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Editorial

A dengue e eu

01 de Fevereiro de 2025 às 21:00
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Há certas questões em que o cidadão depende quase totalmente do governo. Por exemplo, quem não tem convênio médico ou não consegue pagar uma escola particular precisa ter acesso aos serviços públicos de saúde e educação. Quando esses serviços não são prestados de forma adequada, surgem muitas queixas.

Por outro lado, há situações em que o governo depende do cidadão para atingir seus objetivos. Um exemplo é a limpeza pública. Não é admissível que algumas pessoas joguem lixo em locais inadequados. Esse tipo de comportamento gera prejuízos coletivos, mesmo quando se trata de algo aparentemente insignificante, como um simples papel de bala jogado no chão por preguiça de procurar uma lixeira. Há também aqueles que descartam restos de material de construção em terrenos alheios, achando que estão levando vantagem.

No entanto, é esse tipo de hábito negativo que contribui para a disseminação de doenças, podendo gerar surtos, epidemias, pandemias e endemias.

A proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue (e também da chikungunya, zika e febre amarela), é favorecida pelo descuido urbano em relação à limpeza e saneamento. O acúmulo de lixo e entulho cria ambientes propícios para o mosquito se reproduzir.

E as consequências desse descaso estão à vista de todos, ou pelo menos deveriam estar. O painel de monitoramento de arboviroses do Ministério da Saúde mostra um aumento alarmante nos casos de dengue no Estado de São Paulo. Os registros saltaram de 82 mil para 99 mil em apenas uma semana, e o número de mortes dobrou, passando de 14 para 28. No País, o total de casos prováveis subiu de 139 mil para 169 mil, com um aumento de 21 para 37 óbitos no mesmo período. Além disso, o número de mortes em investigação também cresceu significativamente em janeiro.

Na última quinta-feira (30), o Ministério da Saúde atribuiu o aumento dos casos à circulação do sorotipo 3 da dengue, em expansão desde julho do ano passado. Essa variante tem sido determinante para o crescimento das infecções, especialmente no Estado de São Paulo.

O monitoramento realizado pela Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo aponta para 102 mil casos prováveis da doença, dos quais 45 mil já foram confirmados. A pasta também registra 21 óbitos, sendo 11 de pessoas com mais de 65 anos, segundo dados da última semana.

Atualmente, 44 municípios paulistas já decretaram estado de emergência devido à dengue. Na segunda-feira da semana passada, esse número era de 37. Esse aumento pode refletir um maior engajamento das prefeituras, que, em parceria com os governos federal e estadual, criaram centros de vigilância dedicados ao combate à doença nos dias 9 e 23 de janeiro.

É fundamental que cada um de nós contribua para reduzir esses números alarmantes. Com o período chuvoso, as autoridades de saúde alertam para a necessidade de intensificar o combate ao Aedes aegypti. A principal forma de prevenção é a eliminação dos criadouros do mosquito, o que exige conscientização e ações práticas por parte da população.

Para conter a proliferação do mosquito, é essencial evitar o acúmulo de água parada, onde ele se reproduz. Medidas simples, como tampar caixas d’água, tonéis e cisternas, além de eliminar focos em pneus velhos, garrafas, vasos de plantas e calhas entupidas, fazem toda a diferença. Ralos e piscinas também devem ser mantidos limpos e tratados com cloro. Além disso, o descarte inadequado de lixo e entulho precisa ser evitado.

A colaboração entre vizinhos é igualmente importante para garantir um ambiente seguro. Denúncias sobre terrenos baldios com possíveis focos do mosquito podem ser feitas junto às prefeituras e órgãos de saúde. Além disso, mutirões de limpeza e ações educativas promovidas por escolas e associações de moradores são fundamentais para conscientizar a população sobre a importância da prevenção.

Diante do risco crescente de surtos de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, é essencial que a população esteja atenta e participe ativamente das medidas preventivas. A combinação de cuidados diários, mobilização comunitária e avanços científicos podem fazer a diferença na luta contra o mosquito e as doenças que ele transmite.

Uma atitude coletiva em favor da saúde pública fortalece os esforços de indivíduos, comunidades e instituições para promover, proteger e melhorar a qualidade de vida da população. Essas ações são essenciais para prevenir doenças, garantir bem-estar social e construir um futuro mais saudável para todos.