Cuidados
Dias frios viram drama a donos de carros a álcool

Se você tem um carro a álcool, provavelmente sabe como é difícil dar a partida em dias frios, sobretudo se precisa fazer isso pela manhã. A chegada do frio no meio do outono antecipou esse problema que normalmente aparece no inverno, quando geralmente as temperaturas ficam muito baixas.
O advogado Ricardo Mora, 42 anos, é apaixonado por carros antigos, sua paixão desde a infância. Seus carros, esportivos dos anos 80 e 90, não se isentam desses problemas, pois a maioria é a álcool. Ele lida com essa dificuldade adotando algumas alternativas. “É necessário fazer alguns rituais, como pisar algumas vezes no acelerador e dar a partida, esguichar gasolina ou desengripante na boca do carburador antes de dar a partida, puxar o afogador e ligar até funcionar, e por fim, caso acabe a bateria por causa das tentativas anteriores, dar o famoso tranco, chamando os vizinhos, amigos ou familiares para empurrar”, disse Ricardo.
O mecânico Manuel Vasques conhece muito bem essa situação e explica as causas desse problema enfrentado por quem tem um carro movido a etanol: “O combustível é injetado na câmara, onde ele transforma-se em vapores e a quantidade desses vapores formada pelo álcool, principalmente quando o clima está frio, é menor, tornando a dificuldade de queima notória, precisando de um sistema que ajude nesse momento com injeção de gasolina para que o sistema consiga dar início ao funcionamento”. Ele ainda fala que uma solução para os dias frios é melhorar a capacidade de queima do combustível adicionando gasolina em poucas quantidades no etanol: “Em um sistema que trabalha originalmente a álcool, pode-se adicionar 5% da capacidade do tanque com gasolina, melhorando assim o poder calorífico do combustível nesse momento tão complicado que é a partida a frio”.
Sistemas de partida a frio
Em um país de clima tropical, como é o caso do Brasil, o sistema de partida a frio dos veículos fica por longos períodos inativo, fazendo com que perca parcialmente a sua funcionalidade, como explica Manuel: “Pelo fato de termos um sistema ‘suplementar’ pouco usado, por períodos de frio muito pequenos, eles vão ficando inoperantes, e nessa inoperância, toda vez que fazemos ele funcionar, ele não atinge a plenitude que o sistema precisa e automaticamente acaba não sendo funcional”. Ele também fala da importância de manter a rotatividade de funcionamento: “É preciso manter a operacionalização desses sistemas sempre ativa, com combustível de qualidade e uma capacidade funcional que supra o sistema nos momentos em que o carro mais precisará”, explicou.
Esses sistemas precisam de atenção especial, considerando periódicas revisões para reparar os danos causados pela falta de uso. Cuidados como checar o motor de partida a frio, válvula solenoide, reservatório e constantemente dar a devida importância à qualidade da gasolina desse reservatório, por causa do envelhecimento natural do combustível que fica armazenado por longos períodos, podem prolongar a vida útil desse sistema. Também é recomendável usar gasolina do tipo premium nesses reservatórios, pois ela tem um poder de queima diferente e não envelhece na mesma proporção que a comum. (Cezar Ribeiro - programa de estágio)