Espetáculo
Respeitável público, as crianças entraram para o circo!
A escola do universo circense e artes culturais, Usinarte oferece aulas de 11 modalidades

A cortina vermelha se abre e, como num passe de mágica, as crianças entram em cena. Tecidos coloridos descem do teto como rios de cor, enquanto tatames, trapézios e instrumentos circenses transformam o espaço em um verdadeiro picadeiro de possibilidades. Ali, elas não apenas brincam, exploram, aprendem e crescem juntas. As aulas incluem tecido acrobático, trapézio, lira, acrobacias de solo, malabares, equilíbrio, ginástica acrobática, balé contemporâneo, flexibilidade, teatro e até parkour.
A escola do universo circense e artes culturais que nasceu a partir de um sonho de Beatriz Mendes e Gabriel Manzini, hoje é a Usinarte, localizada na Alameda das Magaridas, 415, no Jardim Simus. A “Usina” de “Arte” é um espaço que começou em um quintal, com apenas uma modalidade e que inspira crianças desde 2012.
As crianças aproveitam as aulas e não guardam segredo, mais que contentes compartilham com os colegas as experiências, o que gera interesse, como é o caso de Alice Vieira Esteves, de nove anos, que começou as aulas há um mês. “Eu descobri as aulas de circo pela minha amiga, nós estudamos juntas, eu vim ver e gostei bastante, acho que ajuda no alongamento e é legal participar. O que eu mais gosto são os tecidos, as poses e o trapézio”, conta.
As habilidades de uma amiga chamaram a atenção de Heloíse Rodrigues de Lima, de dez anos. A flexibilidade da colega foi o que despertou sua curiosidade e a levou a procurar as aulas de circo. Depois de experimentar, ela pegou gosto e já pratica há dois anos. “Eu entrei e não parei mais, continuei. O que eu mais gosto é o trapézio, a lira e os tecidos”, conta.
O incentivo muitas vezes parte dos pais, para que as crianças pratiquem atividades e conheçam coisas novas. “A minha mãe começou a pesquisar e encontrou esse lugar. Eu fiz uma aula experimental e gostei”, conta Helena Fraga Ribeiro, de nove anos. Mas há também quem se encante por conta própria, como Maria Eduarda Lima, também de nove anos. “Desde pequenininha eu queria fazer aulas de circo. Eu amo as aulas de tecido e a lira”, revela.
De alunos a professores
Exemplos do impacto que a escola causa na vida dos alunos são Amanda Sayuri Ribeiro Nagata e Giovanni Yan Komatsu. Eles começaram a frequentar as aulas com 8 e 12 anos, respectivamente, e hoje, já adultos, estão de volta, agora como professores.
Amanda, atualmente com 21 anos, está no último ano da faculdade de Educação Física e dá aulas de circo na mesma escola onde tudo começou. À frente de uma turminha com 11 meninas, de 7 a 13 anos, ela relembra com carinho: “Eu comecei aqui desde que eles abriram a escola. Agora estou terminando a faculdade e fui convidada para ser professora”, conta.
Giovanni morava na mesma rua da escola e se interessou pelas aulas de parkour ainda na infância. “Fiz um ano e comecei a gostar muito da área de parkour de circo. Depois, precisei mudar de cidade, mas nunca esqueci o circo. Sempre busquei continuar. Perguntei aos donos, o que eles fizeram para trabalhar com a modalidade circense e eles me disseram que cursaram Educação Física. Então, me formei na cidade onde estava e, no ano em que concluí o curso, voltei para Sorocaba. Falei para eles que estava de volta, formado, e queria aprender mais. Desde então, estou aqui”, conta Giovanni, hoje professor e coordenador da Usinarte.
As aulas de circo para crianças vão muito além da diversão. Elas inspiram, ensinam e fazem bem em diversos aspectos do desenvolvimento. “Trazem benefícios cognitivos, motores, físicos e sociais. As crianças aprendem valores importantes e se ajudam o tempo todo. São muitos fatores que contribuem para o crescimento delas. Sem contar a parte artística, onde elas podem se expressar, descobrir o próprio corpo de maneiras diferentes. É muito legal”, explica Amanda.
O circo é uma arte que oferece a possibilidade de voar, se expressar e superar medos. “Cada modalidade trabalha um aspecto: coordenação, força, flexibilidade, trabalho em equipe. Mas o que mais se destaca é a sensação de vencer um medo e de estar sempre criando. É um espaço onde as crianças podem inventar, imaginar e explorar novas possibilidades”, completa Giovanni.
Na infância, ter um lugar onde corpo e mente possam ser livres para brincar, criar e se expressar é essencial. E muitas vezes, essas experiências ficam guardadas para sempre: memórias coloridas sob a lona do circo, um espaço que pode ser abrigo, inspiração, e até mesmo o início de um futuro.
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