Editorial
Um passado ainda presente

Após o feriado da Sexta-feira Santa (18), a maioria dos brasileiros foi agraciada com um feriado ontem, em plena segunda-feira. O recesso santo é uma das das mais importantes para os cristãos, em todo o mundo. É o momento de lembrar o preço que Jesus pagou para “salvar” quem o reconhece. Mas, ontem foi feriado apenas aqui no Brasil e não é todo mundo que sabe o motivo da folga no calendário.
Então, passado o período de descanso, a retomada da rotina também é momento para recordar um pouco da história do País.
O feriado de ontem é em homenagem a Tiradentes, batizado como Joaquim José da Silva Xavier, figura importante na história brasileira, sendo reconhecido por ter sido um dos envolvidos na Inconfidência Mineira, uma conspiração separatista e republicana que ocorreu em Minas Gerais em 1789, durante o período colonial português. O movimento, que também é conhecido como Conjuração Mineira, foi organizado por membros da elite mineira que estavam insatisfeitos com a política fiscal da Coroa Portuguesa. Tiradentes — que também foi um militar e um dentista amador — estava insatisfeito com as autoridades coloniais, o que o levou a ingressar na conspiração. Acontece que ele acabou denunciado a intenção e, junto com outras pessoas, foi preso em 1789, no Rio de Janeiro. Ele respondeu a inquéritos que se estenderam por três anos. Ao final, foi decretado que ele deveria morrer e assim foi feito em 21 de abril de 1792, por enforcamento.
Sua figura ficou esquecida durante todo o período monárquico, sendo resgatada com a mudança do regime para república. O resgate da figura de Tiradentes se deu para usos políticos, sendo ele transformado em um mártir na história de nosso País. Ele é o patrono das Polícias Militar e Civil de todo o Brasil, por sua bravura, honra e compromisso com a Pátria.
Mas o 21 de abril também carrega múltiplos significados na memória coletiva do Brasil. Para alguns, representa um momento de esperança e transformação; para outros, um episódio controverso que revela as complexidades da nossa história. Entender a importância dessa data exige uma análise cuidadosa, que vá além das versões oficiais e mergulhe nas nuances de um país em constante construção.
No século XIX, o Brasil vivia um período de transição. A independência, conquistada em 1822, ainda reverberava em disputas internas pelo poder, pela definição de uma identidade nacional e pelo papel do Estado. Em 1889, a Proclamação da República trouxe uma nova fase, marcada por debates sobre o modelo de governo, a participação popular e os direitos civis.
No entanto, foi em 21 de abril de 1964 que uma das datas mais marcantes e controversas da história brasileira ocorreu: o golpe militar que depôs o presidente João Goulart. Este evento não foi apenas uma mudança de governo, mas um divisor de águas que moldou o Brasil por décadas.
Para muitos, o 21 de abril simboliza a perda da democracia e o início de um período de repressão. As consequências desse golpe ainda reverberam na política, na sociedade e na cultura brasileiras. A memória desse dia é um lembrete de que a liberdade conquistada deve ser preservada com vigilância constante.
Por outro lado, há quem veja o 21 de abril como um momento de reflexão sobre os erros do passado e a necessidade de fortalecer as instituições democráticas. É uma oportunidade de reconhecer os avanços conquistados e de aprender com os equívocos para construir um futuro mais justo e participativo.
A data ainda marca a inauguração de Brasília, ocorrida em 21 de abril de 1960, e que marcou um dos momentos mais emblemáticos e ambiciosos do Brasil moderno. A cidade foi idealizada pelo presidente Juscelino Kubitschek — que governou o Brasil entre 1956 e 1961 — para ser a nova capital do País, com o objetivo de promover o desenvolvimento do interior brasileiro, integrar regiões e simbolizar o progresso e a modernidade nacional. Projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer e pelo urbanista Lúcio Costa, Brasília nasceu de uma visão audaciosa de transformar o mapa do Brasil e de criar uma cidade que fosse uma verdadeira obra de arte e engenharia.
O 21 de abril, este ano, também marcou os 40 anos da morte de Tancredo Neves, primeiro civil eleito presidente da República depois da ditadura militar. Tancredo Neves morreu quando o Brasil vivia um momento de reabertura política. Ele participou ativamente do movimento pelas Diretas Já.
Hoje (22), embora, não seja um feriado, é uma data importante para o País, pois num dia como hoje, há 525 anos, Pedro Álvares Cabral desembarcou em Porto Seguro, no litoral sul da Bahia, feito que ficou na história como “descobrimento do Brasil”, tornando a região colônia do Reino de Portugal, muito embora povos indígenas já habitassem nossas terra. Eles chamava aqui de Pindorama; depois do descobrimento foi chamado de Ilha de Vera Cruz (1500), Terra Nova (1501), Terra dos Papagaios (1501), Terra de Vera Cruz (1503), Terra de Santa Cruz (1503), Terra Santa Cruz do Brasil (1505), Terra do Brasil (1505), e, finalmente, Brasil, desde 1527.