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Editorial

Indústria soma 5 meses sem crescimento

02 de Abril de 2025 às 21:30
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Dois números referentes à indústria brasileira, divulgados ontem (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), precisam ser analisados com muito critério, pois são importantes indicadores de uma situação nacional que demanda ações governamentais para o bem do País, de forma geral.

Pois bem. Dados da Pesquisa Industrial Mensal, feita pelos técnicos do IBGE, mostram que a produção da indústria brasileira recuou 0,1% de janeiro para fevereiro. E, agora, o mais preocupante: a indústria atingiu a marca de cinco meses seguidos sem crescimento, período em que soma perda de 1,3%.

A primeira informação sobre o recuo de 0,1% na produção industrial de janeiro para fevereiro mostra, na verdade, que houve uma certa estabilidade. Em janeiro, a produção industrial tinha apresentado variação nula (0%).

O que precisa ser trabalhado, no sentido de reverter a situação, é essa condição de falta de crescimento durante, ao menos, 150 dias. O último mês com crescimento foi setembro de 2024 (0,9%). De outubro a dezembro de 2024, foram três meses de queda, assim como os dois primeiros meses de 2025. O período de cinco meses sem crescimento anotado em fevereiro é o mais longo desde 2015.

Dos 25 ramos pesquisados pelo IBGE, 14 tiveram queda na produção na passagem de janeiro para fevereiro de 2025. Conforme mostra a pesquisa, a falta de crescimento recente é explicada, em grande parte, pela trajetória crescente da taxa de juros no País, pela desvalorização do real ante o dólar e pela inflação alta. Mas, fica claro que esse recuo também tem relação com a redução de níveis de confiança de famílias, empresários e do mercado financeiro.

No caso dos juros, a política monetária adotada pelo Banco Central para tentar conter a inflação acaba por encarecer o crédito, já que na tentativa de esfriar a demanda de consumo, acaba desestimulando investimentos.

Em relação ao dólar, a valorização da moeda americana faz produtos como máquinas e equipamentos importados ficarem mais caros. Já a inflação alta, principalmente nos preços dos alimentos, impacta de forma direta a renda disponível das famílias. Essa “roda” está “girando” dessa forma já há alguns meses, sem que o governo, inerte, consiga reverter essa situação, ao mesmo tempo que não consegue segurar os gastos. Dessa forma, a cadeia econômica — que passa essencialmente pela produção e consumo — não suporta a pressão.

O setor que mais influenciou na queda de janeiro para fevereiro foi o de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-12,3%). Outros destaques negativos apontados pela pesquisa são: máquinas e equipamentos (-2,7%); produtos de madeira (-8,6%); produtos diversos  (-5,9%); veículos automotores, reboques e carrocerias (-0,7%); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-1,4%); equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-1,5%); e móveis (-2,1%).

Para compensar, 11 atividades apresentaram alta na produção, entre elas as indústrias extrativas (2,7%); produtos alimentícios (1,7%); produtos químicos (2,1%); celulose, papel e produtos de papel (1,8%); produtos de borracha e de material plástico (1,2%); e outros equipamentos de transporte (2,2%).

Em relação às grandes categorias econômicas, ainda na comparação com janeiro, os setores de bens de consumo duráveis (-3,2%) e bens de consumo semi e não duráveis (-0,8%) apresentaram as taxas negativas. Já os setores de bens de capital (0,8%) e bens intermediários (0,8%) alcançaram resultados positivos.

Fato é que parece que o governo Lula “patina” na questão econômica. A alta de preços de produtos básicos ao consumidor e agora os números da produção industrial, associados aos gastos sem controle, refletem na real situação do País e de seu governante principal. Não à toa, a Pesquisa Genial/Quaest divulgada ontem (2) mostra que a reprovação do governo Lula voltou a subir e atingiu o pior patamar desde o início da gestão em janeiro de 2023. O índice de desaprovação, que era de 49% em janeiro, passou para 56% no mês de março. E o que chama a atenção é que a aprovação de Lula atingiu o pior índice na região nordeste, importante reduto petista que foi essencial para a vitória de Lula na eleição de 2022.