Sustentabilidade
Urbanismo para construir cidades sustentáveis: um chamado à comunidade
Processo envolve uma série de mudanças e demanda participação dos habitantes
A gestão de nossas cidades deverá ser um dos maiores e mais importantes desafios da humanidade no século XXI. Quem faz essa afirmação é o professor mestre Luís Eduardo Loiola, docente do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Sorocaba (Uniso), e seu alerta se dá a partir de dados de um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), segundo o qual 55% da população mundial vive hoje em áreas urbanas. Até 2050, esse número deverá ter subido para 68% e, além disso, já existem hoje 28 cidades com mais de 10 milhões de habitantes no mundo — as chamadas megacidades, a exemplo de São Paulo —, que deverão crescer ainda mais. Atualmente, nada menos do que 12% de todos os habitantes humanos do planeta residem nessas cidades. Nem todas elas, no entanto, podem ser consideradas sustentáveis, e esse é um grande problema quando se pensa em que tipo de vida as pessoas enfrentarão num futuro pós-mudanças climáticas, cada vez mais próximo.
O que é uma cidade sustentável?
Loiola explica que as cidades sustentáveis podem ser definidas como aqueles territórios urbanos em que, ao mesmo tempo em que há um objetivo de progresso econômico e social, também há uma preocupação com o uso dos recursos naturais de forma a não contribuir negativamente para a emergência climática. “A grande dificuldade nessa classificação, contudo, é que não existe um parâmetro único que determine se uma cidade é sustentável ou não. Estamos falando, afinal, de um espectro variado, que depende de diversos fatores”, diz o professor.
Grosso modo, as cidades podem ser agrupadas em dois modelos principais. O primeiro, segundo Loiola, compreende aquelas espalhadas geograficamente, em que o uso do solo é monofuncional (monofunctional land use), ou seja, onde áreas específicas são dedicadas exclusivamente a fins residenciais, comerciais, industriais ou recreativos. “Nessas cidades, podem ser consideráveis as distâncias entre as residências em que as pessoas vivem e os seus locais de trabalho e demais serviços urbanos. O uso do automóvel é intenso, pois as decisões de planejamento urbano favorecem o tráfego rodoviário em detrimento de outras opções. Esse é o modelo da América, especialmente o dos Estados Unidos”, ele explica.
Já o segundo modelo compreende as cidades densas e compactas em que o uso do solo é misto (mixed-use land), onde uma mesma área geográfica é utilizada para fins residenciais, comerciais, industriais e recreativos, levando a uma redução na dependência de veículos privados por parte da população: “Isso significa que, nessas cidades, as pessoas moram mais perto do trabalho, da escola e dos demais serviços urbanos. O transporte público é abrangente e as pessoas têm por hábito locomover-se a pé ou por meio de bicicletas. É o modelo da Europa e do Japão e, de forma resumida, é o que tende a produzir as cidades mais sustentáveis, sendo, portanto, o modelo que deveria servir de parâmetro para a melhoria dos espaços urbanos nas cidades brasileiras. ”
Para ler a íntegra da reportagem, acesse: https://abrir.link/CZRQe
Texto: Guilherme Profeta