A importância do desenvolvimento das competênciassocioemocionais na Educação Infantil
Artigo escrito por Amanda Caroline Bueno e Denise Lemos Gomes Luz
Durante a Educação Infantil, a criança experimenta diversas situações que a possibilita processar informações e conceitos que se transformam, depois, em conhecimento. Brincar, correr, saltar, falar, quantificar e pensar são alguns dos verbos que caracterizam parte da aprendizagem infantil. Nessa etapa do desenvolvimento da criança, o professor tem papel importante que vai além de transmitir conhecimento, mas envolve, também, orientar, motivar e participar das atividades como um agente auxiliador.
Em entrevista ao canal “Futura”, Tonia Casarin, mestra em Educação e professora da PUC-Rio, descreve que “as competências socioemocionais incluem a capacidade que cada um tem de lidar com suas próprias emoções, desenvolver autoconhecimento, relacionar-se com o outro, ser capaz de colaborar, mediar conflitos e solucionar problemas. Elas são utilizadas no cotidiano de forma sistemática e integram todo o processo de formação de uma pessoa como um ser integral: indivíduo, profissional e cidadão.”
É importante destacar que essas competências são diferentes dos conteúdos curriculares a serem desenvolvidos na escola. Tratam-se de capacidades que não têm caráter avaliativo, mas são importantes para a relação do ser humano entre seus pares e, devido a isso, precisam ser amplamente trabalhadas pelos professores.
Ao longo da Educação Infantil, o professor deve proporcionar um ambiente favorável para o desenvolvimento de capacidades físicas, cognitivas e sociais. A partir dos três anos, a criança passa a interagir cada vez mais com o outro, o que resulta em conflitos, que, na maioria das vezes, são mediados pelo professor. Logo, os conflitos, que perpassam pelo âmbito social, são essenciais para a formação do sujeito. Ao abordar habilidades socioemocionais, o conflito é um momento de extrema riqueza para o professor, que deve ajudar o aluno a reconhecer os sentimentos, afirmá-los e, a partir disso, trabalhar as questões levantadas pela situação, auxiliando as crianças a se expressarem, incentivando-as a ter o conhecimento da própria emoção. Essa ação contribui para a construção do autoconhecimento e para o olhar para o outro.
A coordenadora da Associação pela Saúde Emocional das Crianças (Asec) de Santa Catarina, Rosane Voltolini, descreve as competências socioemocionais em três áreas: lidar consigo mesmo (autopercepção, autoestima e resiliência); lidar com os outros (comunicação, relacionamento); lidar com desafios (criar estratégias, escolha socialmente responsável). Essas áreas revelam a importância de haver uma preocupação com a educação emocional na Educação Infantil, visto que tal momento é crucial e irá refletir em toda a vida adulta. O objetivo é que os professores da Educação Infantil tenham em mente a importância de trabalharem essas habilidades, que devem ser reforçadas ao longo de toda a educação básica. Muitos psicólogos estão de acordo quando reconhecem que a escola é uma importante aliada para combater as carências enfrentadas pelas crianças no âmbito afetivo, algumas delas, inclusive, com histórico de violência. Ensiná-las a lidar com suas emoções é fundamental para que possam crescer adultos melhores.
Portanto, as competências socioemocionais devem ser apresentadas aos professores, principalmente da educação infantil, para que esses possam embasar suas práticas pedagógicas e proporcionar um alicerce sólido em sentido social e emocional para as crianças, com o objetivo de desenvolver tais habilidades. Em uma era tecnológica, pensar na saúde mental de crianças, que serão o futuro da sociedade, é fundamental para uma sociedade saudável.
Amanda Caroline Bueno, formada em Pedagogia, atuando na Educação Infantil e Ensino Fundamental I.
Professora Denise Lemos Gomes Luz ([email protected]), doutora em Educação, supervisora de Ensino do Estado de São Paulo aposentada, coordenadora do curso de Pedagogia da Uniso.