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Átomo e Astronomia, clubes ensinam ciência além da sala de aula

Estudantes do ensino fundamental aprendem a teoria com experimentos práticos

17 de Junho de 2023 às 23:01
Alunos testam protótipo de foguete feito nas atividades do grupo
Alunos testam protótipo de foguete feito nas atividades do grupo (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (7/6/2023))

 

A escola é um lugar de muitos aprendizados, e muitas vezes, o interesse parte dos próprios alunos ao decidirem ampliar os horizontes. Nas escolas estaduais de Sorocaba, existem, ao menos, cinco clubes que reúnem estudantes com o objetivo de “saber mais”. E claro que não poderíamos deixar de conhecer essas iniciativas, não é mesmo? Então, hoje vamos te mostrar dois deles: o Clube do Átomo da E.E. Renato Sêneca de Sá Fleury e o de Astronomia, da E.E Antônia Lucchesi.

Criado há quase três meses, o Clube do Átomo aborda diversas matérias em meio aos experimentos, como física, matemática e química. O espaço que eles usam é o laboratório de ciências, porém, uma diferença entre a disciplina e o clube é que nessa iniciativa a prática se faz presente na maioria das vezes. E é com a prática que cada aluno pode acompanhar os experimentos, notar e analisar as mudanças de cada um deles a olho nu.

O Clube de Astronomia da E.E. Antônia Lucchesi existe há um ano e meio - FÁBIO ROGÉRIO (7/6/2023)
O Clube de Astronomia da E.E. Antônia Lucchesi existe há um ano e meio (crédito: FÁBIO ROGÉRIO (7/6/2023))

“Entre os experimentos que já fizemos está o vulcão moldado com a argila, os componentes químicos existentes na queima da palha de aço, a procura das plantas pela luz solar para crescer, o comportamento das plantas aquáticas. Então, tudo que fizemos é focado pra gente aprender e tem sido uma oportunidade maravilhosa pra mim, não imaginei que teria algo assim na escola”, comentou Kauã Felipe Leme Marquezi, de 15 anos.

Mas, para tudo funcionar da melhor maneira e os alunos terem boa absorção do conhecimento, uma professora os orientam. A responsável é a Sucilaine Espósito Mendes da Rosa, que dá aula de matemática na escola e contou que, muitas vezes, os temas e ideias para os experimentos partem dos estudantes. “Eles próprios debatem e analisam. E é muito bom, porque agora eles estão no ensino fundamental, mas o clube também dá base para as matérias que eles terão no ensino médio”, disse a mestre.

Com a orientação de uma professora, o grupo usa o laboratório da escola para realizar as experiências - THAÍS MARCOLINO
Com a orientação de uma professora, o grupo usa o laboratório da escola para realizar as experiências (crédito: THAÍS MARCOLINO)

A oportunidade também é uma ferramenta que pode ajudar o aluno a decidir a futura carreira profissional, assim como aconteceu com o Gustavo Chiebao Paques Cau, que escolheu estudar botânica -- área que estuda o comportamento das plantas e a fotossíntese -- por gostar muito de planta. “Desde criança acho muito legal cuidar dessa parte porque elas fazem parte do que nos mantém vivos, que é o oxigênio”, disse o estudante de 12 anos.

Entretanto não é esse o objetivo principal. A Ana Laura Telles Mansour, de 13 anos, por exemplo sonha em seguir carreira na Polícia, mais precisamente na área investigativa. E se o clube não parece fazer tanto sentido nesse quesito, a verdade é que tem sim. “Quando uma professora passou nas salas avisando que teria o clube achei superlegal e fiquei curiosa pra saber mais, porque não é algo comum de se ter, né? Aí quando venho aqui abro minha mente, aprendo ainda mais coisas e adoro acompanhar as experiências, principalmente as ligadas à química. Achei incrível tudo isso”, contou a jovem.

“É algo inovador e diferente, a gente vê e se interessa, eu amo ciências e lá (na sala de aula) a gente aprende mais na teoria e aqui é basicamente prática. Nós aprendemos muito. Um tema que quero trazer é o estudo de PH’s, que me traz muita curiosidade. Esse clube é perfeito, vai ser muito legal se outras escolas fizerem o mesmo”, finaliza o estudante Kauã Santi Martins, de 12 anos.

É no céu que eles encontram paixão e enxergam o futuro

O céu é mágico, “esconde” muitas coisas. Mas se para uns ele é algo complicado, para outros -- neste caso, 17 estudantes -- o espaço significa paixão e futuro. Eles estudam da E.E. Antônia Lucchesi, no Jardim Leocádia e juntos aprendem mais sobre as estrelas, planetas, galáxia há, aproximadamente um ano e meio.

Grupo que participa das atividades do Clube do Átomo, criado há três meses na E.E. Renato Sêneca de Sá Fleury - THAÍS MARCOLINO
Grupo que participa das atividades do Clube do Átomo, criado há três meses na E.E. Renato Sêneca de Sá Fleury (crédito: THAÍS MARCOLINO)

A Ana Luiza Marçal de Oliveira, de 13 anos, faz parte do clube desde o começo e contou que as aulas a ajudam a ampliar conhecimento de forma interessante. Prova do progresso é o fato dela fazer parte do programa de Caça Asteroide, da Agência Especial Americana, a Nasa. Ana até já encontrou alguns pelo espaço. “Tem um software específico, onde as imagens do espaço são atualizadas a cada meia hora. Nós procuramos os asteroides, que são os objetos em movimento. Tudo isso é muito legal, me sinto importante fazendo isso e tenho muita honra em participar porque essa chance que ganhamos é maravilhosa. Não imaginava ter isso na escola e foi uma surpresa muito boa. É ótimo aprender sobre tudo isso.”

Mas os estudantes não ficam só dentro da sala de aula. Eles são desafiados a não apenas estudar as diferentes estruturas de um foguete, mas também a produzi-los e solta-los numa área aberta que tem ao lado da escola. Para isso, eles têm uma estrutura própria que, com a união da velocidade e quantidade de ar comprimido, faz com que o foguete “voe” longe. O mais distante que o protótipo produzido por eles chegou foi 176 metros. Que longe!

Assim como o Clube do Átomo, o de Astronomia também veio por meio do interesse de um aluno. Estamos falando do Luiz Fernando Alves Santos, de 15 anos, que também é presidente do clube e dá “aula” para os colegas. O amor dele por astronomia é tanto que não pensa sua vida no futuro sem estar em meio aos estudos do espaço. “Quero trabalhar no Centro de Lançamento de Alcântara -- espaço destinado a lançamento e estudo aeroespacial da Agência Espacial Brasileira --, no Maranhão. Se a gente não ficar aqui e não investir em nossas próprias tecnologias, ninguém vai fazer, então temos que valorizar as nossas potências, é nisso que eu acredito”, expressou o adolescente.

“Sempre gostei de observar o céu, mas foi com um resultado mediano na Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA) de 2020 que a força para estudar mais apareceu. No ano seguinte consegui ganhar o ouro na OBA, e esse ano quatro pessoas da escola passaram para a seletiva nacional. Eu sou verdadeiramente apaixonado pelo tema”, contou Luiz. “Se não fossem as olimpíadas não seria metade do aluno que sou hoje, devo muito aos professores que me mostraram o caminho e às participações nas mais diversas iniciativas que existem”, conclui.

E uma professora que incentiva com muito prazer e alegria os alunos é a Yolanda Bezerra de Andrade, de 47 anos. Ela sempre gostou do assunto e quando soube do interesse dos alunos não pensou duas vezes em apoiá-los. “É muito bom ver essa alegria deles, sabe?! E eu tenho certeza que no futuro teremos grandes cientistas e, por que não astronautas que saíram daqui, né?!”, comenta a professora. (Thaís Marcolino)

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