Com o tema “O que fazer pela sua saúde mental agora e sempre?”, o movimento Janeiro Branco busca incentivar que o assunto seja, cada vez mais, não só falado, mas também vivenciado pelas pessoas, fazendo com que deixe de ser tratado como tabu. É o que refletem as psicólogas da Organização Funerária das Entidades Beneficentes e Assistenciais de Sorocaba (Ofebas), Ana Laura Costa dos Anjos e Mireli Ferreira Cauzine.

“Esse período é marcado não só por expectativas e metas, mas muitos fazem também um balanço do que foi realizado ou não no ano que se encerrou, o que pode gerar uma pressão significativa. Afinal, não necessariamente o que se planeja para um determinado mês é o que de fato acontece, então é importante saber lidar com os imprevistos e, se for o caso, se replanejar”, explica Ana Laura.

Segundo a profissional, o movimento é simbolizado pela ideia de uma “tela em branco”, representando novas possibilidades e a importância de cuidar da saúde mental desde janeiro. “É importante, porém, manter esse cuidado o ano inteiro, e não enxergá-lo como algo passageiro, de um mês apenas. Precisa fazer parte da rotina”, complementa.

E como ter saúde mental?

Quando falamos de saúde mental, não existe uma receita pronta, pois cada indivíduo é único e o acompanhamento deve ser feito de forma personalizada. No entanto, existem alguns passos para iniciar a busca pelo bem-estar, que podem ser divididos em três aspectos da vida: o físico, o mental e o social.

Reservar momentos para si mesmo, com hábitos simples de autocuidado, como ter contato com a natureza, ver um filme ou cozinhar para si mesmo, são algumas das práticas para manter o equilíbrio da saúde mental. O aspecto físico pode ser trabalhado com a prática de exercícios, como caminhadas ao ar livre, que também favorecem a mente. No aspecto social, manter interações com outras pessoas, como sair com amigos e ter conversas significativas, é essencial para o suporte emocional.

Outros pontos importantes são o sono de qualidade, com recomendação de 7h a 8h por noite, e a terapia. “Esses passos são considerados simples, mas têm um grande impacto na saúde mental ao longo do tempo. A ideia é que pequenas mudanças diárias podem levar a melhorias significativas no bem-estar geral”, pontua Mireli.

Atendimento para enlutados

A saúde mental se torna ainda mais evidente quando se vivencia o luto. Pensando em apoiar e trabalhar as questões internas de cada um, a Ofebas oferece atendimento gratuito no setor de psicologia para famílias em situação de vulnerabilidade social, por meio do programa Continuar a Viver. “A família enlutada passa por uma triagem com a assistente social e, se necessário, é encaminhada para o acompanhamento psicológico, com duração máxima de um ano na Ofebas. Caso seja preciso, nós encaminhamos para outras redes de serviços. Nosso trabalho pode ser desenvolvido tanto para uma única pessoa do núcleo familiar quanto para grupos familiares”, explica Mireli.

Segundo a gerente geral da Ofebas, Patrícia Peixoto, o cuidado com a saúde mental é um dos pilares que regem a atuação da organização. Por isso, a adesão à campanha Janeiro Branco já está inserida enquanto cultura organizacional. “A saúde mental é um pilar importante para a Ofebas e temos o compromisso de promover esse tema, tanto entre as famílias enlutadas quanto entre nossos colaboradores. Por meio do programa Continuar a Viver, nós ouvimos, acolhemos e orientamos aqueles que perderam um ente querido, para que possam vivenciar o luto da maneira mais saudável e reorganizar a vida”, salienta a gestora.

É preciso cuidar de quem cuida

Por terem como missão acolher os enlutados, os profissionais da Ofebas precisam, sobretudo, estar atentos à sua própria saúde mental. Isso porque estão envolvidos diariamente com o sentimento de dor da outra pessoa. Com o compromisso de “cuidar de quem cuida”, a Ofebas desenvolve um programa voltado exclusivamente à saúde mental dos colaboradores.

Rosângela Nascimento trabalha no setor de serviços gerais e convive, todos os dias, com pessoas que acabaram de perder um ente querido. Segundo ela, o acompanhamento psicológico realizado no Programa Cuidando de Quem Cuida ajuda a separar os aspectos profissional e pessoal. “Isso impactou positivamente no aspecto profissional, na minha relação com meus colegas de trabalho e também com meus familiares. É um auxílio para que eu esteja bem e possa prestar um atendimento ainda melhor às famílias enlutadas”, reflete.

‘Luzes de Acolhimento’

Unido ao propósito de cuidar também de quem fica, a Ofebas tem ainda o programa “Luzes de Acolhimento”, com encontros on-line realizados todos os meses com a psicóloga. O objetivo é proporcionar um espaço de escuta, acolhimento e compartilhamento de histórias sobre o luto e saúde mental. Os encontros são gratuitos e abertos a todos os interessados (maiores de 18 anos).

Em adesão à campanha Janeiro Branco, o tema deste mês é “Páginas em Branco”. A primeira reunião virtual de 2025 buscará explorar como o recomeço pode ser um ato de carinho e autocuidado. A iniciativa será realizada no dia 27, às 19h, via Google Meet. Para participar e receber notificações, basta fazer a inscrição no link disponível nas redes sociais da Ofebas (@ofebassocial) ou no site ofebas.org.br. (Thaís Marcolino)