Há 25 anos, os brasileiros conheciam e mergulhavam pela primeira vez em um universo mágico pelas páginas de “Harry Potter e a Pedra Filosofal”. Escrito pelas mãos da inglesa Joanne Kathleen Rowling (J. K. Rowling), o livro, que dá início à saga, chegou ao País em abril de 2000, pela editora Rocco. Em meio a feitiços, poções e retratos que falam, o romance infantojuvenil conquistou, e ainda conquista, fãs de diversas gerações.

Após a publicação do livro, não demorou muito para que o sucesso literário fosse adaptado para as telonas dos cinemas, em julho de 2001. O analista de operações Lucas Leandro Xavier, de 31 anos, ainda se lembra do enorme pôster que a locadora, localizada até então na rua de sua casa, colocou para anunciar o filme. Na época, não existia cinema em sua cidade, portanto, foram seis meses de espera até conseguir comprar a fita VHS.

“Foi ali que nasceu minha relação com Harry Potter, nessa espera. Eu via o pôster do bruxinho adolescente e a minha expectativa crescia. Até o lançamento do filme na locadora, acompanhava as informações sobre a saga em jornais, revistas e programas na televisão”, recorda Lucas. “Quando finalmente assisti, foi paixão à primeira vista. Fiquei encantado com aquele mundo.”

Emoções

Até hoje, Lucas guarda a fita VHS de “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, bem como as emoções que sentiu ao assistir ao longa pela primeira vez. As cenas dos alunos chegando ao Castelo de Hogwarts e ao Salão Principal ainda o emocionam. Porém, somente o filme não foi o suficiente. Quando os créditos subiram, ele estava imerso naquele mundo e queria saber mais.

“Nesse momento, conheci os livros por meio de um amigo meu. Até “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”, o terceiro da saga, eu assisti aos filmes antes de ler os livros. Porém, os demais, adquiri o hábito de ler antes de ir ao cinema”, relata Lucas. “Eu lembro que, normalmente, demorava um a dois anos entre um lançamento e outro. Parecia que virava a década, mas não estreava o próximo filme logo”.

Nos cinemas, as estreias sempre aconteciam às 14h, no horário de Brasília. Era mundial, naquele

momento, o filme era projetado nas telonas do mundo inteiro. O analista de operações se recorda de ir caracterizado em todas, com o livro em mãos, pois mesmo no escuro do cinema queria comparar as cenas.

“Acredito que o desenvolvimento, não somente dos protagonistas, mas de todo o universo, foi o que mais me cativou. Além disso, me encantava como a saga mesclava a fantasia com o mundo real. Isso me trazia uma esperança, inclusive, de receber a minha carta de Hogwarts”, conta Lucas com um sorriso.

Para além de um amor de fã, a história também transformou o hábito de leitura. O que antes era um

grande desafio, principalmente se tratando dos livros didáticos da escola, se tornou mais fácil e prazeroso após ler Harry Potter. De acordo com Lucas, a saga abriu seus olhos para outras obras literárias.

Para além das páginas

Muito mais que feitiços e poções, os livros ensinam lições valiosas para seus fãs. Assim como Lucas, a editora de vídeos Jessica Toffoli Jandotti, de 36 anos, também se apaixonou pelo universo de Harry Potter após assistir ao primeiro filme nos cinemas, em 2001. Na ânsia de querer saber mais sobre aquele mundo mágico, ela se aventurou nas obras literárias.

“Naquela época, os livros eram muito caros e minha família não tinha muitas condições. Como meu aniversário é em 6 de janeiro, comecei a ganhar os exemplares de presente, junto com o Natal”, lembra Jessica. “Digo que, como mágica, Harry Potter abriu as portas da leitura para mim.”

Além do hábito da leitura, Jéssica se tornou uma pessoa mais criativa e, inclusive, aprendeu inglês assistindo aos filmes da série. Aos 14 anos, com a ajuda de uma vizinha fluente no idioma, ela enviou uma carta para cada um dos atores principais. Daniel Radcliffe e Emma Watson, que deram vida a Harry Potter e Hermione Granger, respectivamente, responderam com uma foto autografada por eles. A editora de vídeo define esse dia como o mais feliz de sua vida.

Jéssica ainda tem símbolos do universo de Harry Potter tatuados pelo seu corpo, como o Castelo de Hogwarts e o feitiço “Expecto Patrono”, utilizado para espantar os “dementadores”. Para ela, que trata a depressão, essa magia tem um significado especial.

“Eu faço o tratamento há muitos anos e penso nos dementadores como a minha doença. Portanto, quando estou mal, preciso pensar em uma lembrança feliz para poder tirar de mim esse sentimento de tristeza, que é exatamente o sentimento que os dementadores causam”, explica a fã.

Desta forma, mesmo após 24 anos, a saga ainda faz parte de sua vida, seja em lembranças felizes ou revendo os filmes e os livros. “É gostoso pensar que sou assim hoje porque a Jéssica do passado escolheu ler Harry Potter”, finaliza.

Nova geração

A saga terminou, após oito filmes, em julho de 2011, com a estreia nos cinemas de “Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2”. Quanto aos livros, o último foi publicado em julho de 2007. No entanto, mesmo após o fim, o universo continuou encantando e conquistando os fãs.

Um exemplo é a estudante Luísa Rodrigues Diniz, de 10 anos, que conheceu a história do bruxinho em 2015, quando ganhou o livro “Harry Potter e a Pedra Filosofal”. O exemplar foi um presente de sua prima. Aos poucos, ela desenvolveu uma paixão pela saga, que a acompanha até hoje.

“O que mais me cativou foi querer saber se conseguiriam sobreviver no final. Além de melhorar o meu hábito de leitura, a saga me ajudou a fazer mais amigos, tanto virtuais quanto presenciais”, conta Luísa. “Apesar das polêmicas envolvendo a autora, tenho uma relação de muito carinho com Harry Potter até hoje.”