Catarina Hand
Peer Instruction
O Peer Instruction (instrução entre os pares) é uma metodologia que facilita a interação entre os alunos para o entendimento do conteúdo proposto
O título -- Peer instruction -- parece ser de difícil entendimento, mas é simples. Trata-se de uma metodologia ativa de aprendizagem que algumas instituições de ensino superior estão utilizando para motivar os seus alunos. As metodologias tradicionais, nas quais os alunos assumem uma postura passiva em sala de aula, não mais atraem os jovens universitários, fazendo-se necessárias várias e variadas outras ações didáticas, principalmente as que se utilizem de instrumentos digitais, para incentivar esse público às pesquisas e interações que os levem ao conhecimento significativo e significante.
O Peer Instruction (instrução entre os pares) é uma metodologia que facilita a interação entre os alunos para o entendimento do conteúdo proposto. A singularidade está no fato de facilitar a iniciativa e autonomia dos alunos no aprender, podendo ensejar um entendimento dos principais conceitos, de maneira válida e eficaz. Não se trata de algo novo, mas pouco utilizado no Brasil. A metodologia em tela foi desenvolvida pelo professor Eric Mazur, da Universidade de Harvard (Estados Unidos), na década de 1990, após perceber que a melhoraria do rendimento dos alunos ocorreria mais facilmente havendo interação e envolvimento entre os pares (colegas de classe).
Após estudo mais aprofundado do tema, uma equipe da universidade onde trabalho aplicou a metodologia em algumas salas. Explano, aqui, parte de minha experiência, e não a metodologia em si, emanada pelo prof. Mazur, pois esta você consegue conhecer mais a fundo com um simples clique na Internet:
- Primeiro, há a necessidade de dispor o texto a ser estudado aos alunos, para que seja efetuada uma leitura com antecedência;
- Durante a aula, o professor aplica questões, de múltipla escolha, para que sejam esclarecidos, por meio das respostas, os principais conceitos do texto. Essas questões são aplicadas uma a uma, de forma a levar ao entendimento sequencial da totalidade do conteúdo;
- A cada questão apresentada os alunos respondem de imediato e individualmente por meio do formulário do Google forms ou instrumento semelhante, para que o feedback seja disponibilizado ao professor de imediato. Com a utilização da tecnologia, o professor terá em suas mãos, não somente o índice de erros e acertos, como a quantidade de alunos que responderam à questão equivocadamente e qual foi o equívoco. A dinâmica da utilização do questionário pelo Google forms não só facilita o entendimento pelo professor do aproveitamento da classe, como estimula o aluno a responder pela utilização do celular e pela necessidade que o atendimento à solicitação do professor seja de imediato. Se a quantidade de resposta não for a mesma do número de alunos presentes, algo deu errado... alguém não respondeu à questão;
- Com a intermediação do professor, os alunos que não responderam corretamente explanarão suas dúvidas, que serão solucionadas pelos próprios colegas, sem a necessidade da intervenção do professor. Entende-se que os colegas de sala possuem linguagens semelhantes e, também, acabaram de ter contato com o conteúdo e, provavelmente, tiveram dúvidas semelhantes. Nessa dinâmica ativa, prazerosa e envolvente, o professor, passa para outra questão, dialogando sobre outros conceitos presentes no texto.
Quanto se tratou de sala de licenciatura (formação de futuros professores), deixei que as questões fossem elaboradas por grupos de alunos, que aplicaram aos outros grupos da sala e fizeram a intermediação que caberia ao professor.
Quando o discente se torna agente de sua própria aprendizagem, o processo se torna dinâmico, havendo troca de informações, numa divisão de responsabilidades docente/discente, discente/conteúdos
Catarina Hand é mestra em Educação e docente na Uniso ([email protected]