Acidentes
Sorocaba lidera em mortes no trânsito em SP
Dados do Infosiga mostram que cidade lidera no ranking da taxa de óbitos por 100 mil habitantes

Sorocaba lidera o ranking de cidades com população acima de 300 mil habitantes com mais mortes no trânsito no Estado de São Paulo, considerando os últimos 12 meses até janeiro. Foram 133 no período, uma taxa de 18,14 por 100 mil habitantes, de acordo com Sistema de Informações Gerenciais de Sinistros de Trânsito, o chamado Infosiga, do Detran-SP. Piracicaba aparece em 2º lugar no ranking, com taxa de 16,62; seguida por Jundiaí, com 16,52.
O número de óbitos acende o alerta para a violência no trânsito em Sorocaba e provoca reações por meio de medidas preventivas por parte das autoridades de segurança pública e administrativa da cidade.
Em janeiro de 2025, foram 11 mortes em acidentes em vias urbanas e rodovias da cidade, informa o Infosiga. Esse número segue a média mensal de 2024, que teve um total de 132 óbitos. No ano passado, o mês em que foi registrada maior quantidade de mortes foi abril, com 18, e o menor em março, com oito. Em Sorocaba, 38% dos acidentes envolveram motocicletas em 2024, com 82% deles com homens jovens envolvidos. A avenida Itavuvu, na zona norte, é considerada uma das vias mais perigosas.
Para Ricardo Karrasco, 45 anos, entregador de compras feita pela internet e que circula pelo trânsito sorocabano diariamente, a situação reflete um problema estrutural das vias. “Se a rua tem duas ou três faixas de rodagem, lá na frente vai ter um estreitamento em funil que trava o trânsito, tornando inútil as duas ou três faixas de rodagens. Tem bairros com ruas sem demanda, sem fluxo, que colocam mão única, apenas atrapalhando a vida do motorista”, aponta.
“Pequenas colisões quase sempre são causadas por distração, considero que uma pessoa usando o telefone é mais perigosa do que uma pessoa que tomou algumas cervejas”, opina Karrasco, que nota uma mudança de comportamento em motociclistas. “Venho notando que vários motociclistas estão ultrapassando pela direita. Isso é muito grave, parece que normalizaram isso. Quando você está dirigindo, não espera por uma ultrapassagem dessas, e acaba se assustando jogando o carro para a esquerda. E se tiver outra moto no corredor de forma correta, você pode acabar derrubando o motociclista que vem pela direita”, diz o entregador.
O vigia Danilo Augusto, 33 anos, que vai trabalhar de moto, avalia que o trânsito de Sorocaba é perigoso pois ninguém respeita os semáforos. “Vejo muita gente alcoolizada dirigindo à noite pelas avenidas Ipanema e Dom Aguirre”, analisa o vigia, que mora em Itu, mas vai muito à zona norte de Sorocaba. “Modificar as leis e deixá-las mais rigorosas, mais agentes de trânsito de madrugada, é disso que precisa para melhorar”, afirma.
A técnica em farmácia Elaine Arruda, 34 anos, considera o trânsito local caótico. “Isso é fato. Mas tenho notado que o volume de carros e novos motoristas também tem aumentado, e consequentemente com isso o aumento nos acidentes. Isso sem mencionar ainda os motoristas ‘experientes’ que bebem e têm excesso de confiança”, analisa. “Acho que muitas coisas poderiam ser melhores, como educação no trânsito. Acredite, só quem dirige todos os dias sabe do que estou falando. Vivemos numa vida tão corrida que não se tem mais educação nem cordialidade no trânsito, é um querendo chegar primeiro que o outro, não respeitam filas”, reclama.
Semob
A Secretaria de Mobilidade (Semob) informa que tem atuado em três frentes: fiscalização, educação para o trânsito e engenharia de tráfego. “A recomendação é de que o condutor, assim como o pedestre, sempre respeite a sinalização de trânsito e dirija com toda responsabilidade, como forma de contribuir para um trânsito sempre mais seguro para todos aqueles que compõem a mobilidade urbana; visto que a imprudência, a negligência e a imperícia são os três fatores que levam os condutores a cometer infrações de trânsito”, diz a pasta.
A secretaria afirma que o monitoramento do sistema viário é permanente. Há câmeras em pontos estratégicos de trânsito, que permitem uma visão panorâmica, para análise ampla do sistema viário e fluxo de veículos, dentre outras situações. São mais de 2.500 interligadas ao Centro de Controle Operacional Integrado (CCOI) da Semob. “Os agentes de trânsito realizam operações contínuas de monitoramento, orientação e fiscalização do tráfego de veículos em todas as regiões da cidade, com maior ênfase nos locais de grande fluxo como, por exemplo, próximo às escolas”, informa a Semob.
A Semob diz ainda que mantém uma programação contínua de ações educativas e de conscientização de motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres, no combate a acidentes de trânsito. (Tom Rocha)
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