O psyllium, uma fibra solúvel extraída da casca das sementes de Plantago ovata, é a bola da vez nas postagens sobre alimentação, nutrição e dieta feitas nas redes sociais. A fama tem contribuído para despertar o interesse e a curiosidade das pessoas sobre suas propriedades e benefícios. 

Segundo o Ministério da Saúde (MS), o psyllium é indicado para o tratamento de constipação crônica ou temporária, síndrome do intestino irritável e hipercolesterolemia. 

Também pode ser recomendado em situações em que são desejáveis fezes amolecidas, como em casos de hemorroidas, cirurgias anorretais e gravidez, assim como na terapia sintomática adjuvante no caso de diarreia.

Essa fibra absorve água, formando uma espécie de gel no trato digestivo. O Conselho Federal de Farmácia (CFF) explica que ela atua como um laxante formador de bolo fecal, aumentando o peristaltismo e reduzindo o tempo de trânsito intestinal. 

No caso da hipercolesterolemia, também conhecida como colesterol alto, a substância pode contribuir para a redução dos níveis de LDL (lipoproteínas de baixa densidade), o popular "colesterol ruim", melhorando os marcadores lipídicos e retardando o risco de doenças cardiovasculares, como indicado em um estudo publicado pela National Library of Medicine. 

De acordo com o CFF, para aproveitar o psyllium e os benefícios dessa fibra, é importante utilizá-la de forma adequada, com a ingestão correta de líquidos e a introdução gradual na dieta. Inchaços abdominais ou flatulências podem ser minimizados ao iniciar com uma colher de sobremesa da substância, aumentando gradualmente a quantidade, até que as fezes se tornem mais macias e frequentes.

O medicamento pode ser encontrado em pó ou cápsula e ingerido de uma a três vezes ao dia, em dosagens entre 3 a 30 gramas diárias, conforme aponta o MS. O ideal é que o consumo seja individualizado e indicado por um profissional de saúde, como o nutricionista, que levará em consideração fatores como estilo de vida, alimentação, ritmo intestinal, hidratação e prática de exercícios. 

Psyllium emagrece?

O uso do psyllium como estratégia para o emagrecimento ganhou popularidade, mas especialistas destacam que ele não é uma solução isolada. No TikTok, a nutricionista Jaqueline Santos explica que o efeito de saciedade ocorre porque as fibras demoram mais para serem absorvidas, o que reduz a fome entre as refeições.

“O que acontece é que você consome o psyllium, que é uma fibra, fica saciada por mais tempo e acaba comendo menos. Por consequência, você emagrece, mas isso não significa que ele é milagroso”, acrescenta a nutricionista. 

É preciso que o uso da substância esteja associado à mudança de estilo de vida, alimentação equilibrada e prática de atividade física, conforme explica, em entrevista, a médica nutróloga e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), Sandra Fernandes. 

Para causar a sensação de saciedade, Sandra recomenda a ingestão de 10 gramas de psyllium na água ou no suco, meia hora antes do almoço. Além disso, ele pode ser polvilhado no iogurte, em frutas ou no preparo de massas, ajudando a diminuir o índice glicêmico.

Cuidados e contraindicações

Apesar dos benefícios, o consumo do psyllium exige precauções. A ingestão inadequada de líquidos durante o uso pode causar obstruções intestinais e até dificuldades para engolir. Por isso, é essencial dissolver o pó em água ou acrescentá-lo a alimentos úmidos, como iogurtes e purês, e garantir uma boa hidratação ao longo do dia.

O psyllium é contraindicado, segundo a CFF, para crianças menores de 6 anos; pacientes com doenças inflamatórias graves no trato gastrointestinal, obstruções intestinais, impactação fecal e dor abdominal aguda; e pacientes com hipersensibilidade a qualquer componente da fórmula ou mobilidade comprometida.

O Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP) orienta que ele também deve ser evitado se houver estenose esofágica, úlceras, aderências intestinais, náuseas, vômitos e sangramento retal. A recomendação é combinar o psyllium com dieta de pouca gordura saturada e colesterol.

Além disso, é importante ter um cuidado redobrado com os idosos, que podem apresentar ingestão insuficiente de líquidos, ocasionando à impactação fecal e à obstrução intestinal. A CRF-SP recomenda estabelecer um intervalo de, no mínimo, duas horas antes ou depois da administração de outros medicamentos