Editorial
O poder do Aedes aegypti

O Brasil registrou, desde 1º de janeiro de 2025, 1.010.833 casos prováveis de dengue. De acordo com o Painel de Monitoramento das Arboviroses, o País contabiliza ainda 668 mortes confirmadas pela doença e 724 em investigação. O coeficiente de incidência, neste momento, é de 475,5 casos para cada 100 mil pessoas.
A título de comparação, no mesmo período do ano passado, quando foi registrada a pior epidemia de dengue no Brasil, haviam sido contabilizados 4.013.746 casos prováveis e 3.809 mortes pela doença, além de 232 óbitos em investigação. O coeficiente de incidência, à época, era de 1.881 casos para cada 100 mil pessoas.
Em 2025, a maior parte dos casos prováveis se concentra na faixa etária de 20 a 29 anos, seguida pelos grupos de 30 a 39 anos, de 40 a 49 anos e de 50 a 59 anos. As mulheres concentram 55% dos casos e os homens, 45%. Brancos, pardos e pretos respondem pela maioria dos casos (50,4%, 31,1% e 4,8%, respectivamente).
São Paulo lidera o ranking de estados em número absoluto, com 585.902 casos. Em seguida estão Minas Gerais (109.685 casos), Paraná (80.285) e Goiás (46.98 casos). São Paulo mantém ainda o maior coeficiente de incidência (1.274 casos para cada 100 mil pessoas). Em seguida aparecem Acre (888), Paraná (679) e Goiás (639).
Com o objetivo de reduzir casos graves e óbitos por dengue, o Ministério da Saúde anunciou na semana passada uma lista de 80 municípios classificados como prioritários para ações de controle da doença. Essas cidades foram selecionadas por registrarem alta transmissão e ascensão da arbovirose. Entre elas, está Sorocaba, em 17º lugar do ranking, com 482.83 diagnósticos a cada 100 mil habitantes.
Até quarta-feira (16), Sorocaba registrava 6.303 casos confirmados da doença — 76 a mais do que o boletim passado, divulgado na segunda-feira (14). Deste total, 6.246 são autóctones (transmitidos dentro do município), 51 são importados e seis têm origem indeterminada. Já o número de mortes confirmadas por dengue chegava a seis, sendo que duas ocorreram em unidades públicas, três em hospitais da rede privada e uma em domicílio. Há, ainda, outros dez óbitos em investigação.
De acordo com a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Mariângela Simão, a proposta é promover iniciativas para a redução desses números. Desta forma, a pasta planeja, por exemplo, mobilizar a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) no intuito de reorganizar a rede assistencial dos municípios selecionados.
Segundo ela, o Ministério está preparado para ofertar até 150 centros de hidratação com até 100 leitos cada nas cidades que integram a lista. O investimento desta ação será de até R$ 300 milhões. “A hidratação, no caso da dengue, é a diferença entre a vida e a morte”, destaca.
Em parceria com os Estados e municípios selecionados, o foco também será voltado para a cobertura vacinal. Diante disso, o Ministério da Saúde se comprometeu a monitorar os estoques da vacina contra a dengue nos municípios classificados como prioritários e garantiu o abastecimento de todos os integrantes da lista.
Além de Sorocaba, outros quatro municípios da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) integram a lista divulgada pelo Ministério da Saúde. Em 25º lugar, está Salto, com 327,5 diagnósticos. Na sequência, Tatuí com 280,5, ocupando a 27ª posição. Logo em seguida, abaixo de Tatuí, está São Roque, contabilizando 264 disgnósticos. E, por fim, São Roque com 134,66 diagnósticos da doença. Para todos esses números, a margem considera número de casos por 100 mil habitantes.
Os especialistas lembram que os meses de abril e maio, tradicionalmente, respondem como o período de maior registro de casos e, consequentemente, de óbitos por dengue e dizem que é sempre bom destacar que as ações de prevenção da dengue incluem principalmente a atenção para não deixar locais descobertos com água, como caixas d’água, calhas, bueiros ou vasos de plantas. O mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue, a zika e a chikungunha, utiliza esses locais para depositar seus ovos e procriar.