Mudança
Frequentar academia exige persistência
Preocupação com a saúde leva mais gente a praticar exercícios físicos, mas é reciso disciplina

Os primeiros meses do ano são geralmente o período em que muitas pessoas aproveitam para adotar novos hábitos em busca de mudanças. Contudo, se exige persistência para não desistir dos objetivos em pouco tempo. Um dos lugares em que mais acontece essa inconstância é a academia. Atire a primeira pedra quem nunca deu início ao projeto de vida saudável, mas logo derrapou. Isso não é apenas uma percepção comum: é comprovada nas próprias academias. O Cruzeiro do Sul foi a duas delas, na zona norte de Sorocaba e, segundo os responsáveis, geralmente a demanda mais que dobra em janeiro e depois de dois, três meses, a frequência acaba caindo, sobretudo depois do Carnaval.
Mas há quem driblou o esperado e até se arrepende de não ter iniciado antes. É o caso de Patrícia Angélica Cristiano. A dona de casa, de 48 anos, não faz parte do contingente que chega às academias no início do ano. Ela começou a frequentar o espaço em outubro do ano passado por motivos de saúde e pegou gosto. “Me arrependo de não ter vindo antes. É muito bom. Tive muitas melhorias na minha vida”, comentou. Segundo Patrícia, poucas semanas após iniciar os exercícios físicos, percebeu que a disposição para subir a escada de sua casa melhorou. Esses pequenos feitos a ajudaram a transformar o que poderia se tornar chato em prazer. “Fico feliz com tudo isso. Minha neta vem comigo e uma incentiva a outra, e a minha intenção é saúde mesmo, sem querer ser forte. Estar bem comigo mesma é o principal objetivo”, considera.
O propósito tem, realmente, mudado o cenário nos últimos anos, sobretudo no pós-pandemia, e alterado o público nas academias. “As pessoas que querem um corpo escultural são uns 10%. A maioria está em busca de saúde. Elas começaram a se cuidar mais, então a gente percebe que mudou bastante”, explica Fernando Martins, dono da rede Movimento. Outra mudança que ocorreu com o tempo foi a inserção de outros tipos de aulas para além da musculação, como a dança, pilates funcional e a luta.
“Essas aulas complementam e também ajudam a pessoa a mudar a cabeça dela. Tem muitas mulheres que vêm por causa das aulas e acabam ficando e quando vou ver já está na musculação. Tem pessoas que vêm e falam ‘ah, eu quero pilates, meu médico, recomendou’. Aí a pessoa começa e, às vezes, sem perceber, já está fazendo de tudo um pouco”, relata o sócio gestor da Ph.D Sports, Will Santos.
A mescla da musculação com outras atividades ajuda a manter a frequência, além de estimular e potencializar a prática de exercícios físicos. O personal trainer Carlos Leal explica que não há uma fórmula perfeita de qual esporte é o melhor complemento para a musculação. “A escolha depende de cada um, mas é importante que o esporte seja coletivo. É pela coletividade mesmo, de engajar, fazer a pessoa se socializar mais, porque a gente pega muito público aqui dentro que é extremamente tímido. A musculação é muito solitária, e aí na hora que a pessoa vai para aula coletiva, começa a gerar uma comunidade. Isso é legal, pois fortalece a adesão da pessoa na academia. Porque aí vem o pensamento ‘eu vou porque meu amigo vai também’. Então acho legal por causa disso. Mas combinação perfeita não vai ter. Vai depender muito de cada um”, observa Carlos Leal.
Resultados
Tem quem encha a agenda de atividades para buscar o resultado o mais rápido possível. Conforme Carlos, um resultado significativo pensando em estética leva mais ou menos três meses, mas já na primeira semana é possível ver melhoras na condição de saúde: condicionamento físico e respiração.
Aos 19 anos, Saulo Almeida entrou na academia pela primeira vez. Naquela época o objetivo era ter um corpo mais bombado e assim seguiu até atingir os 30 anos. Depois, por motivos pessoais, acabou parando de frequentar a academia.
Hoje, com 39 anos, retomou os treinos de maneira mais firme há três meses e o impulso veio com o filho, de 13. “Ele pediu para trazer, aí vim também e tem me ajudado bastante. Os treinos me devolveram a resistência e ânimo para fazer muitas coisas”, diz.
A situação de Dionata William da Silva Nascimento, de 31 anos, é parecida. O operador de máquinas ficou um ano na academia, depois acabou parando e, ano após ano, os exames apareceram alterados, além de ser acometido pela depressão. Como uma alternativa de passar por essa fase, usou o exercício físico como combustível.
“Foi a melhor escolha que eu fiz. Saí da depressão sem usar remédio. O exercício físico foi essencial para isso. Antes eu não sabia treinar também, agora vejo uma evolução de verdade”, reflete o operador de máquinas.
Independente do objetivo que a pessoa procura na academia, o ganho na saúde mental é certeiro. “O exercício é tudo, né? Então tem aquelas pessoas que são muito aceleradas durante o dia, então após o exercício físico, automaticamente o corpo vai pedir para relaxar. Então você vai conseguir dormir mais tranquilamente, ele vai ter uma noite de sono melhor”, avalia Rodrigo Nogueira de Carvalho, personal com mais de 15 anos de experiência.
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