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Nildo Benedetti

Filmes da Netflix sobre guerras na Europa (Parte 1)

03 de Outubro de 2024 às 22:24
"Homens Comuns" aborda como pessoas foram capazes de atos de extrema violência na Segunda Guerra (Crédito: DIVULGAÇÃO)

Prezado leitor, achei oportuno interromper por duas semanas minha análise de “Corpo em chamas”, para comentar brevemente três filmes de guerra ambientados na Europa, disponíveis na Netflix. Os três filmes já foram analisados por mim nesta coluna.

“Homens Comuns” descreve como parte dos homens que foram capazes de perpetrar atos de extrema violência na Segunda Guerra Mundial eram pessoas comuns, como todos nós.

Assim como “Homens Comuns”, o filme “O Caso Collini” mostra a mudança do comportamento ético e moral de um oficial alemão que serviu na Itália durante a segunda Guerra Mundial.

“Nada de Novo no Front” segue um jovem que se alista às forças alemãs na Primeira Guerra Mundial. Mostra as desgraças que ocorrem em todas as guerras: violência, destruição, morte de soldados e de civis inocentes de todas as idades, pilhagens, tortura, fome. A análise do filme pode ser lida em “Filmes para Pensar” - Volume 3, gratuitamente disponível em https://cinereflexao.wordpress.com/

Hoje, os horrores provocados pelas duas guerras mundiais parecem ter sido esquecidos. O filósofo e escritor italiano Franco Berardi em “Para uma Antropologia do Novo Fascismo” e na entrevista “Vivemos um Fenômeno de Demência em Massa” afirma que os conflitos atuais no Oriente Médio e a guerra atual na Europa que envolvem, de um lado a Rússia e, de outro, Otan e Ucrânia “são uma prova clara de que estamos numa fase de violência psicótica acelerada”. Devemos concordar com Berardi a partir das declarações de líderes europeus na recente conferência anual da ONU sobre a guerra em curso na Europa. (A Otan, Organização do Tratado do Atlântico Norte, é uma aliança militar entre Estados Unidos, Canadá e vários países europeus).

Assistimos a discursos de líderes europeus falando de paz, ao mesmo tempo em que enviam armas e dinheiro à Ucrânia para manter a guerra viva. A primeira-ministra da Itália Giorgia Meloni, por exemplo, em uma entrevista à imprensa antes de seu pronunciamento na ONU, afirmou que a Ucrânia está conseguindo equilibrar a guerra, graças à ajuda da Otan. E zombou das ameaças russas.

A declaração de Meloni fez que eu recorresse a uma conferência intitulada “Perché nessuno parla di pace?” (por que ninguém fala de paz?), do filósofo e político italiano Massimo Cacciari.

Cacciari começa afirmando que os atuais governantes europeus estão trilhando o mesmo caminho do grande projeto político de um século atrás, “graças ao qual nós, europeus, destruímos o mundo”. E agora ameaça criar uma terceira guerra mundial que arrasaria a própria Europa (ele considera a Rússia país europeu).

Especialistas de política internacional sempre alertaram que a política da Otan de gradualmente chegar aos países que fazem divisa com a Rússia, provocaria, cedo ou tarde, a reação desse país. Já em 1997, Susan Eisenhower, neta do general Eisenhower e especialista em segurança, “reuniu um grupo de 50 líderes militares, políticos e acadêmicos” para assinar uma carta aberta ao presidente Clinton, chamando o plano de ampliação da Otan de “um erro político de proporções históricas”. Hoje, a porta-voz da Otan, Farah Dakhlallah, exibe, como um ponto forte, o fato de que a Otan tenha mais de 500 mil soldados em estado de alerta máximo para o que considera ser a ameaça de um conflito direto com a Rússia.

Esta série de artigos está incluída no projeto Cine Reflexão da Fundec