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Guerra fiscal

Tarifas adicionais dos EUA sobre a China chegam a 145%

Sobretaxa fixada por Trump não inclui alguns itens chineses, como semicondutores

10 de Abril de 2025 às 21:30
Chineses aguardam negociação com o governo americano
Chineses aguardam negociação com o governo americano (Crédito: BRENDAN SMIALOWSKI / AFP (10/4/2025))

O governo dos Estados Unidos anunciou ontem (10) que as tarifas adicionais sobre produtos chineses serão de 145%, uma decepção para os mercados financeiros, que ainda alimentavam esperanças de uma desescalada na guerra comercial iniciada por Donald Trump.

Na véspera, o presidente norte-americano fez uma guinada de 180 graus para concentrar o ataque na China e dar um pequeno alívio aos demais parceiros comerciais dos Estados Unidos que, apesar disso, continuam sujeitos a tarifas aduaneiras adicionais de 10% sobre suas exportações para a maior potência mundial, mas que foram suspensas por 90 dias.

Diante da decisão de Pequim de revidar, Trump anunciou na quarta-feira (9) que a sobretaxa sobre os produtos chineses será de 125%.

Ontem, a Casa Branca esclareceu em um decreto que isso representa, na verdade, um aumento das tarifas aduaneiras para 145%, já que os 125% se somam aos 20% aplicados à China no contexto da luta contra o tráfico de fentanil, um opioide sintético que causa estragos nos Estados Unidos. E esclareceu os termos: a sobretaxa afetará a maioria dos produtos chineses, mas não todos. Ficam isentos, por exemplo, os semicondutores. Essas tarifas se somam às que já estavam em vigor antes de Trump retornar à Casa Branca em janeiro.

A cotação do petróleo e do dólar também caíam durante o dia de ontem em meio ao temor de uma desaceleração da atividade econômica. O ouro atingiu um novo recorde histórico.

Isolado em sua luta contra a administração norte-americana, o governo chinês continua enfrentando Washington. Promete “lutar até o fim”, sem, no entanto, fechar a porta para um acordo.

“A porta está aberta às negociações, mas esse diálogo deve ocorrer em pé de igualdade e com base no respeito mútuo”, advertiu o Ministério do Comércio chinês. Enquanto aguarda um possível acordo, o governo chinês anunciou que reduzirá o número de filmes norte-americanos exibidos em seu território.

Depois que Trump suspendeu por 90 dias suas chamadas “tarifas recíprocas” para quase 60 parceiros comerciais, incluindo a União Europeia, o bloco europeu suspendeu sua resposta para “dar uma chance às negociações”, segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Sudeste asiático

A Asean, bloco de dez países do sudeste asiático, comprometeu-se a “não impor medidas de retaliação” contra os Estados Unidos. Segundo Donald Trump, mais de 75 países já demonstraram interesse em negociar com os Estados Unidos.

Na noite de terça-feira (3), Trump disse que muitos líderes estrangeiros estão “beijando sua bunda” para chegar a um acordo.

No entanto, segundo o economista e prêmio Nobel Joseph Stiglitz, os países não sabem “como negociar” com os Estados Unidos porque “não há nenhuma teoria econômica por trás do que ele [Donald Trump] está fazendo”.

“É outro mundo”, comentou ele em entrevista ao programa independente Democracy Now!

A ofensiva tarifária também obriga a uma movimentação no cenário comercial. A UE anunciou que os 27 países-membros iniciarão negociações com os Emirados Árabes Unidos para um acordo de livre comércio. (AFP)