Educação
Emoções se tornam uma jornada de descobertas na Educação Infantil
Reconhecer os próprios sentimentos permite que a criança desenvolva habilidades socioemocionais

A primeira infância é um período essencial para a construção da identidade da criança e para o desenvolvimento das suas interações, tanto internas quanto externas. É nessa fase que tem início a alfabetização emocional, um processo fundamental para que os pequenos aprendam a reconhecer, compreender e expressar seus sentimentos. Desde o nascimento, os bebês vivenciam emoções primárias, como alegria, tristeza, medo e raiva. Com o passar do tempo, com a mediação de pais e educadores, eles começam a nomear essas emoções e a expressá-las de maneira mais elaborada.
O desenvolvimento emocional na Educação Infantil desempenha um papel crucial no crescimento saudável das crianças. Criar um ambiente acolhedor, estimular a expressão verbal dos sentimentos, ensinar estratégias de autocontrole e utilizar atividades lúdicas são ações que contribuem significativamente para o bem-estar infantil e para seu sucesso em diferentes fases da vida.
No Colégio Politécnico de Sorocaba, mantido pela Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), a proposta pedagógica é voltada para um ambiente de aprendizado dinâmico, criativo e estimulante. As atividades são cuidadosamente planejadas para atender às características e necessidades de cada criança, especialmente na turma do Maternal II, pelas educadoras Sara Talita Camargo de Abreu e Asheley da Silva Barchechim, em que as emoções são trabalhadas de forma a auxiliar os pequenos a reconhecer, entender e expressar seus sentimentos de maneira positiva. Esse trabalho favorece seu crescimento emocional e social, preparando-os para interagir de forma mais saudável com o mundo ao seu redor.
Alfabetização emocional
Reconhecer as próprias emoções é o primeiro passo para que as crianças desenvolvam habilidades socioemocionais. Nomear o que sentem ajuda na construção de um vocabulário emocional, permitindo que expressem suas necessidades de forma mais clara e reduzam comportamentos, como birras e frustrações. Crianças que aprendem a lidar com seus sentimentos tendem a desenvolver maior empatia, resolver conflitos de maneira pacífica e estabelecer relações interpessoais mais equilibradas.
Como fazer?
Algumas estratégias ajudam no aprendizado. São elas:
Contação de histórias - Narrativas que exploram emoções ajudam as crianças a refletirem sobre sentimentos e experiências em um ambiente seguro;
Brincadeiras com a “Lata das Emoções” - Perguntar diariamente às crianças como elas estão se sentindo incentiva a reflexão sobre suas emoções;
Uso de fantoches e materiais visuais - Representações lúdicas favorecem a identificação e a expressão dos sentimentos;
Atividades manuais e expressivas - Confecções, desenhos e dramatizações permitem que as crianças expressem suas emoções de forma criativa.
Trabalhar a educação emocional desde a primeira infância é essencial para todas as fases da vida, pois ajuda as crianças a desenvolverem autoconfiança, resiliência e habilidades sociais. O objetivo desse trabalho no Maternal II é promover o desenvolvimento socioemocional, facilitando a socialização tanto no ambiente escolar quanto fora dele, além de estimular a capacidade de reconhecer e expressar emoções de maneira saudável.
“Em resumo, ensinar as crianças a lidarem com suas emoções desde cedo é um investimento para toda a vida. Por meio de atividades lúdicas, diálogos e acolhimento, elas aprendem a compreender melhor seus sentimentos e a interagir de forma mais positiva com o mundo. Ao integrar a educação emocional ao dia a dia escolar, estamos preparando crianças mais seguras, empáticas e preparadas para os desafios do futuro”, salienta a diretora do Politécnico, Luciane Durigan.
A jornada de descobertas no Poli
“Alice está passando por uma fase na qual ela está começando a entender e perceber os sentimentos. A escola contribui e desenvolve um papel importante para essa percepção e validação dos sentimentos por meio de atividades interativas, e uma delas que eu achei bem interessante e positiva, foi a caixinha de sentimentos elaborada pela professora Sara, que de forma resumida funcionou assim: todos os dias durante o semestre, as crianças chegavam à escola e diziam à professora como estavam se sentindo, tendo de classificar o sentimento escolhido e colocavam dentro da caixinha o papel com a resposta, assim somente no final do semestre foi entregue aos pais a caixinha. Com essa atividade, pudemos perceber como eles se sentiam assim que chegavam à escola, e com relação a minha filha Alice, observei que a maioria dos papéis estavam descritos o sentimento “feliz”, e isso me tranquilizou bastante, pois percebi que ela realmente gosta de ir à escola e o quanto está sendo bem cuidada por todos, além de essa atividade ajudar a Alice a nomear e classificar os sentimentos, como também demonstrá-los em atividades realizadas na escola e em casa”, conta Vanessa, mãe da aluna Alice Dutra, três anos.
“O Pedro é uma criança muito carinhosa e sensível, sempre incentivamos a demonstrar em palavras como está se sentindo. A chegada da escola trouxe insegurança para ele, pois era uma criança que até então ficava 100% do tempo em casa comigo e com meu esposo, nós trabalhamos em home Office. Nos primeiros dias de aula, tivemos a adaptação quando as professoras foram extremamente atenciosas e carinhosas com ele, gerando conexão, ouvimos dele, frases como ‘estou com medo, mas gosto da minha tia da escola’, o medo na verdade era a insegurança de frequentar a escola, de entender que iríamos voltar. Com ajuda do trabalho sobre as emoções, conseguimos vencer esse obstáculo. Houve também um momento em que ele tinha apenas uma amiga, por medo de ser rejeitado pelos outros, ou de não gostarem dele, também notamos grande diferença em pouco tempo, hoje ele fala que tem muitos amiguinhos e gosta muito de todos. Descobrir os sentimentos e nomeá-los é muito importante, e a escola tem um papel muito potente nessa etapa da vida do Pedro”, comenta Mariana, mãe do aluno Pedro Henrique Camargo Antunes, de três anos.
“Nós pais estamos aprendendo a ter uma sensibilidade de aprender os anseios básicos da criança nessa fase e a escola tem ajudado para que as crianças consigam distinguir e falar o que estão sentindo. O choro nessa fase é motivo de tudo (sono, fome, cansaço etc), com os ocorridos vamos observando e vendo o que é o que em cada momento. A escola tem ensinado que está tudo bem e ajudando que eles saibam se expressar de uma forma melhor”, Tânia e Paulo, pais da aluna Laura Sinfães Rydval Tonelli, três anos.
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