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De geração a geração

Expo Gengibre mostra o potencial de Tapiraí a partir desta quinta (6)

Cidade tem 45 produtores que comercializam 70% do alimento produzido na Ceagesp de Sorocaba

04 de Julho de 2023 às 23:01
Luis Felipe Pio [email protected]
Hélio Tiago sente orgulho por saber que o produto que sai do seu sítio vai para todo o País e para o exterior
Hélio Tiago sente orgulho por saber que o produto que sai do seu sítio vai para todo o País e para o exterior (Crédito: DIVULGAÇÃO / PREFEITURA DE TAPIRAÍ)

Tem ação anti-inflamatória, inibe resfriados, náuseas e acelera o metabolismo, o que pode contribuir para o emagrecimento. Isso é o que afirma a nutricionista e professora da Universidade de Sorocaba (Uniso), Márcia Sabadin Mendes de Moraes, sobre as propriedades do gengibre. De acordo com ela, a planta é um alimento funcional -- isto é, ele nutre e beneficia a saúde. Além disso, o gengibre também é usado como medicamento fitoterápico para tratar casos de cólica, gripe e enjoo, entre outros males.

Algumas pessoas, no entanto, precisam tomar cuidado ao ingerir o alimento, conforme diz a professora. “O gengibre é um alimento termogênico, ou seja, acelera o metabolismo, e isso pode causar aumento da pressão arterial. Então, o consumo não é indicado para hipertensos e cardíacos”, explica.

Por se tratar de uma planta herbácea, a parte comestível do gengibre nasce debaixo da terra, assim como uma raiz. É este caule subterrâneo da planta que é apreciado em diferentes regiões do Brasil. Embora o maior Estado produtor do País seja o Espírito Santo, uma cidade da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) se destaca no mercado: Tapiraí. O município distribui a planta tanto ao mercado interno quanto ao externo.

Não é à toa que Tapiraí promove todos os anos a tradicional Expo Gengibre. A cidade é responsável por 60% da produção dessa especiaria no Estado de São Paulo, o que equivale a 30% do gengibre plantado em todo território nacional. Conforme informações da Prefeitura, a cidade tem 45 produtores que comercializam 70% do alimento à Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). Já os 30% restantes são destinados à exportação.

Neste mês, entre os dias 6 e 9, no recinto de festas Matheus Ricciardi acontece a 18ª Expo Gengibre. O evento ocorre paralelamente à 38° Feira Agrícola e à 2° Feira Nacional do Gengibre (Fenagen).

Cultura tradicional

O produtor Fernando Vitor Fernandes, de 25 anos, administra uma lavoura de inhame e gengibre em Tapiraí. Ele conta que o ofício foi passado de geração em geração e já permeia a família há 30 anos. A produção na fazenda do jovem agricultor rende aproximadamente 15 mil caixas de gengibre -- de 15 quilos cada -- todo ano. Isso corresponde a cerca de 220 mil quilos anualmente.

Os cuidados com a terra e preparação do solo, segundo ele, começam sete meses antes do cultivo. Maquinas agrícolas e tratores executam o processo de gradear, subsolar e rotativar o solo em março, já que em setembro é a época ideal para o plantio. “Depois desse processo, que dura quase sete meses, é que plantamos. A colheita, porém, é feita só seis meses depois, lá por março e abril”, diz.

Hélio Tiago de Oliveira, 35 anos, também é produtor em Tapiraí. Ele planta inhame e abobrinha, além de beringela e outros alimentos. O carro-chefe de sua produção, porém, é o gengibre. Três mil caixas do alimento, pesando 22 quilos cada, saem do sítio de Oliveira todo ano, em direção aos mercados, fábricas e mesas de famílias tanto brasileiras quanto estrangeiras. “Saber que eu moro em uma cidade do interior de São Paulo e que o meu produto vai não só para todo o Brasil mas também para vários outros países é muito interessante. Me orgulho quando penso nisso”, conta.

Além de ser utilizado para fazer quentão -- bebida apreciada tradicionalmente em festas juninas --, o gengibre é o ingrediente que garante o sabor único de vários pratos. Para a aposentada Maria Cristina Marciano Nakiri, de 64 anos, o frango com gengibre é o mais popular de Tapiraí.

Há oito anos dona Maria trabalha confeccionando diferentes produtos, como geleias, conservas, biscoitos e balas, entre outros, todos utilizando gengibre. Mensalmente, dona Maria usa de 10 a 12 quilos do rizoma para fazer as receitas. “Eu adoro. Não só trabalho com isso como eu e meu marido fazemos chá de gengibre toda noite. Faz muito bem para a saúde” comenta. (Luís Felipe Pio - programa de estágio)