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Reunião servirá para ‘alinhar o discurso’ do novo ministério
A ideia é conter desencontros entre ministros para que evitem anunciar publicamente uma ação antes de ter a aprovação do Palácio
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai usar a primeira reunião ministerial do novo governo para chamar a atenção dos ministros. O petista pretende alinhar o discurso oficial da cúpula da administração federal e fazer um “freio de arrumação”. A ideia é conter desencontros e atropelos entre ministros para que evitem anunciar publicamente uma ação antes de ter a aprovação do Palácio do Planalto.
O encontro com os ministros já estava previsto. Será realizado nesta sexta-feira (6) pela manhã, no Palácio do Planalto. Mas, diante de declarações em linhas divergentes, que provocaram “ruídos”, a intenção é aproveitar a reunião para dar orientações sobre a organização do fluxo de decisão do governo.
“O presidente já marcou a primeira reunião ministerial, para, inclusive, organizar e reafirmar, e ele acabou de me dizer, qualquer proposta só será encaminhada, evidente, depois da aprovação do presidente da República”, disse Rui Costa, titular da Casa Civil. “E qualquer proposta, ele vai dizer isso na reunião, passará necessariamente pela Casa Civil antes de sua análise.”
Em três dias de governo, foram pelo menos três recuos da gestão petista. Após o novo ministro da Previdência, Carlos Lupi, afirmar na terça-feira (3) que deseja discutir o que chamou de “antirreforma da Previdência” -- em referência às mudanças aprovadas em 2019 no primeiro ano do governo Jair Bolsonaro --, Costa afirmou ontem que “não há nenhuma proposta sendo analisada ou pensada” em relação às exigências de aposentadorias e pensões
Costa se esquivou de comentar o teor das declarações de Lupi, mas deu a entender que o colega de governo teria se empolgado demais. Segundo ele, era necessário vir a público para “tranquilizar”. “Todo mundo tem direito à opinião, mas neste momento não há nenhuma proposta. As energias estão lá em cima, é um momento de posse, de alegria e de entusiasmo”, disse Costa.
A ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), tentou minimizar a repercussão negativa das falas de Lupi e os atritos gerados entre a Previdência e a Casa Civil. “Acho que foi mais uma forma de expressão do ministro da Previdência, no sentido de estar avaliando algum item ou outro, mas repito que foi uma posição pessoal do ministro Lupi. Na sexta-feira, nós vamos ter essa resposta na reunião ministerial”, disse. (Estadão Conteúdo)