Socialização
Centro de Apoio usa a arte como terapia
Pacientes desenvolvem a criatividade e vivem momentos de socialização durante as sessões

Todas as terças e quartas-feiras, os pacientes do Centro de Apoio Psicossocial (Caps) “Alegria de Viver”, localizado no Jardim Refúgio, região sul de Sorocaba, se reúnem na área externa do imóvel, próximo ao jardim, para a produção de arte. Na ocasião, eles realizam pinturas em telas, guardanapos, placas de MDF e em folhas canson. A prática, conhecida como arteterapia, auxilia no tratamento de transtornos mentais graves e persistentes.
“As pessoas que sofrem com um comprometimento mental têm muita dificuldade de falar sobre seus sentimentos. Na realidade, muitas vezes, nem elas entendem o que estão sentindo. E quando oferecemos a pintura e o artesanato, é outro jeito de elas se expressarem”, explica a arteterapeuta do “Alegria de Viver”, Camila Ricci Salomão, de 41 anos. “Portanto, as emoções que elas não conseguem colocar em palavras, são depositadas na tela e no papel”.
A profissional acompanha há três anos os acolhidos pelo Centro de Apoio durante as atividades artísticas. Com o passar dos encontros, também é possível identificar melhoras em outros aspectos, como o desenvolvimento da autonomia e coordenação motora. Além disso, é uma oportunidade para as pessoas estreitarem laços e fazerem amizades, o que contribui também para a socialização.
“Normalmente, quando os pacientes chegam ao Caps, não conseguem desenvolver a atividade sozinhos. Eles querem um desenho pronto só para pintarem, querem que a gente fale que cor que tem que usar. Porém, nós sempre estimulamos a criatividade e a liberdade”, relata Camila. “Com o passar do tempo, eles param de perguntar, decidem sozinhos e até mesmo trocam ideias com algum colega. É muito gratificante”, enfatiza Camila.
Um exemplo disso é Sérgio Aparecido de Oliveira, de 50 anos, que encontrou no Centro de Apoio acolhimento e novas amizades. Ao Cruzeiro do Sul, ele contou que frequenta o espaço desde a sua criação. “Eu sempre gostei muito do Caps, me ajudou muito. É bom para ocupar a mente, distrair um pouco. Além disso, aprendemos novas coisas aqui, como pintura”, conta.
João Carlos, de 63 anos, também foi um dos primeiros acolhidos do Caps. Após aproximadamente 20 anos participando das atividades propostas pelo centro, ele reconhece que as ações foram fundamentais para o seu desenvolvimento.
“Eu já estive internado em outros lugares, mas não era legal. Já aqui, é oferecido um tratamento integral. Os funcionários nos ajudam demais, desde as questões de medicação até mesmo nas atividades”, conta o paciente. “Além disso, a produção de artesanato é muito legal. Cheguei sem saber pintar e desenhar, hoje aprendo cada dia mais.”
A questão da estrutura emocional também é citada pela paciente Angela Aparecida Vieira de Siqueira, de 46 anos, que está na unidade há três anos. “Quando cheguei, eu não tinha estrutura nem para cuidar de mim, coisas básicas como o banho. Hoje, conseguir participar da produção de artesanato é uma alegria. A parte mais gratificante da atividade, para mim, é fazer amizades.”
Após o término das produções artísticas, os materiais são colocados nas paredes e estantes, como uma forma de exposição e de decoração do espaço.
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