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Restaurantes sentimentais dos sorocabanos

Artigo escrito por Vanderlei Testa

23 de Novembro de 2021 às 00:01
(Crédito: ARTE: VT)

Nos anos 80 eu acompanhava a família Mathiazzi para almoçar aos domingos no restaurante do Antonio Carmona, da rua da Penha. Uma grande mesa preparada com toalhas brancas pelo Toninho Carmona e o garçom Primo, acolhia a todos para saborear o Filé à Cubana. Bife e banana à milanesa, arroz e fritas. Era o restaurante Tropical que ficava onde hoje existe um estacionamento, quase esquina com a rua Cel. Benedito Pires. A família Carmona foi uma das inovadoras em culinária, com os seus cardápios. As pessoas que enviaram sugestões de nomes de restaurantes, a maioria se manifestou às lembranças dos almoços no Tropical. O José Alberto Deluno Junior foi um deles. Na mesma recordação, as pizzas na pedra, do Gregório Carmona, irmão do Toninho Carmona -- em um restaurante inaugurado em 1973, com arquitetura de caverna na rua Barão do Rio Branco --, não serão esquecidas tão fácil pelos clientes saudosistas.

No artigo da semana passada destaquei alguns nomes de especialistas em gastronomia e de restaurantes de Sorocaba. Recebi telefonemas e mensagens de leitores. Citei a promessa de continuar as lembranças dos sorocabanos que sugeriram os restaurantes onde foram almoçar e jantar com as suas namoradas, noivas e esposas. Nas décadas de 1970 a 1990, estar em um restaurante com a namorada era sinal de noivado pela frente. Recebi mais de 180 sugestões e comentários com nomes de restaurantes. Viajei no tempo com os sentimentos dos sorocabanos em restaurantes e seus bifes acebolados, das macarronadas, pizzas, lasanhas e churrascos.

O Chico Cianella, com os seus peixes, fez parte das refeições do Edson Freitas. Na cozinha alemã, ele destacou o Floresta Negra, da rua Rio Grande do Sul. Wilson Vieira homenageou o saudoso Botafogo, Antonio Francisco Gonçalves, que tinha um Recanto da Gastronomia. O Maurilio Affonso citou o restaurante do Hélio, na Vila Santana. Comida caseira de dar água na boca. O restaurante do Dutra na rua da Penha, em frente ao primeiro edifício da cidade, onde está a Drogasil, faz parte da vida sentimental do Paulo Raymundo Santos. Ele também carrega na sua história o restaurante Chapéu de Palha, em Brigadeiro Tobias. Esse restaurante lançou o cantor Elimar Santos para o Brasil. Os seus shows lotavam o restaurante do italiano Rino.

Apesar de alguns dos nomes serem bar, serviam pratos deliciosos, contou a Heloisa Brizzotti, ao se referir ao Bar Flório, na rua São Bento. O Bar Passarinho, na mesma rua, era ponto de atração nos começos e finais de bailes do Recreativo e do Sorocaba Clube. O restaurante Garden Chopp, para o Nelson Matielli, é revivido nas suas lembranças com gratidão. Isa Luchesi era criança quando ia com os pais na churrascaria do Marques e ganhava um bombom “Sonho de Valsa” do próprio dono. O Carlos Merege também era uma das crianças que faziam parte das famílias que adoravam o churrasco do Marques.

Na vida da Haydée Cristina Mendes Gutierrez ficaram gravados os momentos em que ia com o marido, Antônio Gutierrez, ao restaurante de comida alemã na esquina da rua Antonio Alvarenga, ao lado do viaduto Jânio Quadros. O restaurante Pilão, no largo de São Bento, entra no rol dos saudosistas. Tinha até música romântica ao vivo. Também na lista, o Soli di Napoli, puro restaurante italiano que conquistou os descendentes napolitanos com as suas massas e molhos especiais. Além de ser romântico, com as suas luzes e ambiente poético, Silene Moreno o destaca na sua história.

O Antonio Proença conta que parece que está ainda sentindo o sabor das carnes da Churrascaria do Lilo, na avenida General Carneiro. O Antonio Carlos Rubinato foi longe aos arquivos de sua memória ao relembrar com detalhes do restaurante Arcobaleno Piano Bar, do Mussinho. Quem frequentou essa casa gastronômica, como o Michel Rossi, ainda pensa que Sorocaba foi uma metrópole em ótimas opções de lazer para os jantares e bate-papos com amigos ouvindo músicas. Ele recorda de uma noite de Hollywood, com exigência dos homens estarem vestindo “smoking”. A Peixaria Faculdade, lotada por alunos da faculdade de medicina e jovens enamorados, era sinônimo de programa e encontros de finais de semana. O restaurante Paris Cherry, puro francês no nome, atraia casais que paqueravam nos bailes às sextas e sábados, na praça central e nos clubes, como o Recreativo e o Sorocaba Clube. Roseli Roz e Marcos Neves eram namorados e frequentavam o chique Paris Cherry. Hudson Zuliani disse que foi um dos restaurantes mais charmosos de Sorocaba. Ficava no prédio da garagem automática, contou Eduardo Cardum. Posteriormente mudou para a rua da Penha. José Roberto Pinheiro Mahon, que mora no Rio de Janeiro e passou sua juventude em Sorocaba com os pais, ia ao Paris Cherry e nunca perdeu as lembranças desse restaurante.

O restaurante da Vila Moreno inovou em decoração. Ringo Garcia frequentou e gostou tanto dessa casa que merecia ter continuado na cidade. O restaurante do Santo entra na lista dos meritórios da população de Sorocaba. O restaurante Candelabro Italiano era um dos tops em massas. A Pizzaria e Restaurante do Virgílio, segundo a Bia Negrão, será inesquecível. Marcos Benites citou o restaurante Caboclão e o Convívio Bar com os seus pratos exclusivos de petiscos. Tá na memória dos leitores outros restaurantes: Do Bachir, La Bamba, Churrascaria Triângulo, Churrascaria do Alemão, Roda D’Agua, Big-Bem, Costela, da Vila Santana, Comer e Beber, do Adami. Mais recente há outros nomes que estão na listagem das lembranças que recebi, como: churrascaria Laçador, Cantina Tuto Bene, Cantina Fiorentina, restaurante Kyodai, restaurante Marson, da Vila Progresso, Terraço, ao lado dos Correios.

Na zona Norte, avenida Itavuvu, a Tati Campos destacou o restaurante Califórnia. Fazia uma parmegiana de “raspar o prato” de tão maravilhosa. E com a vinda dos restaurantes chineses e japoneses, um dos primeiros a funcionar ficava na rua Campos Sales. Isso na década de 70, conta Eduardo Manoel. E a lista vai longe! Bom apetite!

Vanderlei Testa (artigovanderleitesta@gmail.com) é publicitário e jornalista. Escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul.