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EUA notificam ONU sobre saída do Acordo de Paris, diz organização

Movimento desenha novo arranjo com outros países, inclusive o Brasil

29 de Janeiro de 2025 às 21:54
 Sinal vermelho nos EUA: saída pode acontecer em menos de um ano
Sinal vermelho nos EUA: saída pode acontecer em menos de um ano (Crédito: ANDREW HARNIK AFP)

As Nações Unidas confirmaram, na terça-feira (28), que receberam uma notificação da administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, informando sua intenção de se retirar do Acordo do Clima de Paris, de acordo com um porta-voz da organização.

“Posso confirmar que os Estados Unidos notificaram o secretário-geral (da ONU, António Guterres), na sua qualidade de depositário (do acordo), em 27 de janeiro, sobre sua retirada do Acordo de Paris”, disse o porta-voz Stephane Dujarric.

A medida será efetivada em 27 de janeiro de 2026, conforme os estatutos, precisou.

“Reafirmamos nosso compromisso com o Acordo de Paris e nosso apoio a todos os esforços eficazes para limitar o aumento da temperatura global a +1,5C”, acrescentou.

Após assumir o poder em 20 de janeiro, Trump anunciou que os Estados Unidos, segundo maior poluidor do mundo, atrás da China, se retirariam pela segunda vez do Acordo de Paris, colocando em dúvida os esforços globais para conter o aquecimento do planeta.

O presidente republicano retirou brevemente os Estados Unidos do Acordo de Paris durante seu primeiro mandato, mas o democrata Joe Biden reverteu a medida ao assumir o poder.

Efeito Dominó

Segundo analistas, os principais temores relacionados a esse movimento são de que a iniciativa de Trump no comando da maior economia do mundo possa ser uma influência para outros países em um “efeito dominó” de saída do tratado. Além disso, há preocupação de que haja diminuição nos investimentos para a agenda climática e de que o sucesso da COP 30, que será realizada no Brasil em novembro deste ano, possa ser comprometido.

Com isso, de acordo com eles, o movimento do presidente republicano deve exigir um novo arranjo global com lideranças de outros países, entre eles o Brasil, para firmar alianças e tomar as rédeas do tratado internacional de combate aos eventos extremos climáticos, enfrentando a difícil tarefa de não contar com os EUA na mesa de negociações durante o evento.

Em 2015, o Acordo de Paris foi assinado por quase 200 países, durante a COP-21, na França. Nele, os representantes se comprometeram a elaborar estratégias e financiar medidas para minimizar as emissões de gases poluentes e limitar o aquecimento global até 1,5.

A autonomia dos Estados americanos com suas próprias regulações ambientais é o que pode ajudar a frear o rompimento mais significativo do país com metas climáticas globais, o que pode ser um fator positivo com multinacionais que operam no Brasil, considerando a avaliação da líder de engajamento do Climate Finance Hub Brasil, Linda Murasawa.

Um dos grandes desafios do Brasil será lidar com as pendências já esperadas para serem resolvidas na COP-30, como o aumento do financiamento verde para os países emergentes, sem a participação dos EUA. A nação está entre o grupo de países ricos acionados na COP-29 para destinar US$ 300 bilhões anuais para financiamento climático até os próximos 10 anos. (AFP, com informações do Estadão Conteúdo)