Duas rodas
Sorocaba está entre cidades com mais roubos de motos
De janeiro a junho foram 484 casos, indica ranking do boletim Tracker/Fecap

Sorocaba está entre as dez cidades do Estado de São Paulo com maior número de roubos e furtos de motocicletas no primeiro semestre de 2024. De janeiro a junho, foram 484 casos, alta de 33% em relação ao mesmo período do ano passado, quando houve 364. Com o aumento, o município passou da 9ª para a 6ª posição no ranking do boletim Tracker/Fecap, elaborado pelo Centro de Estudos em Economia do Crime da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap).
De acordo com o levantamento, Sorocaba fica atrás da capital paulista, que tem 7.743 ocorrências; Campinas (647); Osasco (608); Guarulhos (586); e São Bernardo do Campo (532). As outras cidades citadas no Ranking são Santo André (475), Santos (414), Carapicuiba (375) e Diadema (362).
Vitor Corrêa, coordenador do Comando de Operações do Grupo Tracker, diz que há relação entre o número de ocorrências e a densidade populacional das cidades com índices criminais elevados. Segundo ele, duas características de municípios maiores — grande quantidade de motocicletas e de desmanches — contribuem para o aumento dos delitos.
A pesquisa também aponta os modelos mais visados no Estado. Honda CG 160 Fan, Honda CG 160 Titan e Honda CG 160 Start lideram o ranking. No primeiro semestre, foram roubadas ou furtadas, respectivamente, 3.226, 1.535 e 854 unidades de cada tipo. De acordo com Corrêa, as três motos são as mais vendidas no mercado e, consequentemente, com mais exemplares em circulação. Além disso, como possuem baixa cilindrada, demandam tanto manutenção quanto reposição constante de peças — e os criminosos sabem disso. “A demanda por peças contribui para os delitos contra esses modelos”, explica ele.
Segundo o coordenador, ladrões roubam ou furtam os modelos de categoria leve justamente para desmontá-los e alimentar o comércio ilegal de peças. “Diferente do cenário das motocicletas mais potentes, que são roubadas com o objetivo de ostentação, para fazer vídeos, manobras arriscadas, frequentar bailes funk”, informa.
Vítima
O auxiliar de manutenção Adalberto Rodrigues de Souza, de 33 anos, entrou para as estatísticas, após ter a moto furtada em fevereiro. Ele estacionou em uma rua no Jardim Faculdade para entregar roupas ao filho pequeno, que estava internado em um hospital naquela região. Quando voltou, a sua Honda CG 125 Fan tinha sido levada. Ela ainda não foi encontrada. Segundo Souza, havia vários outros modelos mais potentes no local, mas os bandidos miraram no veículo dele, de baixa cilindrada.
Morador do Jardim Humberto de Campos, Souza usava a motocicleta para trabalhar no bairro do Éden. Antes, saía de casa às 6h30 para entrar às 7h. Agora, utilizando o transporte público, tem de acordar às 4h. O sorocabano ficou bastante abalado com a situação, porque, na época, a perda do meio de locomoção se somou à angústia pela internação do filho. “Entrei em depressão”, conta.
O tempo não amenizou a revolta, pois o motociclista continua pagando a moto, comprada por R$ 5 mil. A indignação dele não é só pelo episódio, mas sim pela falta de segurança na cidade. “Em Sorocaba, está difícil ter alguma coisa (...), não pode ter nada”, se queixa. (Vinicius Camargo)
Dicas para os motociclista
Evitar estacionar na rua
Não transitar em locais desertos ou desconhecidos, principalmente à noite
Evitar parar no trajeto para mexer no celular ou ajustar o GPS. Isso deve ser feito antes de sair
Não fazer o mesmo caminho sempre, pois ladrões monitoram a rotina de possíveis vítimas
Ficar atento a tudo que acontece ao redor.
Se houver ameaça, deve-se mudar de trajeto imediatamente e procurar ajuda
Fazer a manutenção e reposição de peças em concessionárias autorizadas ou, pelo menos, exigir a nota fiscal, para ter a garantia de que o item comprado não é produto de crime
Contratar seguro ou, se não puder, comprar um rastreador