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Sorocaba

Dentro dos limites, jogos eletrônicos podem ser benéficos

12 de Outubro de 2023 às 23:01
Beatriz Falcão [email protected]
Para especialista, jogos podem ajudar no desenvolvimento do pensamento lógico, coordenação motora e sociabilidade
Para especialista, jogos podem ajudar no desenvolvimento do pensamento lógico, coordenação motora e sociabilidade (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (3/10/2023))

O uso de jogos eletrônicos por jovens e crianças divide opiniões já há algum tempo. Há quem entenda que os dispositivos digitais são adversos à saúde, no entanto, estudos recentes comprovam que, se bem utilizados, os jogos auxiliam no desenvolvimento cognitivo infantil.

Entre os benefícios, a doutora em Multimeios pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenadora do curso de Jogos Digitais da Universidade de Sorocaba (Uniso), Thífani Postali Jacinto, opina que jogos podem ajudar no desenvolvimento do pensamento lógico, coordenação motora e sociabilidade - uma vez que interagem com outros jogadores durante o jogo. “Os jogos eletrônicos podem fornecer muitos aspectos positivos, porque, como qualquer outra atividade, provoca a necessidade de o indivíduo entender as regras”, destaca a especialista.

De acordo com os dados levantados pela TIC Kids Online Brasil, 88% das crianças de 9 a 17 anos acessam a internet todos os dias ou quase todos os dias. Desse grupo, 58% jogam on-line, conectados com outros jogadores. A pesquisa realizada em 2022 e publicada em agosto deste ano, ressalta como os jogos eletrônicos já fazem parte do dia a dia das famílias brasileiras.

No entanto, por mais que a internet traga oportunidades em relação à educação, desenvolvimento de habilidades, lazer e socialização, ela também expõe as crianças e os adolescentes a diversos riscos e pode causar prejuízos à saúde física e mental. Por causa disso, os pais devem estar atentos.

Regras e limites

Participação dos pais e regras reduzem efeitos indesejados - REPRODUÇÃO / INTERNET
Participação dos pais e regras reduzem efeitos indesejados (crédito: REPRODUÇÃO / INTERNET)

“Existem tipos de jogos que, de fato, são desenvolvidos para que o jovem permaneça nele por bastante tempo. E os jogos eletrônicos não são uma atividade que deve se entender por horas e horas”, explica Thífani, ressaltando que a perda de noção acerca do tempo é preocupante. “O tempo em excesso na frente de uma tela pode resultar em problemas, portanto, existem recomendações de quanto tempo é saudável”.

Eveline Mariana Carvalho é psicóloga e recomenda nenhum estímulo digital ou exposição em frente às telas, antes dos dois anos. “Conforme estudos de pediatria, a partir dos 2 até os 5 anos, é indicado o uso de uma hora por dia. Entre 5 e 10 anos, duas horas por dia. E na adolescência, a partir dos 12 anos, no máximo três horas de tela por dia”, aconselha a profissional.

Já os jogos eletrônicos, Mariana indica a partir dos 10 anos. “Porque nessa idade a criança já tem o cérebro um pouco mais desenvolvido e amadurecido e consegue diferenciar o que é realidade do mundo digital”, explica.

Se esse limite for ultrapassado, os impactos deixam de ser benéficos e podem ser prejudiciais. Atraso na linguagem, obesidade, ansiedade, irritabilidade, dificuldade de respeitar regras e o isolamento de relações reais são alguns danos listados por Mariana. A psicóloga ainda acrescenta que, independente da idade, a supervisão dos pais é imprescindível.

Conteúdo adequado

Assim como toda produção audiovisual, os jogos também são classificados por faixa etária e os pais devem estar cientes dessas classificações, para garantir que seus filhos consumam conteúdos adequados à sua faixa etária.

“Nós temos um senso-comum muitas vezes desleal com a indústria de jogos, ao dizer que tal jogo incentiva a violência. Mas, por exemplo, nenhum pai leva seu filho ao cinema para assistir a filme que não é da idade dele”, salienta Thífani. “Os jogos eletrônicos também são um meio de informação, então os pais devem saber quais os tipos que seu filho está consumindo, deve acompanhar e, se possível, jogar junto”.

Mariana salienta que estabelecer regras é importante, porém lembra que as crianças aprendem muito com o comportamento dos pais. “Nós também precisamos dar o exemplo aos nossos filhos! Não adianta cobrar uma coisa e fazer outra. As crianças são esponjas e absorvem tudo o que fazemos. Portanto, uma atitude nossa vale mais do que mil palavras”, finaliza. (Beatriz Falcão - programa de estágio)

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