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Cesta básica

Alta nos preços dos alimentos afeta consumo em Sorocaba

O aumento de itens essenciais, como ovos, café e tomate, força ajustes nos hábitos dos sorocabanos

23 de Abril de 2025 às 21:30
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. (Crédito: FABIO ROGÉRIO)

O preço dos alimentos básicos tem tirado o sono do consumidor sorocabano. Itens como ovos, café e tomate apresentaram altas expressivas nos primeiros meses de 2025, pressionando o custo da cesta básica e forçando a população a rever seus hábitos de consumo.

Dados do boletim da cesta básica da Universidade de Sorocaba (Uniso) revelam que o preço dos ovos, por exemplo, subiu 16,26% apenas em março e acumula alta de 28,85% no ano. Já o café, outro item essencial no dia a dia do brasileiro, subiu 10,04% no último mês e já custa 36,91% a mais em comparação a janeiro.

Embora não esteja oficialmente na cesta básica da pesquisa, o tomate também se tornou símbolo da alta dos alimentos. Em muitos pontos de venda da cidade, o quilo do produto ultrapassa os R$ 10, com relatos de que o preço mais que dobrou desde o início do ano.

Impacto direto nas famílias

O impacto dessa escalada de preços é sentido nas feiras, supermercados e, principalmente, nas refeições dos consumidores. Os alimentos, além de essenciais para alguns, precisaram ser até substituídos por opções mais baratas, como é o caso do mecânico de manutenção Sidney de Andrade, que relata sobre o aumento, que começou há cerca de dois meses e desde então vem se agravando. “Tem coisa que a gente pode ficar sem. Ovo, por exemplo, é vital. Mas o que a gente tá dispensando é carne. Tenho substituído por frango ou cortes mais baratos, como costela”, explica.

Mas mesmo com preço lá em cima, o aposentado Roberto Soares Correia não consegue trocar ou parar de comprar o bom e velho café. Correia destaca o café como principal vilão, mas essencial na vida. “É a bebida do brasileiro, então esse eu senti bastante no bolso. Reduzi o consumo, mas continuo com ele. Não é fácil pra ninguém.”

Com a costureira Madalena Domingues, a situação foi um pouco diferente. Ela tem apostado em pesquisa de preços e substituições mais baratas, quando encontradas. “Compro batata quando está em promoção. Sem promoção, não dá. E o tomate, pra mim, foi o que mais subiu. Muito caro mesmo”, afirma.

Substituições e estratégias

A pesquisa da Uniso mostra que o consumidor está de fato mudando seus hábitos. Carnes de 1ª linha, com média de R$ 45,56 o quilo, estão sendo substituídas por carne suína (R$ 24,16) e frango (R$ 10,49). Alguns produtos chegaram a registrar queda, como a batata (-18,47%) e a farinha de trigo (-10,14%), oferecendo algum alívio no orçamento.

O custo total da cesta básica em Sorocaba chegou a R$ 1.166,15 em março, um aumento de 11,54% em relação a março de 2024. No acumulado do ano, o aumento é de 0,14%, indicando que o peso no bolso está mais concentrado em alguns itens específicos, especialmente os de maior frequência no prato do brasileiro.


Análise econômica

Para o economista e responsável pela pesquisa da Cesta Básica da Uniso, Marcos Canhada, as altas de preços refletem um cenário mais amplo desde o ano passado. “Os preços da cesta básica sorocabana vêm sofrendo grandes elevações desde setembro de 2024, tendo como principais causas o clima desfavorável, oscilações cambiais e aumento nos custos de produção. Em janeiro e fevereiro tivemos pequenas quedas, mas março voltou a apresentar elevação.”

Outro alimento essencial na vida do brasileiro, o ovo de galinha, também apresenta preço alto. Canhada explica o motivo dessa alta: “Entre os itens que mais subiram, os ovos chamam atenção. A combinação de temperatura elevada, custo da alimentação das aves e maior demanda, já que outras proteínas também estão caras, puxou os preços para cima.”

Sobre o café, o economista relata que não se trata apenas de um aumento municipal, mas de uma alta mundial. “No caso do café, o fator é global: a oferta mundial caiu devido a problemas climáticos em áreas produtoras. Isso tem pressionado os preços em todo o mundo.”

Em relação às carnes de segunda, Canhada observa uma alta expressiva desde o ano passado. “A carne bovina de segunda teve aumento significativo em 2024, superior a 30%. Neste início de ano, o preço está relativamente estável, com uma leve queda acumulada. Seguimos monitorando a oferta e a demanda para entender os próximos movimentos desse item essencial.” (João Frizo - programa de estágio)