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Celso Ming

Dureza do Copom nomeado por Lula

30 de Janeiro de 2025 às 21:30
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. (Crédito: FREEPIK)

O negacionismo do presidente Lula quanto ao rombo das contas públicas está saindo caro para o País e para ele.

A inflação, que estourou a meta em 2024, ameaça estourar também em 2025. A alta dos alimentos vai corroendo a popularidade do presidente, que já se declarou em modo eleições 2026. E os juros básicos (Selic), que saltaram nesta quarta-feira 1 ponto porcentual, para 13,25% ao ano, irão para 14,25% ao ano em março e daí sabe-se lá para qual nível.

Nada do que foi relatado no comunicado do Copom, que se seguiu à decisão sobre os juros nesta quarta-feira, é novidade para quem acompanha a marcha da economia: é o mercado de consumo aquecido demais, não acompanhado pelo aumento da oferta de mercadorias e serviços; é o mercado de trabalho muito pressionado; é o despejo excessivo de moeda pelo governo, incapaz de deter a gastança; são as expectativas se deteriorando; é o dólar caro demais; e são as incertezas que se acentuaram lá fora, especialmente depois da posse de Donald Trump.

Ninguém gosta de juro alto. Mas agora o presidente Lula não pode mais desancar a presidência do Banco Central, como o fez no tempo da liderança de Roberto Campos Neto, já que o novo presidente, Gabriel Galípolo, e a maioria dos diretores estão lá por condução do próprio presidente. A decisão do Copom sob o novo comando foi especialmente dura.

Os juros estão indo em direção aos 15% ao ano porque o governo Lula deixou solta demais a política fiscal. Mas o presidente Lula não reconhece isso. Segue empurrando o déficit com a barriga e trata a inflação como se não passasse de especulação de produtores e atacadistas ou de outra falha de comunicação - já que os ministros não conseguem rebater a perda de confiança no espraiamento da dívida pública com divulgação dos grandes feitos do governo.

O presidente sente a perda de chão eleitoral produzida pela alta dos alimentos, mas gira em falso na busca de antídotos.

O atual ciclo de alta dos juros parece longe do fim porque não sobra opção ao Banco Central senão tirar do mercado parte do dinheiro que o governo vai injetando com sua política fiscal. E juros altos concorrem inexoravelmente para o aumento da dívida pública, para o encarecimento do crédito, para a redução da atividade econômica e para o desgaste do governo perante a opinião pública.

Enquanto isso, os empresários da CNI e Fiesp comportam-se como cães que mordem o pau que lhes é atirado e não a mão de quem o atira. Eles só reclamam dos juros altos, sem, no entanto, apontar para a verdadeira fonte do estouro e sem indicar solução

Celso Ming é comentarista de economia