIL (4/1/2024))

O presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, assim como outros integrantes do alto escalão do órgão, foram afastados do cargo por suspeita de crimes, segundo o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

Ontem (23) de manhã, a Polícia Federal deflagrou a Operação Sem Desconto, para investigar desvios de R$ 6,3 bilhões em benefícios pagos a aposentados e pensionistas. Segundo Lewandowski, foram apreendidos na operação carros, joias e quadros, além de dinheiro em espécie de “alto valor”.

“Por determinação judicial, foram afastados cautelarmente, por suspeita de envolvimento nesses crimes, que são vários, o presidente do INSS, o diretor de Benefícios de Relacionamento com cidadão, o procurador-geral junto ao INSS, o coordenador-geral de Suporte ao Atendimento ao Cliente, o coordenador-geral de Pagamentos e Benefícios. Foram apreendidos muitos bens, carros de luxo de alto valor, dinheiro em espécie, joias e quadros”, afirmou o ministro da Justiça.

Lewandowski destacou que a ação da PF “trata-se de uma operação de proteção dos aposentados”. Foram abertos 12 inquéritos policiais, expedidos 21 mandados de busca e apreensão e outros seis de prisões temporárias, dos quais três foram cumpridas.

O ministro pontuou que, sobre os valores descontados irregularmente, haverá um exame caso a caso, e que o dinheiro terá de ser restituído àqueles dos quais foi retirado indevidamente.

Entidades associativas

O ministro da Controladoria Geral da União, Vinicius de Carvalho, afirmou que a investigação da Operação Sem Desconto apontou que os descontos de mensalidades associativas concedidos pelo INSS saltaram de R$ 413 milhões em 2016 para R$ 2,8 bilhões em 2024. “Identificamos que a maioria de aposentados de uma amostra não reconhecia que havia autorizado descontos”, disse.

O diretor geral da PF, Andrei Rodrigues, afirmou que a investigação permitiu que fossem identificados alguns operadores financeiros e que um policial federal, que não teve a identidade revelada, prestava algum tipo de suporte ao grupo criminoso. “Aproveitando-se do cargo como policial federal, ele cometeu atos criminosos, portanto foi alvo de busca e afastado”, disse Rodrigues.

A apuração teve o seu início em 2023, com realização de auditorias em 29 entidades que tinham Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) com o INSS. A CGU identificou que as entidades não tinham estrutura operacional para prestar os serviços que ofereciam aos beneficiários e que 70% não tinham entregado a documentação necessária à entidade.

As entidades associativas alvo de medidas judiciais são: Ambec, Sindnap/IFS, AAPB , Aapen (anteriormente denominada ABSP), Contag, AADPS Universo, Unaspub, Conafer, ADPAP Prev (anteriormente denominada Acolher), ABCA/Amar Brasil e Caap.

Também foram feitas entrevistas com 1.300 aposentados que tinham descontos em folha de pagamento. Os entrevistados não identificaram a solicitação pelo benefício: não autorizaram ou disseram que acreditavam “ser um desconto obrigatório”. Vinicius de Carvalho destacou que os aposentados que quiserem questionar esses descontos, podem pedir exclusão de forma automática no aplicativo do INSS.

“Para além da decisão judicial, que suspendeu descontos para nove das entidades, estamos suspendendo acordos de cooperação técnica com essas entidades”, afirmou Carvalho. Ele disse ainda que precisa ser implementado um sistema de biometria do Dataprev para evitar esse tipo de fraude.

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, se pronunciou, dizendo que a indicação de Alessandro Stefanutto para a presidência do INSS é de sua “inteira responsabilidade”, mas evitou falar se ele seria demitido. O ministro, no entanto, disse que terá de indicar um substituto enquanto Stefanutto está afastado. (Estadão Conteúdo)