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Editorial

Expectativa para Selic a 14,25% ao ano

17 de Março de 2025 às 21:30
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A política econômica brasileira tem enfrentado desafios significativos nos últimos anos, exacerbados por crises internas e externas. Em meio a esse cenário, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar a taxa Selic, que será anunciada amanhã (19), é um tema de grande relevância e merece uma análise aprofundada.

É fato que a economia brasileira tem mostrado sinais de fragilidade. O crescimento do PIB tem sido modesto, e a inflação continua a ser uma preocupação central.

A combinação de uma inflação persistente e um crescimento econômico lento coloca o Banco Central em uma posição delicada. A política monetária, que envolve a manipulação da taxa Selic, é uma das principais ferramentas disponíveis para controlar a inflação e estimular a economia. A Selic, taxa básica de juros da economia, influencia diretamente o custo do crédito e, consequentemente, o consumo e os investimentos.

A expectativa de uma nova elevação da taxa Selic reflete a necessidade de o Banco Central combater a inflação. A decisão de aumentar os juros é geralmente vista como uma medida para desacelerar a economia, tornando o crédito mais caro e, assim, reduzindo a demanda agregada. Essa estratégia visa conter a inflação, mas também pode ter efeitos colaterais indesejados, como a desaceleração do crescimento econômico.

A elevação da Selic pode ser interpretada como uma resposta à pressão inflacionária, que é alimentada por diversos fatores. A alta nos preços das commodities, especialmente no setor de energia e alimentos, tem impactado diretamente os custos de produção, refletindo-se nos preços ao consumidor.

Além disso, a moeda brasileira tem enfrentado volatilidade, o que encarece as importações e contribui para a inflação. A percepção de que a inflação pode se tornar crônica leva consumidores e empresas a ajustarem seus comportamentos, o que pode perpetuar o ciclo inflacionário.

A mediana do relatório Focus para a Selic no fim de 2025 permaneceu em 15% pela nona semana seguida. Em janeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou os juros de 12,25% para 13,25%. O colegiado reiterou a sinalização de mais uma alta de 1 ponto percentual, a 14,25%, na reunião seguinte, marcada para amanhã (19). A elevação da taxa Selic terá impactos variados na economia brasileira. Com juros mais altos, o custo do crédito para consumidores e empresas aumentará. Isso pode levar a uma redução no consumo e nos investimentos, impactando o crescimento econômico.

As previsões do mercado financeiro para a expansão da economia e o índice de inflação em 2025 foram reduzidas, de acordo com a edição de ontem (17) do Boletim Focus. A pesquisa é divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC) com a expectativa de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos.

Para este ano, a expectativa para o crescimento da economia caiu de 2,01% para 1,99%. A previsão da cotação do dólar está em R$ 5,98 para o fim deste ano.

A estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) — considerado a inflação oficial do País — caiu de 5,68% para 5,66% este ano. É a primeira redução na projeção após mais de 20 elevações.

A estimativa para 2025 está acima do teto da meta de inflação que deve ser perseguida pelo Banco Central. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior 4,5%.

Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic. Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas. Assim, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.