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Em 12 anos, urbanização da Região Administrativa cresce 3,2%, aponta Seade

21 de Março de 2025 às 21:30
Dos 79 municípios que compõem a região, Sorocaba é a mais urbanizada, com um índice de 99,3%, seguida de Salto, com 98,8%
Dos 79 municípios que compõem a região, Sorocaba é a mais urbanizada, com um índice de 99,3%, seguida de Salto, com 98,8% (Crédito: Arquivo JCS/Fábio Rogério (22/03/2023))

Em 12 anos, contando de 2010 a 2022, o grau de urbanização da Região Administrativa de Sorocaba cresceu 3,2%, de acordo com o levantamento da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). O resultado é o segundo maior do Estado de São Paulo, ficando atrás somente da Região de Registro, que cresceu 3,7%. Dos 79 municípios que compõem a região, Sorocaba é a mais urbanizada, com um índice de 99,3%, seguida de Salto, com 98,8%.

Conforme o professor Tiago da Guia Oliveira, especialista em planejamento urbano e habitação social, ambas as cidades se destacam por suas características industriais e de novas tecnologias. Além disso, especificamente em Sorocaba, existe o crescimento substancial de empresas e geração de empregos, gerando um efeito urbano em cascata.

“Pois, se as oportunidades de emprego ampliam, consequentemente, o fluxo migratório também. Portanto, aquece o mercado imobiliário ao gerar maior demanda por moradias e áreas urbanas. Desta forma, locais que estavam ociosos, são parcelados, loteados ou verticalizados”, explica o docente.

Neste cenário, a área rural está perdendo cada vez mais espaço devido ao crescimento urbano. Ainda conforme os dados da Fundação Seade, somente 0,7% do território sorocabano é rural. Esse assunto gera discussões entre a população e o Poder Público, principalmente em épocas de debate e elaboração do Plano Diretor.

Para Tiago da Guia, a redução dessas áreas, salvo em algumas exceções, não afeta a relação produtiva da cidade, uma vez que Sorocaba não possui um perfil rural, como Pilar do Sul, São Miguel Arcanjo e Piedade. Diante disso, o professor acredita que incentivar a urbanização e fiscalização nesses eixos de irregularidade construtiva é benéfico para o ordenamento territorial sustentável, além da preservação ambiental.

“Como sempre destaco em minhas aulas e palestras, de nada adianta pintar o mapa de verde para inibir desmatamento ou definir como zona rural para incentivo de produção se não houver um diagnóstico preciso e realista das vocações regionais, trajetórias urbanas ao longo do tempo e fluxo de adensamento”, aponta o docente.

Desta forma, ele define que o planejamento urbano é uma disciplina tão complexa quanto a estrutura biológica do sistema nervoso central. Parametrizações de infraestrutura de saneamento, integração intermodal, habitação social, corredores de biodiversidade, resgate e preservação cultural e patrimonial e o incentivo à geração de emprego e renda são apenas alguns dos aspectos gerais que devem ser contemplados no projeto.

“Faço essa metáfora, pois assim como as sinapses e as pontes de ligação dos neurônios que levam os impulsos elétricos, as cidades se consolidam como uma estrutura de articulações multidisciplinares”, retrata o professor.

E para os próximos anos?

Para os próximos anos, um crescimento populacional ainda maior em Sorocaba é esperado. No entanto, Tiago da Guia destaca que crescer é diferente de se desenvolver. “O crescer em adensamento populacional exige uma série de políticas públicas de médio a longo prazo, seja na ordem da mobilidade urbana ou da habitação, da preservação ambiental ou da capacidade de suporte do saneamento, da preservação arquitetônica aos edifícios contemporâneos”, ressalta.

Ele acrescenta que “desta forma, o que deve estar em pauta, mas pouco se discute, são ações integradas de planejamento urbano que reverberem no futuro e não no tempo político”.