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Sorocaba, Domingo, 23 de Março de 2025

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Patrimônio

Obras de restauro do Mosteiro de São Bento seguem paradas

Atualmente é possível notar partes da parede da fachada sem reboco e um tapume cercando o imóvel considerado patrimônio histórico e cultural de Sorocaba

21 de Março de 2025 às 21:30
Imóvel localizado na região central é tombado pelo Condephaat e pela Prefeitura de Sorocaba
Imóvel localizado na região central é tombado pelo Condephaat e pela Prefeitura de Sorocaba (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO)

O Mosteiro de São Bento de Sorocaba, localizado no Largo do São Bento, Centro, fixou uma faixa na sede do imóvel com a seguinte frase: “Mosteiro de São Bento investindo nos projetos para o futuro restauro deste patrimônio”. No entanto, o que se nota é que as obras, interrompidas há mais de quatro anos, continuam paradas.

Os reparos mais recentes foram executados em 2020. Na ocasião, foram concluídos os trabalhos na Igreja de Sant’Ana, viabilizados com o apoio da Associação Amigos do São Bento que auxiliou na captação de recursos por meio de leis de incentivo fiscal. A entidade também participou da recuperação do telhado do prédio.

Atualmente, é possível notar partes da parede da fachada do mosteiro sem reboco e um grande tapume cercando o local. Considerado um importante patrimônio histórico e cultural de Sorocaba, o imóvel é tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) e pela Prefeitura de Sorocaba.

O Cruzeiro do Sul procurou o Mosteiro de São Bento de São Paulo, responsável pelo Mosteiro de São Bento de Sorocaba, para buscar mais informações sobre a faixa. Questionou a respeito da liberação de recursos e quando as obras devem ser retomadas. Contudo, não houve o retorno até a publicação desta matéria. Ainda assim, o jornal segue à disposição daqueles que queiram esclarecer o assunto.

A Prefeitura de Sorocaba, por sua vez, alega que está agendada, para a próxima semana, uma reunião com os membros do Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico, Turístico e Paisagístico (CMDP) para alinhamento e atualização do processo de restauro. “A Divisão de Patrimônio Cultural e Histórico da Secretaria de Cultura e o CMDP seguem fiscalizando as obras”, acrescenta.

Berço da cidade

O Mosteiro de São Bento de Sorocaba foi fundado em 1660 pelos monges beneditinos de Santana de Parnaíba, após o bandeirante Baltazar Fernandes doar a área. O patrimônio é conhecido como o “Berço de Sorocaba”, pois toda a cidade foi construída ao seu entorno, ou seja, um marco histórico. “Trata-se de um dos poucos exemplares de edificação monástica ainda com características originais em todo mundo com presença ininterrupta de monges beneditinos”, traz um documento da Associação Amigos do São Bento. “O Mosteiro de São Bento é um exemplar raro de construção do século 17 que, em nome do progresso, não veio abaixo.”

Já a entidade foi criada quando o monge Dom José Carlos Camorim Gatti foi transferido do Mosteiro de São Paulo para Sorocaba. O objetivo era que ele cuidasse pessoalmente das obras de restauração do prédio. Com dificuldades para angariar fundos, o monge reuniu 27 membros da sociedade sorocabana, todos voluntários, para criar uma associação que envolvesse a população no restauro. Foi assim que, em 3 de dezembro de 2003, nasceu a Associação Amigos do São Bento.

Quatro anos depois de sua fundação, a entidade foi declarada de utilidade pública. Conforme explica a Associação, Dom José Camorim Gatti foi o primeiro presidente, sendo reconduzido ao cargo nas assembleias ordinárias até 2016, quando foi transferido para o Mosteiro de São Paulo, onde permaneceu no cargo. Em 2017, Dom Rocco Fraioli foi designado para cuidar do restauro.

Intervenções

Em entrevista concedida em setembro de 2022, Dom Rocco explicou que a restauração foi dividida em partes e não foi concluída por falta de recursos financeiros. Ele declarou que, a princípio, foi realizada uma intervenção emergencial no prédio. Os telhados com vazamento foram reparados e o local passou por uma descupinização. Após essa etapa, os recursos foram concentrados na Igreja de Sant’Ana que, atualmente, está aberta à população.

Naquela ocasião, Dom Rocco disse ainda que, para finalizar toda a reforma, faltavam alguns reparos na parte elétrica, hidráulica, além da recuperação de lugares que estavam mais danificados. Porém, essa parte da restauração só seria realizada quando fosse arrecadado o valor necessário naquela época — cerca de R$ 900 mil. O dinheiro, então, seria empregado na recuperação da fachada do prédio e na conclusão de todos os trabalhos.

Em outubro de 2024, o advogado Lucas Gandolfe, então vice-presidente da diretoria da Associação, destacou, igualmente, que o problema para continuar com a restauração era a falta de recursos. Atualmente, a entidade segue ativa, com uma diretoria formada. No entanto, segundo o atual presidente Luís Antônio Lara, em 2023 o Mosteiro de São Bento de São Paulo afastou, por questões internas, a associação do restauro.

Ainda assim, a entidade reforça o compromisso que tem com o mosteiro e afirma estar à disposição para auxiliar no processo. “Espero que toda a sociedade se una para restaurar esse patrimônio que não é só religioso, mas cultural. Nós torcemos para isso, pela restauração desse patrimônio que é o maior da cidade”, conclui Luís Antônio.