Moradores reclamam de forte cheiro de produto químico despejado no córrego Água Vermelha
Trecho do córrego da Água Vermelha que passa pelo Jardim São Carlos. Crédito da foto: Vinícius Fonseca (04/12/2020)
Moradores de Sorocaba reclamam do forte cheiro causado pelo despejo irregular de produto químico no córrego da Água Vermelha, que passa por vários bairros da zona sul da cidade na noite de quinta-feira (3).
O forte odor pôde ser sentido a partir do bairro Parque Fazenda Imperial, na região da Rodovia Raposo Tavares, e seguiu pelo Jardim São Carlos até chegar no Jardim Paulistano, na região do Parque Romeu Osório Pires, e no Jardim Faculdade, próximo a Avenida Barão de Tatuí.
De acordo com o policial civil Alexandre Caixeiro, que mora no Jardim São Carlos, o odor começou por volta das 16h, ainda fraco. “A noite o cheiro ficou muito forte durante várias horas até a madrugada. Cheguei a sentir náusea e ânsia por conta disso, então achei melhor sair de casa com a minha família”, conta.
Segundo ele, a água do córrego ficou completamente esbranquiçada no trecho que passa próximo a rua Joana Pedrina Dal Médico. “O cheiro era muito parecido com fertilizante misturado com óleo diesel. A água ficou branca, mas não fazia espuma quando passava pelas pedras”, detalha.
O aposentado José Dias da Silva Neto também reclamou do forte cheiro. “Eu morro a 500 metros daqui e mesmo assim não conseguia ficar em casa. Muitos vizinhos reclamaram de dores nos olhos e na cabeça.” Os moradores contam que chegaram a acionar o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) e a Defesa Civil para tentar solucionar o problema. Uma equipe da Defesa Civil chegou a ir até o local, mas não constatou a origem do despejo clandestino.
A reportagem esteve no bairro na manhã desta sexta-feira (4) e constatou que ainda era possível sentir um leve cheiro de produto químico no local. A água aparentava estar coberta por uma fina camada semelhante a óleo. Também havia resíduo escuro na vegetação próxima ao córrego.
Moradores reclamaram de cheiro forte da água na região do Parque Romeu Osório Pires, conhecido como Reservatório de Detenção de Cheias (RDC). Crédito da Foto: Fábio Rogério (03/12/2020)
Do Jardim São Carlos, o córrego da Água Vermelha segue até o Jardim Paulistano, no Parque Romeu Osório Pires, conhecido como Reservatório de Detenção de Cheias (RDC). O advogado Marcos Andrade conta que estava caminhando durante a noite quando também sentiu o cheiro vindo da água. “Quando passava perto da ponte a gente via que a água estava com a cor alterada e um cheiro de produto químico. Não terminei a minha caminhada porque tenho asma e não dava para ficar lá. Ainda estou com dor de cabeça e acredito que seja por conta do forte odor”, diz.
Lançamento irregular
Em nota, o Saae de Sorocaba afirmou que na tarde desta quinta-feira (3) detectou um vazamento em rede coletora de esgoto que estava sendo direcionado para o córrego e a manutenção necessária foi realizada e o problema solucionado.
Já nesta sexta-feira (4), a autarquia constatou lançamento irregular de óleo ou outro produto químico no mesmo córrego e o pessoal técnico está no local, realizando vistorias na região, para detectar a origem do problema e eliminá-lo. O Saae diz ainda que, possivelmente, o cheiro tem relação com o produto que está sendo lançado clandestinamente.
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) confirmou o vazamento de esgoto causado pelo entupimento em um dos pontos na rede do Saae nesta quinta-feira (3), possivelmente em razão das fortes chuvas na região. A Cetesb disse que ainda que nesta sexta-feira (4) surgiram outras denúncias de problemas relacionados à forte odor em cursos dágua da região e que enviou equipes para vistoriar os locais. (Jomar Bellini)
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