Eles deveriam ser exclusivos para ônibus do sistema Bus Rapid Transit (BRT), mas ainda é comum ver automóveis e motocicletas no transitando no corredor destinado ao transporte coletivo. Somente no primeiro trimestre deste ano, foram emitidas 266 notificações de autuação no corredor Itavuvu, amparadas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB ) - enquadramento 75.870, transitar na faixa ou via exclusiva regulamentada para transporte público coletivo de passageiros. São quase três notificações por dia, informa a Urbes - Trânsito e Transportes.

A fiscalização do corredor da avenida Ipanema começou neste mês e os autos de infração registrados estão em fase de processamento, conforme garante a empresa pública. Esse trabalho de fiscalização é feita por agentes de trânsito, em patrulhamento ou posto fixo e, ainda, por videomonitoramento, via Centro de Controle Operacional (CCO).

Ainda conforme a Urbes, há trabalho de orientação e conscientização sobre o uso correto do corredor. “Além da divulgação da entrada em operação do novo corredor junto à população nos terminais e nas plataformas de embarque, nas mídias sociais e nos veículos de comunicação, tanto previamente, quanto pós o seu lançamento, há placas indicativas e de orientação nas vias, a fim de chamar a atenção do motorista quanto às restrições e o direcionamento adequado do fluxo de veículos”, comenta.

Vale lembrar que os veículos, com exceção dos ônibus do sistema -- somente podem acessar o corredor BRT, a fim de realizar conversão à direita ou acessar algum estabelecimento ou terreno. “A única exceção prevista na lei é em caso de força maior (sob análise de caso individual) ou com a autorização específica do órgão público regulador”, frisa a Urbes. Entretanto, como já dito, flagrantes do ato infracional são comuns nos corredores, como registrado pela reportagem do Cruzeiro do Sul ontem (11). Em pouco mais de 20 minutos, foram nove cenas do tipo, a maior parte com motocicletas.

Motociclistas se defendem

Apesar de não serem os únicos a utilizar o corredor, os motociclistas se defendem. Anderson Prado é motoboy há 10 anos e passa praticamente o dia inteiro nas vias de Sorocaba, em especial na zona norte da cidade. “Para a gente que é motoboy, não foi bacana. Para o motorista de carro, se ele abrir o corredor, ele bate no ônibus e se ele manter o corredor fechado, ele derruba o motoboy, como já aconteceu com outros amigos. Por isso, a gente invade sim, para desviar de alguém, desviar de uma carro. A gente que trabalha com hora de entrega é complicado. O cliente não quer saber se a gente pegou trânsito, pegou o corredor. Ele vai querer o pedido dele”, diz.

Segundo ele, falta espaço entre as faixas para os motoboys e, na sua concepção, aumentou o número de acidentes. “O índice de motoboy que caiu aumentou muito mais com o BRT. É todo dia, é toda hora. Acontece o tempo todo”, comenta. Ainda conforme ele, para quem não trabalha com motocicleta e usa o veículo para se deslocar para ir ao trabalho, por exemplo, a situação é ainda mais complicada.

Já o Marcos Oliveira, que reside na zona norte, usa o motocicleta para se deslocar para o trabalho, em Votorantim. Ele trafega pela avenida Ipanema como parte do itinerário todos os dias e concorda que as faixas ficaram mais estreitas. “Faço por precaução, porque ficou muito apertado até para os próprios carros”, argumenta, sobre o uso do corredor.

Outras infrações e sinistros

Segundo a Urbes, durante o período analisado, ou seja, nos primeiros três meses do ano, foram 31 registros de acidentes nas avenidas Ipanema e Itavuvu, incluindo vias e corredores exclusivos do BRT. Foram anotados ainda dois registros de atropelamento, incluindo vias e corredores exclusivos do BRT.

Ainda no primeiro trimestre de 2021, foram emitidas 23 notificações de autuação, referentes a estacionamento em local/horário proibido, especificado pela sinalização no local. Mesmo com a conclusão e inicio da operação, é comum ver automóveis estacionados de forma irregular na via. Quando não estão na faixa de rolamento, há registros de veículos estacionados em calçadas das vias, em especial da Ipanema. (Marcel Scinocca)