Guerra Comercial
Xi diz que China ‘não tem medo’ de tarifas dos EUA
Gigante asiático elevou a taxação de produtos americanos para 125%

Em reunião realizada em Pequim, o presidente da China, Xi Jinping, e o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, destacaram a importância da cooperação com a Espanha em um momento de crescente tensão comercial global. O encontro com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, também serviu para reforçar a oposição das duas nações ao protecionismo e às tarifas impostas pelos Estados Unidos.
Xi Jinping afirmou que “não há vencedores em uma guerra tarifária” e que confrontar o mundo apenas levaria a “isolamento”.
O líder chinês destacou que “a China não tem medo de qualquer tipo de repressão injusta”, reiterando a confiança do país em sua capacidade de manter um desenvolvimento econômico sustentável, mesmo diante das adversidades externas. “Devemos trabalhar juntos para promover a paz e a prosperidade”, acrescentou Xi.
Xi ainda destacou que as tarifas dos EUA “prejudicam gravemente a ordem econômica e comercial internacional” e têm um impacto negativo significativo na economia global.
Os líderes também discutiram a ampliação da colaboração em áreas como cultura, educação, ciência e tecnologia, e turismo, com o objetivo de consolidar ainda mais os laços entre os dois países.
Nova elevação
A China anunciou ontem (11) que vai elevar sua tarifa retaliatória sobre importações dos EUA, de 84% para 125%. A nova tarifa entra em vigor hoje (12).
O governo chinês também sinalizou que não vai mais igualar eventuais novas elevações de tarifas pelos EUA, com o argumento de que as importações americanas não são mais comercializáveis nos níveis atuais.
“Mesmo que os EUA continuem impondo tarifas mais altas, isso não fará mais sentido econômico e se tornará uma piada na história da economia mundial”, diz comunicado da comissão de tarifas do Conselho Estatal chinês. “Se os EUA seguirem impondo tarifas a bens chineses exportados para os EUA, a China vai ignorar.”
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse ontem que está “otimista” sobre a possibilidade de chegar a um acordo comercial com a China, informou a Casa Branca, apesar da guerra tarifária entre as duas maiores economias do mundo.
“O presidente deixou muito claro que está aberto a um acordo com a China”, disse a porta-voz Karoline Leavitt aos repórteres. “Ele está otimista”, acrescentou.
Em uma mensagem em sua plataforma, Truth Social, Trump seguiu defendendo sua estratégia: “Estamos fazendo isso realmente bem”. “Muito emocionante para os Estados Unidos e o mundo”, escreveu.
Mas em um sinal da crescente preocupação dos investidores com a economia americana sob o governo Trump, o dólar caiu a um mínimo em três anos perante o euro.
Ipek Ozkardeskaya, analista do banco Swissquote, considerou que a magnitude das tarifas é tanta que não tem mais sentido.
“Na China está claro que agora estão dispostos a chegar tão longe quanto for necessário, já que renunciaram a ganhos a curto prazo em troca de um alívio a longo prazo.”
Alckmin
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, conversou ontem, em videoconferência, com o ministro do Comércio da China, Wang Wentao. Eles trataram da agenda econômica e comercial entre os países e “trocaram impressões sobre as alterações tarifárias em curso no cenário internacional”. (Estadão Conteúdo, AFP e Agência Brasil)