Criptomoedas
Trader de Sorocaba é investigado por acusações de golpe
Prejuízo total das pessoas que se dizem enganadas chegaria a R$ 10 milhões

Pessoas de diferentes regiões do País acusam um trader de criptomoedas de Sorocaba de aplicar golpes. Segundo as acusações, Mariano Augusto dos Santos Pontes, de 24 anos, teria atraído investidores com promessas de lucro, recebendo os valores diretamente em sua conta. Inicialmente, rendimentos menores eram repassados, o que ajudava a ganhar a confiança das vítimas. No entanto, ao receber quantias mais altas, ele teria alegado problemas e não devolvido o dinheiro. O prejuízo total chegaria a R$ 10 milhões. Ao Cruzeiro do Sul, o agente de investimentos relatou que as acusações são falsas. A Polícia Civil investiga o caso.
De acordo com Wellington Cripa, advogado que acompanha o caso por parte de algumas vítimas, foram instaurados 19 processos na esfera cível e três inquéritos estaduais contra Mariano. Além disso, há registros de mais de 20 boletins de ocorrência na Polícia Civil de diferentes Estados e cerca de 10 na Polícia Federal. Uma denúncia também foi encaminhada ao Ministério Público Federal (MPF).
Ainda segundo o advogado, o trader oferecia uma consultoria financeira e, a partir disso, buscava informações sobre os potenciais investidores. “Ele vende uma consultoria no valor de R$ 3 mil e fica pesquisando digital influencers. Ele se aproxima das pessoas prometendo ganhos exorbitantes com o investimento. Inclusive, muitas dessas pessoas têm contratos com ele, em que ele prevê em uma cláusula que não há perda. Diz que se houver perda, ele paga do próprio bolso”, afirma Cripa.
Conforme relatos de algumas vítimas, após conquistar a confiança dos investidores, ele passa a agir de maneira questionável. “Ele desviou de pessoas R$ 500 mil, R$ 700 mil, porém não investe, ninguém fica sabendo para onde foi o dinheiro, e quando ele é cobrado começa uma sessão de enrolar a pessoa”, relata o advogado.
Um morador de Sorocaba, que preferiu não se identificar, afirma ter conhecido Mariano por meio de conhecidos em comum. Ele conta que realizou transferências iniciais de valores menores, cerca de R$ 3 mil, e, após receber rendimentos, investiu em quantias mais altas. No total, o prejuízo chegou a quase R$ 14 mil. “O público-alvo, na maioria das vezes, é de igrejas. Ele frequenta cultos regularmente e consegue transmitir credibilidade”, destacou esse homem que não quis se identificar.
Outra moradora de Sorocaba afirma ter tido um prejuízo ainda maior. Segundo a mulher, Mariano convenceu ela e o esposo a investir, demonstrando supostos benefícios financeiros. O primeiro depósito foi de R$ 5 mil, mas o prejuízo total é de R$ 50 mil. “Sacamos R$ 2 mil e, a partir daí, ele passou a ligar diariamente para o meu marido, insistindo para que investíssemos mais. Acabamos depositando mais R$ 45 mil. Quando aplicamos os primeiros R$ 5 mil, ele disse que já haviam rendido R$ 10 mil, pois estavam investidos havia meses. O processo foi gradual. Levou cerca de sete meses até completarmos os R$ 50 mil perdidos”, lamentou.
As vítimas também relatam que Mariano leva uma vida de alto padrão, com viagens internacionais e ostentação, exibindo nas redes sociais voos de helicóptero e viagens para Dubai.
Por meio de mensagens de texto, Mariano disse que “as acusações são sensacionalistas e mentirosas”. Informou também que está realizando acordos e fazendo os pagamentos. “Não houve a intenção de estelionato e estou pagando meus clientes normalmente, inclusive, alguns já estão retirando (os BOs) porque viram que se precipitaram”. Sobre os relatos de pessoas que não tiveram o pagamento do que investiram, Mariano respondeu: “Sim, todas vão receber. Estamos contatando todos para assinar o acordo e receber os valores.”
Polícia
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) informou que a Polícia Civil investiga os casos registrados como estelionato. “Foram localizados 17 boletins de ocorrências relacionados aos fatos, nas cidades de Sorocaba, Ourinhos, Barueri, Campinas e Araras. Destes, houve representação criminal em sete casos e as autoridades policiais de cada região prosseguem com as diligências para esclarecer os fatos. Um dos inquéritos policiais de Campinas já foi relatado à Justiça em outubro de 2024. Com relação aos demais, as vítimas foram orientadas quanto ao prazo para oferecer a representação criminal, necessário de acordo com a lei, por se tratar de crime de ação penal condicionada. As autoridades policiais seguem à disposição das vítimas.”
O Ministério Público Federal (MPF) declarou que a denúncia foi protocolada em 19 de fevereiro. O caso seria distribuído a um procurador da República, para a análise preliminar dos fatos relatados e, a partir disso, serem definidos os próximos passos. Não há prazo estabelecido para o cumprimento dessa etapa.
A Polícia Federal informou que não se manifesta sobre investigações eventualmente em curso. (Da Redação)