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Éric Diego Barioni

Zona de conforto e segurança

Um caminho para não se perder da zona de segurança, não ser deixado para trás, é a atualização e capacitação profissional

23 de Janeiro de 2024 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: REPRODUÇÃO / INTERNET)

Recordo-me bem: eu estava em uma reunião da Comissão de Ética no Conselho Regional de Biomedicina da 1ª Região (CRBM-1), quando, ao sair da sede do Conselho, antes de entrar no meu carro, já no final da tarde, aliás, estava uma tarde de clima bem agradável! Um clima que me remeteu a boas lembranças... enfim, procurei no YouTube, via celular, um divulgador de neurociência que sigo no Instagram e gosto muito das reflexões trazidas por ele em vídeos. Obviamente eu não iria assistir ao conteúdo, mas segui viagem ouvindo o áudio.

A viagem seria longa. Da sede do conselho em São Paulo ao local que resido em Sorocaba são poucos quilômetros de distância, porém o transito é sempre imperdoável e não proporcional aos poucos quilômetros que nos separam. Eu ainda não fazia ideia do impacto que aquele conteúdo traria para a minha vida, e lhe garanto: cheguei a Sorocaba extremamente incomodado.

O nosso dia a dia, repleto de tarefas -- seja no trabalho e/ou em casa -- nos aprofunda em um lugar de repetições, de certa previsibilidade e segurança. E isso não é ruim, obviamente, se utilizado e gerenciado da forma correta. Acho que todos e todas que leem esse texto, em algum momento da vida, já ouviram falar sobre zona de conforto. Eu já ouvi, e lhe digo: não foi durante a viagem.

A tal zona de conforto é um lugar onde não nos sentimos ameaçados, é um lugar onde sabemos que não há grandes desafios ou riscos, afinal de contas tudo já foi e está bem avaliado, é um lugar de conhecimento e domínio das coisas que podem acontecer. Eu já me vi várias vezes nesse lugar, seja na vida pessoal e profissional. E você, certamente, não é diferente de mim, também já se percebeu ali, é inevitável, é um lugar comum para todos e todas. Porém, o que esse lugar não pode ser para a gente é uma área de estagnação.

Enquanto o conforto de nosso mundo pessoal ou profissional nos abraça, o mundo e o mercado mudam, evoluem e nos deixam para trás. A zona de conforto, em parte, reflete certo domínio das coisas no lugar em que você está. Porém, você está acompanhando a evolução das coisas que estão para além da realidade que é limitada pelas suas tarefas diárias, seja na vida pessoal ou profissional? Ao ser dispensado de seu trabalho atual, você está seguro de que será desejado por outras empresas à luz das necessidades mais atuais daquela área, dada a evolução constate e inevitável desse nosso mundo?

O que se sobrepõe e se desloca constantemente da zona de conforto -- e eu particularmente não conhecia -- é a zona de segurança. Aliás, vários profissionais já falam sobre isso. A zona de segurança é um lugar que devemos habitar, porém que evolui a todo momento. É fácil ficar para trás e, ficando para trás, no conforto de nosso mundo, ao ser dispensado de uma empresa ou sair de um relacionamento ou indo buscar por novos horizontes, se perceber em um ambiente extremamente desconhecido, se perceber desatualizado e fora de contexto.

Crescer envolve desafios e riscos. É preciso ser estratégico, e um caminho para não se perder da zona de segurança, não ser deixado para trás, é a atualização e capacitação profissional. Hoje, isso é possível de muitas formas, seja via redes sociais com conteúdo gratuito e de qualidade ou utilizando livros e em cursos, palestras, simpósios, congressos etc. Crescer envolve um olhar não somente para a sua área de atuação, mas também para outras áreas do saber, do saber fazer e do ser.

Aquele conteúdo me deixou desconfortável porque passei a me questionar sobre o que eu estava fazendo para acompanhar a evolução do mundo e do saber? Fiquei inseguro, mas logo comecei a refletir e tomar consciência da minha realidade e do que eu precisava para buscar a minha zona de segurança. Não é fácil, envolve movimento, mas nesse nosso mundo, em se tratando de movimento, esqueça a velocidade, a constância é o mais importante.

Portanto, estabeleça novas conexões sinápticas saindo da mesmice, busque conhecimentos, seja estratégico, tenha uma agenda, aliás, organize-se. Trabalhe com metas de curto, médio e longo prazo, trabalhe com metas alcançáveis e siga aumentando esses desafios. Avalie bem os riscos e os benefícios. Seja constante. Evite a procrastinação. Acredite em você e se coloque em movimento, esse é o primeiro passo. Faça o seu melhor e utilize para isso as ferramentas que você possui naquele momento.

Éric Diego Barioni ([email protected]) é professor doutor na Uniso, conselheiro e presidente da Comissão de Toxicologia no Conselho Regional de Biomedicina da 1ª Região (CRBM-1)